São Paulo funda movimento de gestão, prevendo, entre outros, transparência e ética. É sério, produção?

Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, o São Paulo uniu-se a Vasco da Gama, Atlético-MG e Athletico para fundar um movimento a fim de discutir e difundir práticas de compliance no futebol brasileiro. Trata-se do Movimento pela Integridade no Futebol, que buscará aprimorar as gestões esportivas por meio de governança, transparência, sustentabilidade, ética, integridade, inclusão e diversidade.

Grifei esses três pontos porque é neles que vou basear esse editorial. E começo pela transparência. Eu só posso dar exemplo a alguém se eu praticar o que estou ensinando. E a transparência que o São Paulo tem para ensinar é exatamente o inverso a ser aplicado. Senão, vejamos:

O Conselho Deliberativo trata a maioria dos contratos a serem votados de forma sigilosa, proibindo conselheiros de comentarem o assunto com pessoas de fora do CD, como se os sócios patrimoniais e torcedores não fossem parte interessada. O jeito de ser de Olten Ayres de Abreu, presidente do Conselho é exatamente esse. Ou seja: transparência zero. Aliás, quando se torna algo sigiloso, no mínimo nos permite levantar suspeita de alguma irregularidade. Afinal, qual o medo de tornar público um documento?

O CT da Barra Funda está fechado a sete chaves. Jogador se machuca e, com muito custo conseguimos saber a lesão, mas de forma alguma o tratamento e, pior ainda, o tempo de recuperação. Não consigo acreditar que médicos conceituados – assim entendo que são os que habitam o Refis – não consigam prever o tratamento e um mínimo de tempo de recuperação. Será que nós, torcedores, não temos o direito de saber o que será feito com Calleri e qual o tempo para sua recuperação? Se nós, torcedores, não temos esse direito, quem o tem? Então não devemos mais comprar camisas, chaveiros, enfim, objetos com royalties do São Paulo, pararmos de pagar o carnê de sócio-torcedor, cancelarmos o Premiere, deixarmos de ir ao estádio. Afinal, o clube só quer que demos dinheiro a ele. Não nos dá um mínimo em troca, que é a informação clara.

É essa a transparência que o São Paulo vai mostrar nesse movimento que visa ensinar a gestão?

Ética. Qual a ética do presidente do Conselho Deliberativo, e de Júlio Casares, na relação com seus opositores? Por qualquer palavra, qualquer comentário contrário, são levados à Comissão Disciplinar e expulsos do Conselho e do clube. Claro que sempre revertem na Justiça, mas é essa a ética que será ensinada?

E a governança? O presidente Júlio Casares disse que anunciaria em abril um balanço muito positivo, com grande redução na dívida do clube. Mas, até onde eu sei, a redução haverá após um grande aumento nessa mesma dívida e o valor estará superior ao herdado por ele da gestão Leco. Essa é a governança que vai ser ensinada? Gastamos primeiro para depois falar que reduzimos? E tudo isso, diga-se de passagem, graças a repasses de terceiros (Casemiro, Antony e outros mais), e empréstimos, muitos empréstimos que diminuem a dívida no curto prazo, mas aumentam no horizonte mais distante.

Portanto, não usem a escrita de “Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. Essa máxima está batida, defasada. Mas parece que a diretoria do São Paulo acha que todos são tolos e vão dormir nesse mar revolto.

Para encerrar, estou esperando as explicações do diretor de Beach Tênis, que foi desmascarado e cobrado publicamente na matéria que fiz sobre a camiseta verde. Ele se calou. E quem cala, consente.

Um comentário em “São Paulo funda movimento de gestão, prevendo, entre outros, transparência e ética. É sério, produção?

  1. Parabéns Paulo. Parece uma piada msm essa história. SPFC é um clube obscuro, fechado em si mesmo, com vários casos escabrosos de quebra de ética

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