São Paulo “esquece” discussão sobre eleição direta para presidente

Um dos pontos mais elogiados do estatuto implantado pelo São Paulo em 2017 era a predisposição a tornar o clube mais democrático, com exigências por um estudo de viabilidade para realização de eleições diretas para a presidência. A atual gestão, porém, está atrasada com o projeto e, por enquanto, decidiu seguir com o modelo indireto, no qual o presidente é eleito somente pelo voto de membros do Conselho Deliberativo.

A decisão parcial foi tomada em setembro do ano passado, quando um estudo foi apresentado em reunião do Conselho de Administração. O documento não recomendou as eleições diretas, parecer que foi aprovado por unanimidade pelos presentes no encontro: o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, Adilson Alves Martins, José Eduardo Mesquita Pimenta, Julio Casares, Márcio Aith, Saulo de Castro e Silvio Medici. Julio Conejero e Roberto Natel não participaram da referida reunião.

Segundo a ata desse encontro do Conselho de Administração, disponíveis no portal de transparência do site oficial do São Paulo desde a semana passada, as eleições diretas foram o quinto item discutido no dia 24 de setembro do ano passado, com as seguintes palavras:

” O Presidente entregou o Parecer da Comissão Representativa dos Poderes do São Paulo Futebol Clube, que foi totalmente contrário à realização de eleição direta pela Assembleia Geral da Diretoria Eleita do São Paulo Futebol Clube. Todos apoiaram o Parecer.

De acordo com o estatuto do São Paulo, votado em 2016, o presidente eleito em 2017 teria o “prazo improrrogável” de um ano, a partir do início das atividades do do Conselho de Administração, para elaborar “um estudo de viabilidade sobre a possibilidade de eleição direta pela Assembleia Geral dos membros da Diretoria Eleita”. A ideia era envolver sócios do clube social e até “integrantes adimplentes do programa Sócio Torcedor”.

O presidente eleito em abril de 2017 foi Carlos Augusto de Barros e Silva. No mês seguinte, o Conselho de Administração foi inaugurado. Sendo assim, Leco deveria apresentar esse estudo para voto até maio de 2018, mas isso só aconteceu quatro meses mais tarde do que é exigido pelo estatuto. O documento foi feito por uma comissão nomeada por Leco, que contava com representantes de seis áreas do clube:

um representante do Conselho Consultivo;

um representante do quadro de associados;

um representante da diretoria; um representante do Conselho Deliberativo;

um representante do Conselho Fiscal;

um representante do Conselho de Administração

Depois de passar pelo CA, seria preciso levar o parecer – fosse ele favorável ou contrário às eleições diretas – para discussão no Conselho Deliberativo e no Conselho Consultivo. Não há, no estatuto, um prazo para essa entrega, mas a expressão “simultaneamente” consta no documento de forma ambígua.

A dúvida é sobre a entrega precisar ser feita ao mesmo tempo para os dois órgãos, mas sem prazo definido, ou feita imediatamente após a decisão do CA. De qualquer forma, depois de recebido e analisado o parecer, o CC teria 30 dias para deliberar e entregar um novo parecer ao CD, que teria mais 30 dias para se decidir.

A reportagem, entretanto, ouviu diversos conselheiros que asseguram que o debate sobre as eleições diretas nunca aconteceu no CD. O presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Pupo, confirma e justifica: “Estou no aguardo do parecer do Consultivo”. Os representantes do CC procurados também negam que o assunto tenha sido abordado por lá. Coincidentemente, o presidente do Consultivo é José Eduardo Mesquita Pimenta, um dos integrantes do Conselho de Administração presentes na reunião de setembro de 2018.

Nos últimos dias, após os primeiros contatos da reportagem, o ofício com a decisão do CA, enfim, foi repassado ao CC, mas ainda não há uma data definida para que a análise e a votação do estudo aconteça. Até lá, o Conselho Deliberativo segue esperando.

Se em algum momento o CD recomendar as eleições diretas, uma Assembleia Geral Extraordinária deveria ser convocada, em no máximo 60 dias, para que os sócios pudessem votar sobre o tema. Em caso de vitória das eleições diretas, o próprio estatuto deveria passar por nova reforma.

