São Paulo e Santos tem política semelhante na base e nos lucros

São Paulo e Santos duelam neste domingo, às 16h (de Brasília), no estádio do Morumbi, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, com mais do que suas atuais posições na competição em comum.

No meio da tabela, respectivamente, os rivais se conectam por uma série de polêmicas políticas, mas, principalmente, pela negociação de grandes joias de suas categorias de base.

Mandante do clássico, o São Paulo sempre foi visto como um clube de vanguarda nos aspectos político e administrativo. Porém, nos últimos anos, a situação mudou bastante de figura e o Tricolor paulista passou por momentos turbulentos fora de campo, com direito até à renúncia de um presidente (Carlos Miguel Aidar, em 2015).

Após a polêmica saída do mandatário, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, assumiu o clube em outubro daquele ano. As crises e críticas externas, porém, não acabaram.

No ano passado, por exemplo, o gerente de marketing do clube (Alan Cimerman) foi demitido ao virar pivô de um suposto caso de venda irregular de ingressos e camarotes em shows, que é investigado pela política.
Mas, além do clima quente nos bastidores políticos, outra característica da sistema administrativo do São Paulo é a venda de jovens talentos. Com uma base forte, o Tricolor paulista se especializou em formar jogadores promissores. Casemiro e Lucas Moura, por exemplo, foram descobertos e lapidados pelo clube.

No entanto, com a necessidade de quitar dívidas, esse processo de revelar e vender o atleta passou a ser ainda mais frequente. Apenas no ano passado, o São Paulo arrecadou R$ 188,6 milhões (R$ 164,6 milhões líquidos) apenas com a venda de jogadores. Casos como os de Deivid Neres, que disputou apenas oito partidas no profissional, e Luiz Araújo foram os mais emblemáticos. Tal estratégia ajudou também a corroer a relação entre o ex-técnico Rogério Ceni e a diretoria.

Neste ano, o São Paulo pode voltar a perder jovens talentos para o mercado externo. Militão, de 20 anos, está na mira do Manchester City, da Inglaterra, da Inter de Milão, da Itália, e do Porto, de Portugal. Para complicar ainda mais a situação, o polivalente defensor tem vínculo com o São Paulo somente até janeiro de 2019 e, portanto, estará livre para assinar pré-contrato com outro clube sem que o Tricolor receba qualquer compensação financeira. A diretoria fez proposta para renovar o acordo, mas ainda não obteve uma resposta positiva.

O Santos, por sua vez, também tem um recente histórico de bastidores políticos agitados. Somente nos últimos meses, viu surgir um movimento liderado por 22 conselheiros pedindo o impeachment do presidente José Carlos Peres, eleito em dezembro de 2017.

Os principais argumentos eram de que o atual mandatário cometeu danos ao clube ao demonstrar dificuldades e incertezas para tomar decisões, como a demissão do diretor de futebol, Gustavo Vieira. Por fim, eles alegaram que Peres emitiu uma portaria demonstrando centralizar todas as negociações do Santos e deixando de consultar o Conselho Gestor, fato que causaria omissão no Estatuto Social do clube. O pedido foi retirado posteriormente.

A política do clube ainda foi agitada por denúncias de abuso sexual envolvendo o diretor da base santista Ricardo Marco Crivelli, o Lica. O dirigente foi afastado por Peres para responder as acusações. O cartola, no entanto, foi mais uma vez ligado ao problema já que Lica era seu sócio na empresa Saga Talent Sports & Marketing, de agenciamento de atletas. Peres alegou que a empresa criada em 2005 jamais funcionou e que nunca defendeu Lica.

“O Santos vive um momento político muito forte e não há como separar esses atos da política, também”, desabafou Peres à época.

As eleições do Santos também foram cercadas por muita polêmica com a suspeita de tentativa de fraude, baseada em reportagem da ESPN, que apontou que o clube recebeu mais de dois mil associados entre novembro e dezembro daquele ano, período próximo do limite estabelecido para que possam ser eleitores no pleito alvinegro, o que favoreceria o ex-presidente Modesto Roma Júnior, terceiro colocado no pleito.

