SP trabalha com ‘mundo paralelo’ para usar Lei de Incentivo em Cotia

A diretoria do São Paulo teria de reinventar os procedimentos de controle administrativo nas categorias de base para começar a usar os R$ 12,5 milhões liberados via Lei de Incentivo ao Esporte não fosse a organização já disposta no CT de Cotia. Para aplicar dentro da legalidade o valor recebido, o clube não poderá usar nenhum centavo do montante para benefício de atletas de Cotia que já tenham contrato profissional, e só poderá custear aqueles menores de 16 anos, ainda com vínculo amador. E o São Paulo garante que já tem pronta a organização interna para isso, e que os profissionais não irão se beneficiar por ocuparem o mesmo espaço.

No decreto 6.180, da Lei de Incentivo ao Esporte, o destino dos recursos liberados pela captação dentro do projeto é claro: “É vedada a utilização dos recursos oriundos dos incentivos previstos no art. 1º para o pagamento de remuneração de atletas profissionais”, cita o art. 5º. “É vedada, ainda, a utilização dos recursos de que trata o caput para o pagamento de quaisquer despesas relativas à manutenção e organização de equipes desportivas ou paradesportivas profissionais de alto rendimento”, completa o texto.

Isso significa que, ao mesmo tempo em que mantém em um complexo de excelência todos os jogadores de base, entre jovens amadores e maiores de 16 anos já com contrato profissional, o São Paulo terá de aplicar os R$ 12,5 milhões de forma que só os amadores sejam beneficiados. Ou seja, ajudas financeiras, compra de equipamento, refeições, pagamento de profissionais como treinadores e manutenção de instalações voltadas para aqueles que já tiverem assinado contrato profissional não poderão sair do montante.

“Há, no São Paulo, todo custo definido. Tudo que sai do caixa internamente é definido. Refeições, por exemplo, são definidas. Nós sabemos quem tomou um lanche e quem estava lá. Temos controle sobre quem acessa o restaurante”, afirma o diretor-adjunto Marcos Tadeu Novais, que era diretor do futebol de base do São Paulo até o ex-presidente Juvenal Juvêncio ter ocupado o cargo logo após ser sucedido por Carlos Miguel Aidar.  “Nós sabemos quem está em formação, quem está profissionalizado, sabemos quem é funcionário”, completa Novais.

Segundo o adjunto, a parte mais simples do controle que terá de ser feito nessa separação de recursos é em relação ao pagamento dos salários. Aqueles profissionalizados, mesmo ainda treinando em Cotia, tem a remuneração paga pela diretoria de futebol que trabalha no CT da Barra Fundo. A ajuda de custo aos jogadores que não possuem um acordo profissional é feita pelo departamento de base, em Cotia. “No dia a dia temos esse controle. Em todo o sistema de pagamento tem a diferença. É uma diferença administrativa e financeira do recurso que sai para a ajuda de custo e do recurso que sai para pagamento de atletas”, afirma o diretor-adjunto.

Segundo Marcos Tadeu Novais, a diretoria do São Paulo ainda vai se reunir para definir os detalhes de como serão utilizados os R$ 12,5 milhões, que, como explicado, só podem ser aplicados no custeio do esporte amador. O valor é o resultado corrigido de R$ 9,8 milhões captados por dois projetos dentro da Lei de Incentivo ao Esporte: o centro de formação de jogadores, em Cotia, e o Kiatleta, iniciativa com crianças que moram perto ao estádio do Morumbi que busca introduzir os jovens em diferentes modalidades esportivas.

A primeira parcela, de pouco mais de R$ 6 milhões, entrou nos cofres do clubes nesta terça-feira. O clube receberá a outra parcela com o restante nas duas primeiras semanas de junho.

Ao apresentar o centroavante Alan Kardec como reforço do clube, na última semana, o presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar afirmou que o clube havia recebido um montante via Lei de Incentivo ao Esporte e que seguia como “comprador”. Apesar de não poder utilizar os R$ 12,5 milhões para investir em reforços, o São Paulo argumenta que o valor libera outro montante previsto no orçamento para o custeio do futebol amador em Cotia.

 

Fonte: Uol

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