Marí e Juanfran travam o 1º duelo espanhol da Série A

Raridade no futebol brasileiro, a presença de jogadores europeus por aqui começou a crescer nos últimos anos, e um dos reflexos dessa importação são os “clássicos” entre conterrâneos. Neste sábado, por exemplo, Pablo Marí e Juanfran farão o primeiro duelo espanhol da Série A do Campeonato Brasileiro de pontos corridos. Zagueiro e lateral-direito devem ser titulares de Flamengo e São Paulo, respectivamente, às 19h (de Brasília) no Maracanã.

Antes da dupla, apenas um espanhol havia disputado o Brasileirão neste século: o meia Fran Mérida, que defendeu o Athletico-PR entre 2013 e 2014. Promessa da base do Arsenal, da Inglaterra, ele teve passagem discreta em terras tupiniquins e marcou apenas um gol em 16 jogos, curiosamente sobre o próprio Flamengo no Maracanã (veja no vídeo abaixo). Atualmente com 29 anos, está no Osasuna, da Espanha, e não deixou saudades por aqui.

Pablo Marí e Juanfran desembarcaram no Brasil após a Copa América atrás de uma história diferente da escrita por Fran Mérida. Outra curiosidade é que eles vão se enfrentar pela primeira vez na carreira, já que nunca se encontraram em campo na Espanha. Oito anos mais novo, o zagueiro é de uma geração diferente e jogou a maior parte do tempo na Segunda Divisão, enquanto o lateral já defendia o Atlético de Madrid desde que o conterrâneo começou no profissional.

O 3º espanhol rubro-negro

Pablo Marí é o terceiro jogador da Espanha na história a se aventurar no Flamengo. O primeiro foi o goleiro José Túnel Caballero, mais conhecido por aqui como Talladas. Ele chegou ao Brasil em 1934 para jogar pelo Galicia da Bahia, clube ligado à colônia espanhola, e em 1937 acertou com o Rubro-Negro. Mas não se firmou na Gávea: foram apenas 19 partidas antes de se transferir no ano seguinte para o Santos, onde fez mais sucesso.

Já o segundo foi o atacante José Armando Ufarte Ventoso, apelidado por aqui de “Espanhol”. Apesar de ser estrangeiro, ele passou a infância no Brasil e começou a jogar pelo Flamengo ainda na base em 1958. Três anos depois, subiu para o profissional e vestiu a camisa rubro-negra entre 1961 e 1964. Ao todo, ele disputou 106 partidas, marcou 15 gols e conquistou dois títulos: o Rio-São Paulo de 61 e o Campeonato Carioca de 63.

Revelado pelo Mallorca, da Espanha, Marí ganhou destaque ao ser comprado pelo Manchester City em 2016. Porém, o zagueiro vivia emprestado e nunca chegou a atuar pelo clube inglês. Sua primeira experiência internacional foi pelo NAC Breda, da Holanda, e agora no Flamengo vive o maior desafio da carreira aos 26 anos. Com a camisa rubro-negra, entrou 13 vezes em campo, fez dois gols e já comparou o futebol brasileiro com o europeu:

– Creio que na Espanha somos mais rigorosos taticamente. O bloqueio sempre sabe o que tem que fazer, não há nenhum jogador que se destaque por fazer as coisas mal feitas taticamente, são muito bem organizados. Aqui, devido ao grande talento técnico dos jogadores, acho que há um pouco mais de desordem. Quando uma equipe consegue estar bem organizada defensivamente, melhora muitíssimo – analisou Marí em entrevista para o Globo Esporte no dia 12 de setembro.

Marí virou titular absoluto após a venda de Léo Duarte e está relacionado para a partida deste sábado no Maracanã. Mesmo na semana da semifinal da Libertadores, a tendência é que o técnico Jorge Jesus vá com força máxima e escale o zagueiro, que disputou todos os 13 jogos desde que estreou.

O 2º espanhol tricolor

Juanfran é apenas o segundo jogador espanhol a vestir a camisa do São Paulo na história. O primeiro foi Fernando Carazo Castro, em 1936, mas a sua passagem não deixou muitas lembranças. Por conta de vários problemas e burocracias com o seu passe para atuar pelo Tricolor, ele não ficou sequer um ano no clube e retornou ao Cruzeiro (Palestra Itália na época). Na equipe mineira fez sucesso e é até hoje o terceiro maior artilheiro estrangeiro da história do clube, com 44 gols.

Por sua vez, Juanfran pretende ter vida mais longa no São Paulo. Contratado no início de agosto, o espanhol de 34 anos assinou contrato até o fim de 2020. Embora tenha chegado para, teoricamente, disputar vaga com Daniel Alves na lateral direita, ele deve ter muitas oportunidades. Isso porque o brasileiro vem atuando no meio de campo. Agora com Fernando Diniz, o espanhol também pode ser utilizado em uma linha de três zagueiros.

Revelado pelo Real Madrid e com maior destaque no Atlético de Madrid – clube que defendeu entre 2011 e 2019 e foi campeão espanhol em 2013-14 e bi da Liga Europa em 2012 e 2018 –, Juanfran nunca tinha jogado em outro país fora da Espanha. Em sua primeira experiência internacional, o lateral por enquanto entrou em campo seis vezes com a camisa tricolor. Em pouco tempo no Brasil, ele já destacou algumas diferenças em relação ao futebol praticado por aqui:

– O jogo é diferente, os treinamentos são diferentes, aqui é muito mais longo. Na Espanha são mais curtos e mais intensos. Na Europa, o jogo é muito mais elaborado, aqui é muito mais rápido, muito mais força, mais briga, e eu gosto. Gosto porque eu venho de uma equipe que é muita briga, o Atlético de Madrid, muito jogo de união – afirmou Juanfran após seu primeiro jogo com a camisa do São Paulo, no dia 18 de agosto.

Neste sábado, contra o Flamengo, Juanfran deve ser o titular do lado direito do campo. Na última rodada, na derrota do São Paulo para o Goiás, o lateral foi poupado para que estivesse 100% no Maracanã. Com características mais defensivas, ele terá a missão de parar o melhor ataque do Brasileirão, com 47 gols.

Fonte: Globo Esporte

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