Balanço da Gestão – Aspectos Financeiros

Este final de semana, às vésperas da eleição para o Conselho Deliberativo, os sócios do São Paulo Futebol Clube receberam nas portarias do Clube um material impresso denominado “Balanço da Gestão Julio Casares”. Produzido em papel de alta gramatura, com impressão colorida de ótima qualidade, o documento tem uma apresentação impecável. Quanto ao conteúdo, vou comentar abaixo o que foi apresentado em termos do resultado financeiro do período.

Os números não mentem, mas números comparados em uma base aleatória podem levar a conclusões equivocadas. No documento acima citado, ao longo de quatro páginas são tecidos autoelogios à atual gestão, citando eventos pontuais de superávit e redução de endividamento que não traduzem o que efetivamente aconteceu se analisarmos o período todo considerado.

Para contrapor o otimismo exagerado da publicação oficial, vou utilizar a tabela apresentada nesse mesmo documento, localizada no topo da página sete, que mostro abaixo.

Figura 1 – Tabela Endividamento x Investimento x Resultado. Fonte: Balanço da Gestão Julio Casares

Ao se fazer um balanço de gestão, o ponto de comparação deve ser o estado de contas recebido do final da administração anterior. Qualquer comparativo que não utilize essa base deixa de ser um bom indicador da eficiência dos atuais gestores.

O documento fala em redução do endividamento líquido em 2022, mas ignora o primeiro ano da gestão Casares. Vejamos, na tabela acima, o que efetivamente aconteceu. Utilizarei os valores arredondados em milhões de reais, para efeito de simplificação e facilitar o entendimento.

O endividamento líquido recebido da administração Leco, encerrada em 31/12/2020, foi de R$ 575 milhões. Ao final de 2021, primeiro ano da atual administração, esse endividamento chegou a R$ 642 milhões. Os primeiros doze meses da presidência de Julio Casares foram marcados por um aumento de R$67 milhões na dívida líquida. Em dezembro de 2022, o endividamento líquido apresentado nos demonstrativos financeiros foi de R$ 587 milhões. Portanto, nos dois primeiros anos da atual gestão, houve o AUMENTO do endividamento líquido em R$ 12 milhões. Esse é o resultado parcial dos primeiros dois anos da gestão Casares quanto ao endividamento líquido.

Nas páginas repletas de elogios à melhora do balanço financeiro, é citado o superávit apurado em 2022, segundo o texto, o primeiro em três anos. Mais uma vez o redator se esqueceu que a gestão atual se iniciou em 2021. Vejamos os números do Resultado Operacional registrados na tabela acima.

Entre janeiro e dezembro de 2021 o São Paulo Futebol Clube apresentou um déficit de R$ 146 milhões. Em 2022, favorecido por uma receita excepcional de mecanismo e solidariedade e mais valia referentes às transferências de Anthony e Casemiro na Europa, o Clube teve superávit de R$ 37 milhões. Considerando os primeiros vinte e quatro meses da gestão Casares o resultado acumulado é um déficit de R$ 109 milhões.

O aumento das receitas recorrentes do período, em comparação com a administração anterior, não foi suficiente para equalizar os gastos. O SPFC de hoje, mesmo com as elevadas receitas de bilheteira e premiações da equipe de futebol, depende totalmente da venda de jogadores para buscar o equilíbrio financeiro, e precisa recorrer a empréstimos bancários para pagar contas do dia a dia e parcelas de empréstimos anteriores.

Em resumo, a atual administração obteve em seus dois primeiros anos os seguintes resultados:

DÉFICIT ACUMULADO DE R$ 109 MILHÕES

AUMENTO DO ENDIVIDAMENTO LÍQUIDO EM R$ 12 MILHÕES

Portanto, houve uma piora no balanço financeiro da Instituição quando comparado ao legado recebido de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

Até 2022 o SPFC publicava regularmente os “Relatórios de Diretoria”, onde nós sócios e torcedores podíamos acompanhar as atividades da administração e os resultados financeiros periodicamente. Essa prática foi abandonada este ano, e, dessa forma, não temos informação sobre os resultados financeiros do fechamento do terceiro trimestre, balanço de 30/09/2023, o que seria de muito interesse para todos os que amam o SPFC.

Por que a administração Casares estaria mantendo sigilo dos resultados financeiros de 2023?

Com as premiações recebidas e elevadas receitas de bilheteria do período, a expectativa é que os resultados parciais estejam muito bons, e o presidente gosta de compartilhar resultados positivos com a torcida. Será possível que os resultados financeiros estejam ruins?

A conferir quando forem publicados os demonstrativos financeiros oficiais.

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