15 anos de amizade e histórias: Souza e Kardec se reencontram no Tricolor

Dizem que quando alguém é seu amigo, você pode contar com ele em todos os momentos. E, na amizade entre o atacanteAlan Kardec e o volante Souza, do São Paulo, isso vale até para comer macarrão com leite condensado e passar uma noite juntos em um motel. Parece estranho, mas são histórias dos 15 anos de parceria entre os dois, que agora voltaram a se encontrar no Tricolor.

Eles se conheceram nas categorias de base do Vasco da Gama, em 2000. Moraram juntos na concentração do clube carioca, subiram ao profissional, atuaram em Portugal na mesma época, foram para a Seleção sub-20… Nunca perderam o contato. Pelo contrário. Hoje, dividem o quarto na concentração do São Paulo. E em tanto tempo de amizade, não faltam momentos marcantes vividos pelos dois.

Como a noite na qual dividiram um quarto em um motel, quando tinham 17 anos (veja no vídeo acima). Após uma festa no Rio, não poderiam voltar para a concentração do Vasco, os outros amigos com casa na região não atendiam o telefone e não havia hotel disponível. A solução foi a encontrada pelo taxista, embora não tenha agradado muito a dupla.

– O taxista disse que só tinha motel. Falei que não ia de jeito nenhum, tá louco? Mas não tinha solução. Tinha um casal no elevador quando entramos, olharam para nós de cima a baixo. Dois homens daquele tamanho entrando no motel (risos). Estavam olhando torto para nós (risos). Contamos isso até hoje, tínhamos 17 anos, foi muito engraçado – brincou Souza.

Souza e Kardec São Paulo (Foto: Fabricio Crepaldi)Amigos desde as categorias de base do Vasco, Souza e Kardec se reencontram no São Paulo  (Foto: Fabricio Crepaldi)

– Dois homens grandes dormindo, olhando pra cima e se vendo no espelho do teto, não dá, né? Colocamos várias almofadas no meio, eu falei “Você fica de frente para lá, eu fico para o outro lado. Ninguém nem encosta nessa almofada no meio” – lembrou Kardec.

Anos depois, com Alan Kardec já no profissional e morando sozinho, os dois resolveram fazer um macarrão com molho branco na casa do atacante. O problema foi um ingrediente utilizado na produção: o leite condensado.

– Misturamos tudo, colocamos o leite condensado, o cheiro ficou bom, colocamos sal… Estão os dois comendo, tudo agarrando, macarrão horrível. Era muita amizade, eu ficava sem graça falando que estava bom, ele olhava e dizia que estava legal (risos). Depois da terceira garfada eu falei que estava horrível e ele concordou (risos) – divertiu-se Kardec.

Nos próximos meses a amizade dos dois ganhará laços ainda mais fortes. Sem deixar o “interesse” de lado.

Alan Kardec no treino do São Paulo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Alan Kardec é um dos principais reforços do São Paulo para o Brasileirão (Foto: Marcos Ribolli)

– Vai nascer meu filho nesta semana e vou colocar o Kardec como padrinho. E padrinho rico é sempre bom (risos), dá presente bom. O Nicolas está vindo, precisando de um quarto novo (risos) – brincou Souza.

– Isso é reciproco, porque vou me casar no final do ano e vou convidar ele e a esposa para que sejam nossos padrinhos também. Eu fiquei sabendo que estão lançando uma televisão muito moderna, e na minha casa só falta a televisão lá. Ela deve ser de umas 80 polegadas, ele pode dar um jeito (risos) – respondeu à altura Kardec.

Entrosamento da dupla fora de campo não falta. Os são-paulinos esperam que o sucesso com a camisa do Tricolor seja tão grande quanto a amizade dos dois.

