Traves do Morumbi e Mineirão ajudaram Zetti a frear Ronaldo em 93

A primeira final da Recopa Sul-americana de 1993, entre São Paulo e Cruzeiro, foi disputada em 26 de setembro. Quatro dias depois de Ronaldo comemorar aniversário. No Morumbi – e depois no Mineirão, na segunda partida da decisão -, o atacante mostrou o porquê de ter ganhado de Careca a vaga entre os titulares da equipe mineira mesmo estando em início de carreira, com 17 anos recém-completados.

Muito em função das atuações de Zetti, o título ficaria com o time paulista, campeão da Libertadores de 92, mas a então jovem promessa foi uma grande ameaça ao goleiro já no jogo de ida. Com cinco desfalques e três jogadores que haviam acabado de voltar da Seleção Brasileira e estavam mal fisicamente (Cafu, Leonardo e Palhinha), o lento São Paulo errou muitos passes, ao passo que o adversário apresentou aplicação na marcação e seu talento precoce.

Aos 32 minutos do segundo tempo, Ronaldo quase retribuiu com gol a confiança do técnico Carlos Alberto Silva. Após corte mal feito da defesa, ele cabeceou com estilo e viu Zetti saltar para tocar a bola com a mão direita. Ela bateu no travessão e voltou ao mesmo lugar. Cercado por quatro marcadores na grande área, o cruzeirense se desvencilhou de três deles até ser desarmado, para alívio da maioria dos 12.974 presentes.

Reprodução/A Gazeta Esportiva

Atacante, que entrou em campo com recém-completados 17 anos, era esperança cruzeirense

Telê Santana, treinador são-paulino, não ficou nem um pouco satisfeito com o que chamou de “desinteresse” de seus jogadores no empate em branco, segundo A Gazeta Esportiva. Já Ronaldo deixou o Morumbi contente, mas sem a certeza de qual rumo tomaria sua carreira. “Espero deslanchar”, falou o jogador, eleito pelo jornal o grande nome da primeira final, a qual, por falta de datas exclusivamente para a Recopa, valia também pelo Campeonato Brasileiro.

“Realmente é difícil se adaptar à essa bagunça do futebol brasileiro. Mas é assim mesmo, quando não se tem programação, o profissional tem de se adaptar”, opinou o técnico do clube mineiro, bicampeão português pelo Porto em 92/93, a respeito da confusão no calendário.

O segundo confronto, sim, foi válido apenas pela Recopa. Vencedor da Supercopa Libertadores, o Cruzeiro jogava em casa, diante de 20 mil pessoas, e novamente seria superior no tempo regulamentar. Novamente com Ronaldo como diferencial. Assim como no duelo de ida, Zetti contou com ajuda da trave, desta vez a esquerda, para impedir que o atacante marcasse de cabeça, aos nove minutos da etapa final.

O novo 0 a 0 levou a decisão aos pênaltis. O time mineiro tinha Sérgio Guedes no gol, e o São Paulo mais uma vez apostava em Zetti, que vinha de duas falhas recentes (no Brasileiro, diante de Flamengo e Internacional), mas voltara a ganhar confiança com as atuações ao longo dos 180 minutos contra o Cruzeiro. Além de ver os gols de Dinho, Cafu, Válber e Ronaldão e o chute para fora de Paulo Roberto, defendeu uma cobrança. De Ronaldo. Enfim, o camisa 9 cruzeirense se dava por vencido pelo camisa 1 tricolor.

“O Ronaldo surgiu muito rápido, era uma revelação. Não tinha experiência, mas muita explosão. Sem contar a rapidez de raciocínio. Batia de perna direita, de perna esquerda, tirando a bola do alcance dos goleiros. Essa era nossa preocupação, mas, no fim, deu tudo certo. Eu estava no ápice da carreira. No início da década de 90, ganhei todos os títulos e estava em uma condição física excelente, treinado pelo Valdir Joaquim de Moraes. Tanto que cheguei à Copa do Mundo, em 94”, recorda Zetti, citando o torneio em que foi colega justamente do ex-cruzeirense.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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