Kalil critica tratamento dado a Lúcio e já planeja as mudanças no São Paulo

Kalil Rocha Abdalla foi diretor jurídico do São Paulo desde o mandato de Marcelo Portugal Gouvêa. Permaneceu 12 anos no Tricolor até se desligar das suas funções em agosto de 2013. Então, foi convidado para ser o candidato à presidência do clube na oposição e está confiante quanto à sua vitória.

– Essa eleição não vai ser acirrada, vai ter diferença de 20, 30 votos – declarou o candidato, ao LANCE!Net, durante entrevista de cerca de uma hora e trinta minutos na redação do jornal, em que cumprimentou os funcionários que encontrou e fez brincadeiras.

A seguir, o homem que planeja “dar uma nova cara” à administração do São Paulo fala sobre as suas metas, críticas à atual gestão, Morumbi e muito mais…

LANCE!Net: Você pretende encurtar o seu mandato e fazer uma reformulação estatutária?  Isso não acarretaria algumas crises dentro da sua chapa?
A eleição é em abril de 2014, o mandato vai até abril de 2017. Se eu quiser esticar até o final de 2017, vão dizer que eu estou ultrapassando, quebrando o conceito, desrespeitando o Estatuto. Então, eu me prontifico e termino em dezembro de 2016. Vou ficar com um problema. Aquele conselheiro que foi eleito até abril vai falar: “Não quero, quero continuar até abril”. Na reforma do Estatuto, vou sugerir que seja respeitado o mandato deles até abril. Mas já com o mandato menor para outra gestão.

L!: Tem outra reforma em mente?
A principal reclamação é a de que alguns querem a eleição direta, mas causa um problema. Porque no São Paulo, não sei te dizer o número correto, mas 50% dos sócios não são são-paulinos. É pessoal que frequenta, mora no bairro. Isso é perigoso.

L!: Há conciliação entre você e Aidar após as eleições. Ele pode fazer parte da diretoria caso você vença?
Não, não está na minha chapa. Tenho de respeitar quem trabalha comigo e não com quem é meu amigo.

L!: E se ele te convidar caso vença?
Eu não aceito.

L!: Dá para montar um time competitivo já nesta temporada?
Eu não sei o que vou encontrar pela frente, porque de janeiro até abril estará nas mãos do Juvenal, da diretoria. Hoje eles têm o campo aberto. Eu não sei se estão cogitando do problema de dinheiro, numeralha, mas se não estiverem cogitando, poderão contratar muita gente. Vamos ver.

L!: Voltando à política, por que a oposição boicotou a votação para o projeto do Morumbi?
O grupo de oposição não boicotou nada, o grupo de oposição se posicionou contra um absurdo que lhe foi imposto. O presidente chegou no conselho, marcou a reunião no conselho, onde queria a ratificação de um contrato que já está assinado por ele. Precisa de ratificação do contrato, que isso que o conselho determina. Essa ratificação necessita de 75% dos conselheiros, então, antevimos que ele só teria cento e poucas pessoas lá e que não iríamos entrar.

L!: Você trabalhou no jurídico do clube e nunca viu esse contrato?
Não, o contrato nunca foi ao jurídico. Nunca passou ao jurídico. Eu falo com segurança, porque estava lá e não nos foi exibido. Era ligação Manssur (assessor especial da presidência)-Juvenal, Juvenal-Manssur.

L!: Após o quórum mínimo não ter sido atingido, houve uma reunião para esclarecimento de dúvidas quanto ao projeto. Por que você foi embora antes do término?
Eu deixei mais cedo porque a reunião não tinha valor, porque a reunião estava ali para forma. Não estava se discutindo, nem ia ser aprovado mais nada. Apenas foram dadas algumas explicações. Ouvi alguma coisa, vi até quando o Jaime Franco (conselheiro) fez perguntas, depois começaram a respondê-las e aí saí.

L!: Contigo, o projeto de modernização do Morumbi sairá do papel?
Sim, não tenho dúvida. Eu sempre fui a favor e conheço o pessoal da Andrade Gutierrez (construtora).

L!: Você é provedor da Santa Casa de Misericórdia. Como administrará a instituição e o São Paulo FC?
Trabalho com tudo.

L!: Com as 39 unidades e clube?
Claro, por quê?

L!: E atenderá aos jornalistas?
À vontade, terão porta aberta a hora que quiserem, já disse isso. É claro que você precisa de ordem, mas tendo uma ordem, não tem problema.

L!: O que imagina para o futebol?
Eu tenho um superintendente para o futebol que será contratado. A mesma coisa já fiz com um técnico, um técnico de renome, para a base.

