45 anos do segundo título mundial de Éder Jofre

No dia 5 de maio de 1973, Éder Jofre sagrou-se novamente campeão mundial de boxe. No Ginásio de Esportes de Brasília, o pugilista brasileiro venceu o espanhol José Legra, por contagem de pontos, e levantou o cinturão da categoria peso pena do Conselho Mundial de Boxe.

O “Galo de Ouro” já havia conquistado o mundo anteriormente, em 1960, pela Associação Mundial de Boxe, onde justamente ganhara esse apelido, quando lutava entre os pesos galo. Éder manteve o cinturão como o melhor pugilista da categoria até 1965, quando em um julgamento extremamente controvertido, perdeu a disputa contra Masahiko “Fighting” Harada.

Desgostoso com a decisão, Eder abandonou os ringues em 1966, mas só conseguiu se manter afastado dos tablados por três anos. O tempo em que esteve ausente refletiu na condição física do são-paulino, que regressou em nova categoria, cujo o limite era de 57,153 quilos. Foram necessários quase quatro anos, mas vencendo luta após luta, Eder chegou novamente à condição de disputar o título mundial.

Com quase vinte anos de carreira (o boxeador estreou como amador, usando o escudo do Tricolor, em 15 de março de 1953) e 37 de idade, Eder Jofre superou o descrédito que os especialistas da época tinham acerca do desempenho e das chances do pugilista na contenda.  João Saldanha, inclusive, teria dito que o “Galo de Ouro” já estava muito velho para o boxe, poucos dias antes da luta que selou a segunda grande vitória do Brasil no esporte.

A luta, em si, foi um verdadeiro espetáculo, tendo batido o recorde de público em eventos no Distrito Federal até então, com lotação esgotada. Não houve transmissão ao vivo por televisão – A TV Brasília somente exibiu o VT da disputa no dia seguinte, com mais ênfase que a decisão do campeonato carioca –, mas a imprensa, brasileira e mundial, cobriu os passos de Jofre e Legra por uma semana antes do combate. Não haviam mais vagas em hotéis, porém no aeroporto e terminais rodoviários a movimentação era amplamente de torcedores. A cidade parou para ver o confronto.

Foram necessários 15 assaltos para que Éder vestisse novamente o cinturão de campeão do mundo. O combate foi duro, o cubano naturalizado espanhol, Legra, aplicou muitos golpes, certamente mais golpes que o atleta são-paulino (que chegou a cair ao chão, no terceiro round), mas sem qualidade técnica e pontaria suficiente para desequilibrar o jogo de Jofre, que venceu por pontos: 143 a 141.

“A atuação de Eder foi perfeita, sendo considerada por todos os presentes ao Ginásio de Esportes como altamente técnica, explorando todas as falhas do adversário.”. Reportou o “Correio Brasiliense” do dia seguinte à luta. Em verdade, ela poderia ter acabado por nocaute no quarto assalto, quando Éder acertou uma série de “hooks” no fígado e no baço do adversário, que, para escapar, teve que empurrar o brasileiro, até mesmo com cotoveladas.

Até mesmo o juiz espanhol Sanchez Villar reconheceu as falhas de Legra, tirando pontos do compatriota por cabeçadas e empurrões. Para o árbitro, o confronto foi 143 a 143. Mas os outros dois jurados deram vitória ao são-paulino. Newton Campos, brasileiro, marcou 148 a 143, enquanto que o juiz neutro, o norte-americano Jay Edson, contabilizou 146 a 141 pontos.

“Éder deu outra demonstração de sua fibra. Ninguém esperava que ele aguentasse quinze assaltos. Todos queriam ver o ex-campeão mundial dos galos partindo para cima do espanhol logo nos primeiros assaltos. O que ninguém tinha ideia é que Éder continuaria lutando com a mesma técnica e o mesmo vigor físico até o fim. O mais importante: em nenhum momento da luta ele se desesperou. Sabia que estava bem preparado e confiava no seu boxe. O azar de Legra é que ele não esperava que aquele a quem chamou de velho, de acabado para o boxe, estava ali, à sua frente, como um pugilista ressuscitado”. Foram as marcantes palavras de Edson Scatamachia na “Folha de S. Paulo”, do dia posterior ao confronto, que resumiram o desempenho do eterno Galo de Ouro do Tricolor na conquista de seu segundo título mundial de boxe, há 45 anos.

 

Fonte: Site Oficial

 

Nota do PP: hoje transmitiremos, ao vivo, a entrevista de Diego Aguirre, após o jogo no Morumbi. Se inscreve em nosso canal clicando aqui. 

 

3 comentários em “45 anos do segundo título mundial de Éder Jofre

  1. Bons tempos, lembro-me quando criança da derrota para o Harada, pena o São Paulo não investir mais nos esportes dito amadores poderíamos ser um centro de excelência, não seria necessário ser diversas modalidades mas sim investir em uma ou duas que nos desse referência.

    • Outro ganhador Jose Joao da Silva
      duas vezes ganhou a Sao Silvestre nos anos 80.
      Um dia fui visitar o Morumbi, nessa epoca e ele treinava
      ali, tinha comprado um bone do Sp e pedi o autrografo, na hora
      ele assinou. Fiquei fiquei feliz, junto com minha filha pequena.

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