Amigo são-paulino, leitor do Tricolor na Web, como diz o ditado: “a primeira vez a gente nunca esquece”. E eu me lembro de detalhes daquele 17 de junho de 1992, do momento em que acordei para me dirigir à rádio Bandeirantes, até a hora em que cheguei em casa com a faixa de campeão da Libertadores da América. Foi um dia memorável.
O São Paulo precisava vencer por dois gols de diferença, pois havia perdido a primeira partida na Argentina por 1 a 0. Imaginem como acordei naquele dia, sabendo dessa necessidade contra um time argentino, conhecido pela catimba e pela força de marcar e se defender, além de tocar a bola e fazer a hora passar. Sabia que eu e mais 105 mil pessoas iríamos formar uma grande corrente naquela noite.
Fui para a Bandeirantes e trabalhei só Deus sabe como, com o pensamento voltado unica e exclusivamente para o jogo. Marquei com meu irmão e me cunhado, que me encontraram na Bandeirantes no final da tarde para irmos ao Morumbi. O carro ficou no estacionamento da empresa. Fomos a pé. Afinal, não mais do que dois quilômetros separam a Bandeirantes do Morumbi.
O jogo começava às 21h40, mas nós chegamos ao estádio por volta das 19 horas. Ficamos onde hoje se situa a arquibancada amarela (na época não havia essa denominação), ou seja, exatamente atrás do gol onde seriam cobrados os pênaltis e onde Raí marcou o gol que nos deu a vitória.
O estádio estava tão cheio, mas tão cheio, que eu estava sentado na arquibancada, com uma pessoa agachada à minha frente, entre o meu degrau e o degrau de baixo, e outro com os joelhos em minhas costas, entre o meu degrau e o degrau de cima. Até por isso acho que tinha muito mais do que os 105 mil pagantes, número oficial.
Começa o jogo e eu não penso em mais nada. Definitivamente começava aquilo pelo que esperei o dia inteiro com muita intensidade. O São Paulo era melhor, dominava o jogo, mas a catimba dos argentinos fazia o tempo passar e ia irritando os jogadores do Tricolor. A torcida era forte aliada, mas a pressão aumentava à medida que o tempo passava e o gol não saía.
Em alguns momentos (dois) o coração quase saiu pela boca, quando os argentinos encaixaram dois contra-ataques e, não fosse Zetti, um dos heróis do título, teríamos amargado outra derrota.
Mas Telê Santana, dentro de sua sabedoria, viu que Muller estava bem marcado e completamente fora de jogo, tirou o atacante para colocar Macedo. Alguns torcedores não entenderam a substituição, afinal, Muller, a qualquer momento, poderia ter um lampejo e decidir o jogo.
Mas foi Macedo, predestinado, quem trouxe a bola para dentro da área, foi driblando, driblando, e acabou derrubado. Pênalti que Raí cobrou e marcou. Era o gol que, na pior das hipóteses, nos levava à disputado por pênaltis.
E assim foi. O jogo terminou 1 a 0 e fomos para as cobranças. Berizzo, que havia marcado no jogo de ida, foi o primeiro a desperdiçar pelos argentinos ao bater na trave. Raí, Ivan e Cafu acertaram pelos brasileiros, que erraram quando Ronaldão chutou no meio do gol. Zamora e Llop recolocaram os visitantes na disputa pelo troféu. Foi então que Zetti brilhou. O goleiro viu Mendoza concluir por cima da meta e depois defendeu a cobrança de Gamboa – justo a dele – para confirmar a conquista da Copa Libertadores da América de 1992.
E o Morumbi explodiu. Houve uma intensa invasão de campo. O jogo acabou pouco depois da meia-noite, mas eu só deixei o estádio depois de 1h30 da madrugada. Aliás, nós, porque ninguém ousava arredar pé dali. Foi o que podemos chamar de êxtase do futebol o momento que chegamos. Foi, não tenho a menor dúvida em afirmar, a partida mais importante e emocionante que presenciei, in loco, em toda a minha vida.
Por isso, 20 anos depois desta conquista, estamos aqui para comemorar. Que bom que temos algo assim em nossa história. Não é para todos. É para poucos. Amo você, meu eterno São Paulo F.C.
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