São Paulo inicia ano zerado em lesões musculares

A movimentação no Reffis no início desta temporada é bem diferente da anterior. Em 2012, neste mesmo período, quatro jogadores já haviam sofrido lesões musculares, além de diversos outros problemas que tiraram atletas de partidas. Mas neste ano a situação no clube mudou, e ninguém ainda teve esse tipo de lesão, que costuma afastá-los por algumas semanas.

A prevenção é o ponto mais exaltado por Ney Franco. Se a fisiologia era esquecida na comissão técnica de Emerson Leão, agora o fisiologista Hamilton Tavares ganhou companhia para cuidar da recuperação dos atletas. Rogério Neves, médico fisiologista, que também trabalha na Seleção Brasileira e já passou por diversos clubes, chegou ao São Paulo em 2013, indicado pelo treinador Ney Franco.

Os treinamentos são planejados e conversados com todos os setores da comissão: preparação física, técnica, fisioterapia e fisiologia. Com um trabalho integrado, os atletas são monitorados diariamente e o controle é total.

Luis Fabiano, que teve diversos problemas musculares desde 2011, está 100% neste ano. O objetivo da comissão técnica é fazer com que ele passe a temporada toda sem nenhuma lesão nos músculos.

– O fato de eu estar na Seleção e aqui com ele já ajuda. O que não quer dizer que não irá ocorrer nenhuma lesão. Mas se depender desse cuidado que temos, a lesão associada ao desgaste não vai ocorrer. A marcação é cerrada – afirma o fisiologista Rogério Neves.

No ano passado, Osvaldo sentia dores musculares por até dois dias depois dos jogos. Agora, com a ajuda de um aparelho trazido por Neves (veja abaixo), a recuperação do atacante é mais rápida. Em campo, ele é o destaque do time. Sem lesões, sobram opções para Ney.

Algumas etapas do controle dos atletas

1 – Os atletas recebem suplementos após as atividades e nos intervalos dos jogos. O período de duas horas depois das partidas é o de maior recuperação para os músculos.

2 – A recuperação continua até 20 horas depois da partida. Os atletas fazem diversos trabalhos fora do campo, um é com o aparelho abaixo.

3 – Com um sistema de GPS, a comissão técnica controla a velocidade máxima de cada atleta nos jogos, o período da partida em que atingiu o auge, quantos metros percorreu, entre outros dados, que são coletados e integrados a outros exames.

4 – Os jogadores são submetidos a exames para monitorar o nível da enzima CK, liberada pelo organismo quando submetido à atividade. Se o nível estiver muito alto, maior o risco de uma lesão muscular.

5 – Os jogadores são questionados diariamente sobre a condição física que se encontram. Eles também são perguntados sobre como foi a noite de sono. Todas essas respostas subjetivas são confrontadas com os dados objetivos de cada.

Recuperação muscular ativa por eletrosimulação – No dia seguinte das partidas, os jogadores estão sendo submetidos a tratamento com o aparelho Compex 3. Ele aplica choques em regiões localizadas do músculo. Apesar dos choques, é diferente da fisioterapia. O objetivo  é prevenir, e não curar. Na internet, o aparelho é vendido por mais de três mil euros (R$ 7,7 mil).

Jogadores que passaram pelo Reffis no início de 2012 (Paulo Miranda, Fabrício, Rafinha e Luis Fabiano tiveram lesões musculares):

Rogério Ceni – Sofreu duas lesões no ombro direito e passou por cirurgia. Voltou só em julho.

Piris – O lateral-direito teve um edema na coxa direita e foi desfalque em dois jogos.

Paulo Miranda – Lesão na coxa direita o tirou dos três primeiros jogos da temporada.

Rhodolfo – Um incômodo na coxa esquerda o tirou da partida contra o São Caetano.

João Filipe – O zagueiro teve dores musculares na coxa esquerda e ficou fora de uma partida.

Wellington – Rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo e ficou cerca de seis meses fora.

Fabrício – Teve uma contratura na panturrilha direita em seu primeiro jogo pelo Tricolor.

Rafinha – Jogou pouco e sofreu uma contratura no músculo adutor da coxa direita.

Luis Fabiano – Ficou mais de um mês fora por estiramento no músculo posterior da coxa direita.

Jogadores que passaram pelo Reffis no início de 2013 (Nenhuma lesão muscular. Wallyson chegou em fim de tratamento):

Cortez – Com dores na coxa direita, ficou fora da primeira partida da temporada.

Negueba – Sofreu lesão no ligamento do joelho direito. Só volta no segundo semestre.

Rogério Ceni – Sentiu dores no ombro esquerdo e foi desfalque em dois jogos neste ano.

Paulo Miranda – Após uma pancada, sentiu dores no joelho esquerdo e fez uma artroscopia no local.

Confira um Bate-Bola com Rogério Neves, médico fisiologista do São Paulo:

Existe algum segredo para o São Paulo não ter tido nenhuma lesão muscular no início do ano?

O segredo é a somatória de tudo. Quando acaba o jogo, você precisa começar a recuperar o músculo. O principal é voltar o glicogênio para o músculo de novo. Isso é fundamental. Se não, ele vai chegar para uma outra sessão de treino não recuperado. E aí vai haver desgaste. A sequência do atleta levará a um desequilíbrio físico e, se não tiver a recuperação, vai acarretar uma fadiga muscular. Os atletas ficam vulneráveis à lesões musculares.

O quanto diminuem as chances de lesão com essa prevenção?

Se a gente estiver muito bem ajustado, a gente vai ter o atleta bem minimizado em relação à lesão. A gente não tem tido cãimbras. A cãimbra pode ser consequência de um atleta mal-preparado, mal-hidratado, sobrecarrega de treino, que chegou à exaustão na partida… Tem diversas causas e não estamos tendo.

Como é a relação com os atletas diariamente?

A gente fez uma palestra quando chegamos e explicamos como funcionaria. Da mesma forma como vai para o campo treinar, ele vem recuperar. Ele não vai se quer, faz parte do treinamento. No treino, deixamos à vontade a hidratação. No vestiário, tem uma abordagem e indicação. É uma oferta assistida.

Há uma expectativa de evitar lesões até quando?

Tomara que isso perdure pela temporada toda porque tem uma sequência de jogos pela frente.

Fonte: Lance

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