Recopa mudou regulamento em 94 para ter bi são-paulino no Japão

O São Paulo aceitou, em 1994, o risco de perder um bicampeonato ganho. Campeão da Libertadores e da Supercopa Libertadores do ano anterior, automaticamente seria também o vencedor da Recopa Sul-americana, mas achou conveniente financeiramente uma alteração no regulamento para pôr a conquista em jogo diante do Botafogo (que ganhou a Conmebol de 93), em partida única em Kobe, no Japão.

Patrocinadora do torneio, a Japan Airlines pressionou os organizadores pela mudança. A maior companhia aérea asiática usou argumento de que já havia sido prejudicada na temporada anterior, permitindo que São Paulo e Cruzeiro decidissem no Morumbi e no Mineirão por conta da falta de datas disponíveis para deixarem o Brasil. Com os dólares oferecidos, a diretoria tricolor se convenceu e topou trocar o certo pelo duvidoso.

A delegação viajou sem Muller. O atacante alegava dores musculares, mas, segundo A Gazeta Esportiva, não foi porque não quis. A atitude irritou Telê Santana, porém o treinador tinha confiança no reserva imediato. Enquanto se decidia entre Vítor e Juninho Paulista – a escolha interferiria se Cafu jogaria no meio-campo ou na lateral -, confirmou sem titubear que o homem de frente seria Guilherme, então artilheiro do Campeonato Paulista, com oito gols marcados.

Montagem sobre fotos Gazeta Press e Divulgação

Na fotografia mais conhecida do título, que não tinha Muller, Guilherme é um dos mais sorridentes

Na madrugada de 26 de setembro, para o horário de Brasília, o time subiu ao gramado do Kobe Universiade Memorial, que recebia público de 31 mil pessoas, e confirmou o título vencendo por 3 a 1. “Foi um jogo bonito (transmitido ao vivo pelo SBT) e agradável de ver. O Botafogo perdeu, mas em momento algum deixou de procurar o gol. Já o São Paulo aproveitou melhor as oportunidades e jogou o suficiente para ganhar”, dizia a crônica do jornal, no dia seguinte.

 

O substituto de Muller, como Telê esperava, destacou-se. A equipe paulista abriu o placar aos 12 minutos, com Leonardo – após receber de Guilherme e chutar duas vezes para vazar o goleiro Wagner -, mas levou o empate aos 24 minutos do segundo tempo, em pênalti sofrido por Túlio e convertido por Roberto Cavalo. Quatro minutos mais tarde, o próprio Guilherme desempatou ao aproveitar escanteio cobrado por Juninho, o qual entrou somente na etapa final.

O triunfo parcial não era garantia, pois o Botafogo vinha criando boas chances ao longo de toda a partida, principalmente com Sérgio Manoel. Mas uma nova participação de Guilherme, aos 42 minutos, ajudou o São Paulo a decretar o resultado: após chute do atacante acertar a trave, Euller completou para a rede e correu ao banco de reservas para abraçar Telê.

Na fotografia mais conhecida do título, que obviamente não tinha Muller, Guilherme é um dos mais sorridentes, ao lado de Vítor, Júnior, André, Doriva, Cafu, Leonardo, Palhinha, Euller, Axel, Juninho e outros que nem atuaram, como o goleiro Rogério Ceni, pouco conhecido na época. Zetti e Válber levantam o troféu principal. Mais abaixo, Caio (ex-atacante e atualmente comentarista esportivo) segura a taça Japan Airlines, com uma aeronave em cima do globo.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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