A passagem de Juan Carlos Osorio pelo São Paulo esboçou profundas transformações no posicionamento de alguns jogadores, mas, abreviada por uma proposta mexicana e por entreveros com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, acabou deixando de herança uma série de opções ao argentino Edgardo Bauza, que, depois das breves passagens de Doriva e Milton Cruz, este interinamente, terá a missão de conduzir o São Paulo durante 2016.

Carlinhos, por exemplo, será lateral-esquerdo, volante ou ponta? Breno será mantido no meio-campo ou voltará à zaga? Rodrigo Caio e o jovem Lyanco também podem atuar nessas duas posições, assim como Hudson, volante ou lateral-direito.

Pelo menos sete jogadores do grupo do São Paulo se tornaram mais versáteis nas mãos de Osorio, mas as mudanças, em razão do pouco tempo de trabalho, não foram concretizadas. Agora, caberá a Bauza decidir: em que posição esses rapazes vão jogar?

Leia abaixo questões que o argentino poderá resolver a partir de agora.

O fato de Osorio tê-lo colocado em campo, depois de três anos, no segundo tempo do clássico contra o Corinthians, foi surpreendente por si só. Quando notou-se que ele estava no meio-campo, e não na zaga, onde foi eleito o melhor da posição no Brasileirão-2007, desbancou Thiago Silva nas Olimpíadas-2008 e conseguiu uma transferência milionária para o Bayern de Munique, o susto foi ainda maior.

E sabem o mais incrível? Breno jogou bem e, mantido na posição de volante, destacou-se em jogos contra Figueirense e Vasco. Uma artroscopia em seu joelho direito interrompeu seu desenvolvimento na equipe. Ele era titular. Agora, recuperado. Breno voltará ao centro da defesa ou continuará atuando à frente dos zagueiros, no meio?

Desde que foi promovido ao elenco profissional, em 2011, paira a dúvida: Rodrigo Caio é volante ou zagueiro? Até de lateral-direito ele chegou a jogar… Mas, em 2013, naquela fase tenebrosa que ameaçou o São Paulo de rebaixamento, ele começou a se destacar demais atuando na zaga, principalmente pelo impressionante desempenho no jogo aéreo.

No ano passado, Rodrigo Caio voltou a transitar entre os setores. No clube, há a clara impressão de que ele rende mais como zagueiro. Considerado um dos líderes do grupo após aposentadoria de Rogério Ceni, é bem provável que ele siga entre os titulares, mas onde? Caberá a Bauza decidir, e ele certamente levará em conta as carências tricolores em cada uma das posições.

Prestes a completar 19 anos (no dia 1º de fevereiro), o jovem é uma das apostas tricolores para 2016. Contratado no início do ano passado, logo subiu e foi bastante utilizado por Osorio: como zagueiro – posição de origem –, volante e até lateral-direito, um início semelhante ao que teve Rodrigo Caio. Destacou-se pela vontade em campo, muitas vezes num time nem tão aguerrido. A tendência é que, com Bauza, também comece o ano na defesa. A expectativa do presidente e do departamento de futebol é que ele seja mais utilizado do que em 2015.

Contratado pelo que havia feito na carreira como lateral-esquerdo, Carlinhos teve seus melhores momentos no São Paulo justamente num dos improvisos mais criticados de Osorio: como ponta pelo lado direito. Na visão do técnico colombiano, ele tinha como trunfo o drible e a facilidade de chegar ao fundo porque, apesar de atuar pela esquerda, é ambidestro. O camisa 6 fez boas partidas nesse setor. Depois, foi colocado no meio-campo, para dar mais velocidade à transição da defesa para o ataque, e novamente se destacou.

Na sua posição, entretanto… Apesar de bons cruzamentos, foi criticado pela fragilidade na marcação. Na lateral esquerda, o Tricolor está prestes a anunciar a contratação de Mena, ainda tem no elenco Reinaldo e Matheus Reis, sem falar em Inácio, um dos destaques da Copa São Paulo. O que será de Carlinhos com Bauza?

Chegou como volante, estreou como volante, mas depois da venda de Douglas, firmou-se como lateral-direito titular na campanha do vice-campeonato brasileiro, em 2014. Sua queda de rendimento durante 2015 chamou atenção. Antes confiável nas duas posições, passou a ser relegado em ambas. Voltou a ter chances no meio-campo na reta final, em razão das vendas de Denilson e Souza, e da cirurgia de Breno. Por enquanto, o São Paulo tem Bruno e Auro na lateral direita, mas ainda não repôs a saída de seus volantes. Dessa forma, a tendência é que Hudson comece a temporada no meio.

Principal jogador do São Paulo na reta final do último Campeonato Brasileiro e responsável direto pela vaga na Libertadores depois de marcar um gol no último segundo da vitória por 3 a 2 sobre o Figueirense, Thiago Mendes chegou ao Morumbi no início do ano passado com uma ideia na cabeça do departamento de futebol: ser treinado para atuar como primeiro volante e, assim, dar qualidade superior à saída de bola. Só que ele teve pouquíssimas chances com Muricy Ramalho, e, com Osorio, logo virou lateral-direito enquanto Bruno esteve lesionado.

De volta ao meio, jogou como primeiro homem, mas se destacou ainda mais como segundo. Na visão do clube, ele é um dos poucos que evoluem entre as linhas de marcação adversárias, graças ao ímpeto e força física. Por isso, Bauza deve aproveitá-lo mesmo como segundo volante, contando com esse poder de chegada ao ataque.

Lidar com Michel Bastos não parece das tarefas mais fáceis. Quando não está em sua posição preferida, o jogador chia. Ele gosta de ter liberdade ofensiva, atuar como ponta. Ano passado, fez isso com muita qualidade tanto pelo lado direito quanto pela esquerda. Mas, em momentos-chave, com Muricy Ramalho na estreia da Libertadores ou com Osorio, quando Carlinhos virou ponta, Michel retornou à origem na lateral, onde não suporta mais atuar.

E não deverá mesmo, com a chegada de Mena, em 2016. O camisa 7 também foi escalado como volante/meia em vários jogos. Teve bons momentos em razão de suas virtudes técnicas, outros piores, sem a mesma vontade que marcou o início de 2015. Além de encontrar a posição em que Michel Bastos renda mais, Bauza terá de identificar que setor do campo deixará o polivalente mais feliz.

 

Fonte: Globo Esporte