São Paulo acima de tudo”: Petros fala de Lugano, chapéu em Messi e Z-4

– Não sei se posso falar isso, mas o que ele fala muito no vestiário é: o São Paulo acima de tudo!

A frase acima é de Petros, mas o lema é de Diego Lugano. O volante se aproximou do ídolo uruguaio, de Lucas Pratto e de Hernanes no Tricolor. A liderança é o que os une.

Há pouco mais de três meses no clube, o volante aparenta ter anos de Morumbi. No fim de janeiro, seu nome era mundialmente comentado por ter dado um chapéu em ninguém menos que Lionel Messi.

Dois meses antes de se transferir ao São Paulo, chegou a renovar contrato com o Bétis. Agora, admira e até diz copiar a postura de Lugano.

Não à toa Petros é enxergado por parte da torcida como um autêntico representante da arquibancada no campo, assim como o maior ídolo do atual elenco.

Lugano é aplaudido e tem o nome gritado insistentemente pela torcida nos jogos do São Paulo, mesmo sem jogar há três meses – o último duelo foi contra o Flamengo, no dia 2 de julho.

Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Petros revela um pacto entre os líderes para resgatar o São Paulo na briga contra o rebaixamento do Brasileirão pelo segundo ano seguido.

Petros, o “moral”, termo usado no Nordeste para definir um “gente boa”, se fechou com Pratto, Hernanes e Lugano. Ou nas palavras dele: o Urso, o Profeta e o Tarzan, respectivamente.

GloboEsporte.com: A vitória contra o Sport serve de alívio, mas não dá para tirar os pés do chão…
Petros:
 É um alívio, mas com muita atenção e humildade. O campeonato é muito complicado e parelho. Se relaxar uma rodada você volta para o Z-4. Estamos cansados de estar ali. O São Paulo não está acostumado com isso. Iniciar a semana depois de um resultado negativo e na zona de rebaixamento tem uma pressão muito grande. Esperamos ter assimilado isso, todas essas rodadas sofrendo muito… espero que não volte nunca mais. Não merecemos estar ali e temos trabalhado para dar a volta por cima.

Valeu a pena ter voltado da Europa para jogar no São Paulo?
Valeu, porque os desafios me movem. Estava com uma situação bem definida: jogava a maioria dos jogos, com números muito bons. Tinha renovado contrato dois meses antes e quando surgiu a chance algo me tocou (para e pensa)… Não sei! Deu muita vontade de voltar, ficar próximo da minha família e poder ajudar o São Paulo com entrega e dedicação. Meu compromisso e dedicação com o trabalho são completos. Isso me ajuda a ter êxito por onde passo.

Mudando de assunto: aquele lance com o Messi ficou marcado (veja acima)…
É, dei um chapéu no Messi. Brinquei depois e disse que se soubesse que teria tanta ênfase passaria o jogo todo tentando dar um chapéu no Messi (risos). A imprensa mundial me entrevistou por esse lance. Foi um lance em que era a única coisa que eu poderia fazer. A realidade é que foi muito bonito, mas tem essa proporção porque foi no Messi.

Guarda alguma recordação?
Sim, tenho uma foto, inclusive na minha rede social. Claro: é o melhor do mundo e é algo que se marca para um atleta.

O que você encontrou quando chegou ao São Paulo e o que vê diferente hoje?
Quando tudo dá errado é fácil ninguém assumir a responsabilidade necessária. Quando cheguei, muita coisa estava mudando. O São Paulo estava sofrendo por remontar um grupo que era muito bom, mas que precisou ser reformulado rapidamente. Tinha a chance da troca de técnico (Rogério Ceni foi demitido no dia 3 de julho). Isso é complicado, porque um técnico planeja de um jeito e o outro chega para completar. Não é a mesma coisa.

Posso garantir que desde que cheguei o São Paulo tem melhorado muito em todos os âmbitos. Todos estão voltados para fazer o São Paulo voltar a ser o que todos estão acostumados: aquele São Paulo campeão. A cada dia a confiança cresce. Os resultados começaram a aparecer e isso confirma o trabalho do dia a dia. Tenho certeza que vamos escapar desse rebaixamento nesse ano e para o próximo ano vamos conseguir montar uma grande equipe para brigar por títulos.

Qual o papel de liderança do Lugano?
O Lugano é um cara espetacular. Talvez, hoje, seja o principal ídolo da torcida em atividade. É um cara que se dedica, o que mais cobra e não deixa a peteca cair. Quando a coisa está ruim é o cara que assume a responsabilidade, e é algo que eu tento copiar e aprender. Porque é muito fácil ser líder quando você está jogando.

Jogador de futebol não tem humildade suficiente para ser a mesma pessoa quando não está jogando. E o Lugano tem esse papel. É louvável, porque assume a responsabilidade. Se no treino vê algo errado, ele chama eu, Pratto, Hernanes e diz: “Isso está errado, não pode deixar”. Ou “tem de melhorar isso”, ou “isso está bom e tem de seguir”. É um cara que vive o São Paulo.

Mesmo sem jogar ele mantém a postura e não reclama…
Não sei se posso falar isso, mas o que ele fala muito no vestiário é: “o São Paulo acima de tudo”. O São Paulo acima de tudo e de todos que estão aqui, porque o São Paulo vai continuar e nós vamos passar. Para estar aqui tem de encarar o São Paulo como acima de tudo. Acho que é o lema dele. Não sei se vai ficar bravo porque falei isso.

Não importa se você não está satisfeito. O grupo e a torcida precisam estar satisfeitos. Temos nossas divergências de ponto de vista. Mas quem tem essa humildade, de preferir dar uma palavra de apoio, tendo todas as condições de reclamar com a torcida a favor, e em nenhum momento faz isso, é um cara que merece o respeito de todos.

E Hernanes e Pratto: como lideram?
Apesar do pouco tempo temos uma amizade muito boa. Nós nos comprometemos, fizemos um pacto de resgatar o São Paulo. É muito grande para estar nessa situação. Não que a nossa responsabilidade seja maior do que a dos outros… E é isso o que passamos: todos têm a mesma importância. Claro que não pode deixar um menino de 20 anos assumir responsabilidade e botar a cara na imprensa. Se tem de falar algo, fala comigo, Hernanes, Pratto, Lugano… Porque estamos acostumados com isso e a gente aguenta.

A importância de todos é fundamental. Temos crescido muito como grupo. Depois desse pacto, dessas conversas e de ouvir muito Dorival… Ressaltando também o trabalho de todos funcionários, diretoria e comissão, porque todos estão fazendo de tudo pra salvar o São Paulo. Por isso a garantia de que vamos conseguir.

O seu papel fora de campo no São Paulo é uma espécie de trabalho de formiga?
Corromper para o mal é mais fácil. Nós somos seres humanos. Quando o cara não está legal e ouve algo negativo acaba com você. Já o trabalho positivo é de formiga: todos os dias, dando injeção de ânimo. Uma palavra de conforto: você é bom, pode e vai melhorar. Requer tempo, mas quando há pessoas empenhadas você consegue.

Há 11 times separados por quatro pontos: essa disputa maluca do Brasileiro contra o rebaixamento é boa ou ruim para o São Paulo?
Na situação em que estamos é melhor, porque ninguém pode vacilar. Quando são dois ou três os outros caras querem matar. No futebol ninguém tem dó de ninguém. Quando há dez times brigando muito próximos, você se obriga a se preparar melhor. No meu ponto de vista é algo a ser valorizado essa loucura do Brasileirão.

Fonte: Globo Esporte

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