Com base nos prazos máximos estipulados pelo estatuto, todo o processo deveria terminar em julho de 2018, em caso de negativa, ou em setembro de 2018, em caso de negativa, ou em setembro de 2018, em caso de aprovação. Ou seja, já são cinco meses de atraso e nenhuma explicação sobre a negativa inicial sobre as eleições diretas.

SEPARAÇÃO ENTRE FUTEBOL E SOCIAL TAMBÉM CONGELOU

Em moldes parecidos com o estudo de viabilidade para as eleições diretas, o estatuto obrigava a confecção de um documento para discutir uma eventual separação entre clube social e futebol no São Paulo. Os prazos, no entanto, também não foram cumpridos pelo CA, que recebeu o estudo há mais de um ano, não aprovou o conteúdo, mas ainda não o devolveu aos responsáveis para possíveis correções. Recentemente, o órgão pediu mais 90 dias para avaliar o projeto.

 

Fonte: Uol

 

Nota do PP: votei contra a aprovação do estatuto, exatamente por não constar, já em sua formulação, a eleição direta para presidente. Os sócios que aprovaram foram enganados. A própria oposição aprovou o estatuto e vendeu a ideia de que em um ano haveria a reforma e o voto direto seria inserido. Era mais óbvio de que 2 + 2 são 4 que não seria. Os conselheiros querem continuar com a facilidade de se comporem (afinal são 240) do que terem que encarar os sócios (afinal, são seis mil com direito a voto). E se expandirmos para o sócio torcedor, que seria lógico, são centenas de milhares. Na atual política do São Paulo, quem teria coragem de colocar a cara para fora e ir pedir voto para algum sócio (torcedor ou patrimonial)? Então, esqueçam eleição direta para presidente.

 

9 comentários em “São Paulo “esquece” discussão sobre eleição direta para presidente

  1. A pressão tem de vir dos sócios do clube, e o momento certo infelizmente é esse com a sede social destruída pela chuva e pela incompetência de um grupo político que nunca pressionou a prefeitura para que pelo menos minimizasse os efeitos das enchentes.

    Como os associados não podem ir ao clube, o afastamento pode fazer que observem melhor como esse presidente e seus remunerados parceiros tratam agora não mais ao torcedor, mas ao associado que foi enganado como escreveu o PP, a entender porque o presidente do clube que frequenta o Paineiras? não está preocupado com aquilo que prometeu aos sócios na mudança do estatuto e como ele se relaciona com o cargo que ocupa.

    O associado do clube não faz nada pelo SPFC em termos de futebol, quem sabe com sua sede destruída tenha tempo e veja como o torcedor de arquibancada é tratado e se solidarize com ele. Uma pauta é urgente pra pelo menos exigir explicações e atuação do Leco em relação ao clube ao qual recebe pra proteger e respeitar e não só se beneficiar.

  2. Mais do mesmo.

    As ratazanas, hienas, os barbies arrogantes e, os não menos famosos, lambe-bolas estarão logo logo desfilando para angariar votos em troca de uns ingressinhos, carteirinhas de assessor, canetas e outros penduricalhos.

    Mais do mesmo. Nada mudará. Quem viver, verá.

  3. Alguém tem que avisar ao Leco e esses Sres que qdo morrerem todo o poder que acham que tem não vai significar nada e o Leco vai sim entrar para a historian mas como o pior presidente do SPFC.

    Está como o nosso congresso Nacional: não querem mudar o status quo. Com esses sujeitos que estão aí não tenho esperança de modernização do clube. Vamos continuar perdendo terreno para os rivais, infelizmente.

  4. Este é um assunto extremamente importante para o futuro do SPFC, esta medida sem duvidas afastaria de vez as laranjas podres (traria outras) mas sem tanto poder como vemos hoje, 240 anciãos vaidosos que só enxergam o próprio umbigo.

    Engraçado que isto deveria estar sendo cobrado diariamente no principal site do clube e não vir a tona porque o UOL fez a matéria, triste. Os esclarecidos deveriam cobrar sempre, se cada um fizer um pouco a pressão aumenta.

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