Confira o que Souza diz sobre a amizade com Kardec:

Como é para você voltar a jogar com o Kardec depois até de ter ajudado na negociação?
Souza: Quando o São Paulo demonstrou o interesse nele, eu apenas falei que o São Paulo queria e caí fora (risos). Deixei a diretoria resolver. Eu só fui dando as dicas, falando que era um bom clube, pagava certo, tinha estrutura, é o que você falaria para qualquer amigo. Fui falando isso, que ele nos ajudaria muito na busca pelos títulos… Deu tudo certo, tentei ajudar na medida do possível. Depois de cinco anos separados voltamos a jogar juntos, agora mais experientes.

Estava com saudade de jogar com ele?
Estava (risos), ele é gente boa. Já tinha falado para o Pato que ele iria cair, porque eu concentrava com ele no quarto, eu disse a ele que o Kardec estava chegando e os dias comigo na concentração estavam contados (risos). Ele entendeu, cedeu o quarto numa boa. É legal para ele se adaptar, até já conhecia bastante gente, mas eu estando aqui ele está bem adaptado.

Tem ganhado muito dele no videogame?
Agora ele está começando a me dar umas surras. Desde o Vasco ele sempre foi viciado e sempre ganhava de todo mundo. Aí a gente pedia para jogar contra outra pessoa e ele dizia que era só quando ganhasse dele. Ou seja, a gente nunca jogava contra outro cara, sempre era só contra ele. Quando ele terminava, arrumava os controles e guardava o videogame. Hoje ele está melhor (risos).

Souza São Paulo (Foto: site oficial / saopaulofc.net)Souza chegou ao São Paulo em fevereiro deste ano (Foto: site oficial / saopaulofc.net)

É tranquilo concentrar com ele?
Não temos problema, até nisso nos damos bem, sempre vamos dormir no mesmo horário. Com o ar condicionado também não temos problema, os dois gostam. O Pato não gostava, era uma briga minha com ele (risos). Ele desligava, eu esperava ele dormir e ligava, ele acordava gripado (risos)…

Como você define a amizade de vocês dois?
Se tem algo que eu sou, é grato a quem me ajudou. E os pais dele me ajudaram muito, sempre me deram muitas coisas. Tenho ele como irmão e os pais dele como meus pais. A amizade no futebol é rara, porque muitas vezes perde o contato. Eu e ele não. Sempre mantivemos contato. Hoje poder jogar junto com ele é muito legal.

Confira o que diz Alan Kardec sobre a amizade com Souza:

Como começou a amizade com o Souza?
Alan Kardec:
 Começou na categoria de base do Vasco, com dez anos, já são quase 15 anos de amizade. Moramos juntos durante muitos anos, até depois quando saímos do alojamento, ele ia para minha casa. É uma amizade, uma cumplicidade de muitos anos. Infelizmente alguns companheiros ficaram no meio do caminho. Já eu e o Souza conseguimos caminhar juntos, moramos juntos, vivemos juntos desde pequeno. Quando eu fui para Portugal ele chegou lá seis meses antes, mantivemos contato, nos encontrávamos lá. É uma caminhada de muitos anos.

Como é voltar a atuar ao lado dele agora?
É legal porque faz parte da minha família, é como um irmão para mim. A lealdade é muito grande, nós formamos uma família. É muito bom estarmos juntos novamente. Acho que a final do Mundial sub-20 de 2009 foi a última partida que jogamos juntos. São cinco anos. A amizade ajuda muito nessa adaptação, ele já conhece as pessoas daqui e quem quiser saber como eu sou pode perguntar para ele. Isso ajuda muito na adaptação e dentro de campo também.

É tranquilo concentrar com o Souza?
Ele fala muito à noite (risos). Eu estava começando a dormir esses dias e ele começou a falar (risos), falando tudo embolado, achei que ele estava no telefone. Ele fala desde pequeno. Uma vez lá em casa, todo mundo na sala, eu jogando videogame e só ele dormindo. De repente ele começa a falar tudo enrolado, ninguém entendeu nada (risos). Isso é desde pequeno.

Como define a amizade de vocês dois?
É um irmão que a vida me deu. Pelo conhecimento da família, a amizade, é um irmão que eu ganhei.

Fonte: Globo Esporte

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