O processo eleitoral foi paralisado diversas vezes e atrasado por algumas horas devido ao impedimento de pessoas votarem nas urnas consideradas suspeitas.

Antes, o clube passou três anos com Modesto a frente após um período de antigas polêmicas com a gestão de Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e Odílio Rodrigues. A principal delas foi a venda de Neymar ao Barcelona, da Espanha, em 2013, que provocou uma série de processos entre as partes.

Neymar, por sinal, foi só uma das joias reveladas e vendidas pelo clube nos últimos tempos. Após ele, o clube ainda formou e negociou nomes como o meia Felipe Anderson para a Lazio, da Itália, o atacante Geuvânio com Tianjin Quanjian, da China, o volante Thiago Maia para o Lille, da França.

A principal venda foi a de Gabriel Barbosa para a Inter de Milão, da Itália, em agosto de 2016 por 29,5 milhões de euros (R$ 108 milhões à época). Só nesta década o clube ainda acumulou negociações como as dos laterais Danilo, atualmente no Manchester City, da Inglaterra, Alex Sandro, na Juventus, da Itália e outros nomes.

No atual elenco, o clube tem como principal nome o atacante Rodrygo, de apenas 17 anos. A joia santista, titular absoluto no esquema do técnico Jair Ventura, admitiu nesta sexta-feira (18) ainda não estar preparado para uma transferência para a Europa, respondendo a especulações de jornais espanhois sobre um possível interesse do Barcelona.

Rodrygo, no entanto, admitiu que trabalha para receber uma proposta como essa “do Barcelona e de outros clubes”.

A fama de formadores permitiu as equipes também faturarem até mesmo com o mecanismo de solidariedade, sistema criado pela Fifa para indenizar os clubes formadores em novas transferências de suas crias. Somente com a venda de Neymar ao PSG, o Santos levou cerca de R$ 33 milhões. O São Paulo também lucrou em novas negociações de suas joias. A última delas foi Lucas Moura, vendido pelo PSG ao Tottenham, da Inglaterra.

Para a partida, a única dúvida do técnico Jair Ventura é a escalação do zagueiro David Braz, em recuperação de lesão muscular. Se não puder atuar, a opção deverá ser Gustavo Henrique.

O Santos vem de derrota, mas tem a base de sua equipe titular descansada, já que o treinador optou por escalar um time recheado de reservas na derrota por 2 a 1 para o Luverdense, no Mato Grosso.

O São Paulo não contará com o zagueiro Rodrigo Caio, que passou por cirurgia no pé esquerdo. Com isso, a defesa será formada por Arboleda e Bruno Alves.

A equipe está invicta no Campeonato Brasileiro e ainda não perdeu sob o comando de Aguirre atuando no estádio do Morumbi. Foram seis jogos, com quatro vitórias e dois empates.

Este ano, o único deslize como mandante, por sinal, ocorreu justamente diante dos santistas, vitória por 1 a 0 na primeira fase do Campeonato Paulista, em 18 de fevereiro, com gol de Gabriel Barbosa.

FICHA TÉCNICA
São Paulo x Santos

Data: 20 de maio de 2018, domingo
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Braulio da Silva Machado (SC)
Assistentes: Kleber Lucio Gil e Neuza Ines Back (ambos de SC)

São Paulo: Sidão; Éder Militão, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo; Jucilei, Hudson e Nenê; Marcos Guilherme (Lucas Fernandes), Diego Souza e Everton. Técnico: Diego Aguirre

Santos: Vanderlei; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, David Braz (Gustavo Henrique) e Dodô; Alison, Jean Mota e Vitor Bueno; Rodrygo, Eduardo Sasha e Gabriel Barbosa. Técnico: Jair Ventura.

 

Fonte: Uol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*