Eleição para o Conselho mostra que ou o sistema muda, ou o São Paulo acaba

Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, o sistema eleitoral do São Paulo está cada vez mais arcaico, como é a própria postura do clube em tudo o que faz. O problema é que essa excesso de conservadorismo nos leva a ver magnatas do poder dirigir os votos dos sócios, principalmente os mais novos, e elegerem que bem entenderem, com o chamado “voto de cabresto”.

A possibilidade de votar em até 20 candidatos, não importando se de uma ou das duas chapas, que anteriormente atendia o anseio dos sócios, que tinham conhecidos e apostavam na são-paulinidade dos candidatos e, com isso, conseguiam formar um Conselho Deliberativo na altura que o clube merecia. Não eram conselheiros eleitos às custas de churrascos, chopps, brindes, muito menos torcedores de outros times, menos ainda por quererem ser eleitos para curtir as benesses dos lanchinhos, ingressos, vagas no estacionamento e quetais.

O sistema de votação permite a manipulação dos dirigentes, mormente o que reina no Social, e faz com que os sócios sejam levados a obrigação de votar em seus candidatos, pois nas diversas diretorias espalhadas (são quase mil carteirinhas de diretores e assessores), se espalha o medo. Afirmações do tipo “se nós não ganharmos, isso aqui vai acabar”, ou “se seu pai não votar em nós, você não pratica mais esporte aqui” (tenho relato gravado desse fato), tudo levando o sócio menos avisado a votar nos candidatos do Social.

Ao lado disso, vem a grana, e muita grana, de quem está também com a diretoria despeja esse dinheiro em infindáveis festas, onde o “rega bofe” foi barbaramente consumido.

Não posso deixar de falar que, tenho quase convicção, que se um exame grafotécnico sério, feito por peritos, for realizado em muitas cédulas, vai encontrar uma grande quantidade delas preenchida por uma única pessoa. Isso quer dizer que os sócios, mais do que receberem uma cédula, já receberam-na preenchida, com os 20 nomes de interesse do responsável pelo grupo político. Isso, claro, da situação, já que a oposição sequer mesa tinha no interior do clube.

Isso talvez explique a razão de 66,5% dos votos terem sido da situação e 33,5% da oposição. Ué! Mas nesse caso seriam 66 ou 67 eleitos da situação e 33 ou 34 da oposição. Talvez Freud consiga explicar tal situação, ou Pitágoras, mas afeito a números e fórmulas.

Sem contar que bons nomes foram eleitos na situação e na oposição, porém foram reeleitos corinthianos, palmeirenses e santistas, além de vendedora de ingressos. Isso tudo graças a esse “voto de cabresto”, onde o sócio sequer conhece as pessoas em quem ele está votando. Além de pessoas que enfrentam as barras da Justiça por terem hipoteticamente lesado o São Paulo.

O voto SIM para a criação de uma comissão para elaborar uma reforma estatutária pode ser um grande momento para modernizarmos e democratizarmos o clube. Nessa reforma poderemos criar a eleição direta para presidente, com os votos podendo ser dados por sócios patrimoniais, sócios torcedores e proprietários de cadeiras cativas; que o eleitor possa votar em apenas um ou dois candidatos ao conselho, dificultando o “voto de cabresto”; e que seja permitida apenas uma reeleição para presidente. Meu temor é que nada disso seja feita e eles decidam permitir reeleições infindáveis e aumento de três para seis anos para o mandato de conselheiro, ou seja, tornando um clube ainda mais fechado e fortalecendo os feudos. Afinal, quem quer perder o atual status quo?

Em resumo, pelo bem da instituição, o sistema eleitoral tem que mudar. A democracia tem que imperar, pois não vivemos mais os anos 30, mas estamos quase nos anos 2030; a época da ditadura passou, os clubes se abriram para seus sócios torcedores e o São Paulo permaneceu estático, vendo clubes crescerem em suas receitas, em seus títulos e nós seguindo exatamente o que diz, em certo momento, nosso hino: “as suas glórias vem do passado”.

Muda, São Paulo, enquanto é tempo. Ou estamos fadados a encontrar o fim do túnel. Só que ali estará o abismo e nós cairemos nele.

4 comentários em “Eleição para o Conselho mostra que ou o sistema muda, ou o São Paulo acaba

    • Arismar Alves é palmeirense;
      Luiz Canassa, palmeirense
      Marcela Gatti – santista
      Eliseu Geinho – corinthiano
      João Ricardo Ierardi (Tupa) – palmeirense
      Marcel Bonilha – palmeirense
      Douglas Alvarenga- palmeirense
      Pedro Mauad – santista
      Mara Casares – processos por má conduta contra o São Paulo.
      Está bom ou quer mais?

  1. Muito triste com a situação política administrativa do nosso clube. Vejo mentalidades inovadoras ganhando cada vez mais espaços nos novos modelos de gestão no mundo inteiro e o São Paulo dando passos largos para traz. Privilégios são mantidos e fomentados, interesses de grupo e individuais são facilitados, uma dívida astronômica que só aumenta, segundo leio nos jornais; enfim, um cenário com as piores perspectivas . Estou pessimista. Uma lástima.

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