L!: Cotia está sendo mal gerida?
Muito mal, porque eu não vejo nada de útil lá. Tira um jogador que saiu de lá, ou dois, e o resto sumiu.

L!: Pensa em outras mudanças?
Administração. Vai ser toda modificada. O clube é uma maravilha, o CT não tem igual no mundo. Então, não sei o que falta. A impressão que tenho é que é só ir lá para jogar bola.

L!: Além da base, você tem outras mudanças em mente?
Não tenho explicação do porquê saíram Carlinhos Neves (preparador-físico), Turíbio (fisiologista), Rosan (fisioterapeuta), isso tudo, não tenho. E quem os substituiu? Foram pessoas do mesmo gabarito?

L!: Muitos dizem que foi Adalberto que demitiu os profissionais…
Sei que o nome dele é um nome de peso contrário, pesado para cair. Eu não quero entrar na discussão de nada, que a desgraça do São Paulo é o Adalberto. Não vou me manifestar nesse sentido. Eles inventaram o Adalberto, engulam o Adalberto. Problema é deles, não meu.

L!: Carlinhos Neves também recebia um alto salário.
E qual o problema? E vale a pena pagar R$ 500 mil para o Lúcio?

L!: O que você achou da contratação do zagueiro Lúcio, em 2013?
Eu acho que a contratação do Lúcio foi uma tentativa, o cara estava vindo da Europa, pegaram o cara como posso pegar um jogador e não dar certo. Ele está sem jogar, perdoa o cara, dá uma chance, pede uma explicação, ninguém conversou com ele.

L!: O que fazer para Luis Fabiano retomar o bom rendimento?
O São Paulo tem de conversar com ele, porque não está jogando nada. Ele corria pelo menos, você pode não acertar o gol, nem sempre se acerta, mas tem de demonstrar vontade.

L!: Recentemente, cogitou-se a ideia de Juvenal Juvêncio ter um busto no Centro de Treinamento da Barra Funda. O que acha disso?
No CT que ele não quis, porque eu arrumei para comprar o CT.

L!: Conte-nos mais sobre isso.
Foi na gestão do Serra como prefeito. O secretário da gestão me chamou, falou que teríamos de começar a pagar aluguel do CT.  Falei que não dava, porque já tinha o Ministério Público promovido uma ação contra o São Paulo e contra Prefeitura, que tinha feito o contrato e que nesse contrato não estávamos pagando nada. E o Ministério Público perdeu. Quer dizer que agora eu tenho de te pagar? Está errado. Surgiu uma lei na prefeitura que autorizava o clube, aos ocupantes das áreas cedidas, a adquirir por seis anos de prazo para pagamento. Levei para o Juvenal, está aqui. “De jeito nenhum, não quero comprar”. Não quis comprar. Você coloca isso na folha de pagamento como se fosse um jogador. Não sei porque ele não quis, talvez poque teria que pagar IPTU. Se eu compro, além da prestação eu tenho de pagar o IPTU, que é caríssimo.

L!: Você se considera um bom entendedor de futebol?
Não preciso ser. Eu sou um gestor, vou cuidar do clube. Quem indicará  jogador, acho que é o técnico, o diretor e o superintendente.

L!: Recentemente, você reclamou publicamente após Ceni ter perdido três pênaltis seguidos. Como é a sua relação com ele?
Tenho amizade com ele. Eu não falei no sentindo pejorativo nenhum. Eu, se fosse o chutador de pênalti, chutaria no alto. Eu não falei mal, não critiquei o Rogério, apenas disse que se fosse técnico não gostaria que meu atleta chutasse três vezes e errasse.

L!: Caso assuma, você deve lidar com a aposentadoria de Ceni. Tem algo planejado para ele?
Eu não estou imaginando nada, ele é um jogador como outro qualquer. É um ídolo, eu não estou sendo contra. Tenho fotografia “Renova, M1T0”, que tiraram minha. Ele tem obrigação de jogar.

L!: Como fará para se reaproximar de outros clubes?
Eu sou amigo de todo mundo. Marco Polo (presidente da FPF e vice da CBF) é meu amigo. O Luis Álvaro foi meu colega de primeira turma no ginásio, presidente do Santos. O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, usou a camisa da Santa Casa em dois jogos agora. Só não tenho ligação com Mário Gobbi (presidente do Corinthians), mas já o encontrei em um restaurante de São Paulo.

L!: Como lidará com o mercado inflacionado para conseguir reforçar o time e trazer atletas?
Controlar como eu controlo a Santa Casa, da melhor maneira.

Fonte: Lance

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