A crise no São Paulo confirmou uma situação praticamente nova na carreira de Muricy Ramalho. O técnico encontrou respaldo justamente naqueles de quem se acostumou a desconfiar: os dirigentes que trabalham no CT, local sagrado para Muricy.
O vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro e o gerente executivo Gustavo Oliveira foram os condutores das conversas que decretaram a continuidade do trabalho. E se engana quem pensa que a atitude foi motivada apenas pela vaidade de não entrar em contradição – a cúpula do São Paulo, o presidente Aidar e Ataíde, costuma dizer que Muricy só sair se quiser.
Primeiro: antes do clássico contra o Palmeiras, já havia uma espécie de pacto implícito do departamento de futebol com Muricy. Resumo: se o técnico sair por algum tipo de pressão política ou algo que não esteja ligado à qualidade do trabalho, a tendência é que Ataíde e Gustavo sigam o mesmo caminho. Não só por solidariedade, mas principalmente por discordância.
Segundo: o próprio Muricy deixou a diretoria em situação confortável caso optasse pela demissão.
– Deixei eles (dirigentes) à vontade, para tirar o compromisso deles. Não é algo bom. Tem de ser algo aberto. Meu contrato no São Paulo não tem multa. Deixei eles livres desse compromisso de não poder me demitir – afirmou o técnico, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, sobre ter colocado ou não o cargo à disposição.
Outros profissionais do CT elogiam a blindagem da diretoria. Um dos ouvidos pela reportagem chegou a chamar Ataíde de “o novo Juvenal Juvêncio”. O ex-presidente bancou Muricy na maior parte da passagem anterior, apesar das cornetas no seu ouvido.
Neste ponto, pesa também a figura de Gustavo. Ataíde ouve muito o filho de Sócrates antes de tomar as decisões. São parceiros. Relação que se estende a Muricy.
Fonte: Lance