Vexames, renúncia, vaga e o fim do M1TO: o intenso 2015 do São Paulo

Um ano com muitos insucessos dentro e fora de campo, polêmicas no campo político e que terminou com festa pela vaga garantida na Taça Libertadores da América de 2016. É dessa maneira que pode ser analisado o ano do São Paulo, que passou em branco e não conquistou títulos em 2015. A temporada ainda marcou as despedidas de Luis Fabiano e Rogério Ceni, que deu seu adeus em grande festa realizada no estádio do Morumbi, diante de 60 mil pessoas.

O Globo Esporte faz abaixo uma listagem dos principais acontecimentos que envolveram a equipe do Morumbi em 2015.

ANIMAÇÃO NA VOLTA AOS TREINOS

breno são paulo (Foto: Marcelo Hazan)Breno é apresentado no São Paulo (Foto: Marcelo Hazan)

Depois do vice-campeonato brasileiro conquistado em 2014, o São Paulo voltou aos treinos em 2015 sonhando alto. Em relação ao elenco que havia disputado a última temporada, apenas Kaká havia saído para ir ao Orlando City. Poucos reforços foram contratados. Entre os que chegaram, o maior destaque era Breno, que voltava a ter uma rotina de jogador de futebol após ficar três anos presos na Alemanha por ter incendiado a casa onde morava.

URUGUAIO DÁ ADEUS

Alvaro Pereira se despede do São Paulo (Foto: Divulgação/saopaulofc.net)Alvaro Pereira se despede do São Paulo (Foto: Divulgação/saopaulofc.net)

Ainda em janeiro, o São Paulo perdeu Alvaro Pereira que, após se desentender com o então técnico Muricy Ramalho, pede para ser negociado. O jogador, que havia terminado o ano anterior como titular, não se conformava de começar a nova temporada na reserva de Carlinhos, um dos reforços que haviam chegado. Após ter recebido várias propostas, a diretoria do São Paulo acertou a saída do defensor para o Estudiantes, da Argentina.

DERROTA NA ESTREIA DA LIBERTADORES

Depois de alguns jogos no Campeonato Paulista, a equipe estreou na Taça Libertadores enfrentando o Corinthians na arena de Itaquera. A enorme expectativa se transformou em grande decepção com a derrota por 2 a 0. Mais do que o resultado, impressionou o fraquíssimo futebol apresentado pela equipe tricolor, que passou a ser alvo de muitas críticas de sua torcida.

O GRINGO DE R$ 13 MILHÕES

Apresentação de Centurion (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)Apresentação de Centurión (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)

Depois de perder Dudu para o Palmeiras, o São Paulo foi ao mercado e resolveu apostar suas fichas no argentino Ricardo Centurión, destaque do Racing, da Argentina. Para contratar o jogador, o clube pagou o equivalente a R$ 13 milhões. O valor foi desembolsado pelo investidor Vinícius Pinotti, que emprestou o dinheiro ao clube. Meses depois, ele se tornaria diretor de marketing. Dentro de campo, o gringo teve um ano muito irregular, com poucas apresentações de destaque.

VEXAME DIANTE DO RIVAL

No dia 25 de março, o São Paulo enfrentou o Palmeiras na casa do adversário e perdeu por 3 a 0, com direito a gol do meio-campo de Robinho. Pelo que foi o jogo, a equipe poderia ter sofrido uma goleada ainda pior, tamanho o domínio do adversário. O resultado pressionou o técnico Muricy Ramalho e sua demissão começou a ser cogitada. Na saída do estádio, o vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, classificou o resultado como “uma vergonha”.

LESÃO DE ALAN KARDEC

Alan Kardec, maca, San Lorenzo x São Paulo (Foto: Marcelo Prado)Alan Kardec se machuca contra o San Lorenzo (Foto: Marcelo Prado)

Dentro de campo, o time seguiu mostrando muita irregularidade. Para piorar, a equipe perdeu um de seus jogadores mais importantes, Alan Kardec, que sofreu grave lesão no joelho direito, que o deixaria seis meses longe dos gramados. A contusão ocorreu em jogo contra o San Lorenzo, na Argentina, ainda pela primeira fase da Taça Libertadores.

MURICY SE DESPEDE

Muricy Ramalho, Botafogo-SP X São Paulo (Foto: Rogério Moroti / Futura Press)Muricy Ramalho deixou o São Paulo em abril. Atualmente está no Flamengo (Foto: Rogério Moroti / Futura Press)

No dia 5 de abril, o São Paulo perdeu por 2 a 0 para o Botafogo, em Ribeirão Preto, e Muricy Ramalho, na entrevista coletiva, deu sinais de extremo cansaço, sem forças para lutar pela recuperação da equipe. No dia seguinte, após uma reunião com o presidente Carlos Miguel Aidar e com o vice Ataíde Gil Guerreiro, o treinador deixou o São Paulo para cuidar de sua saúde.

VITÓRIA GARANTE CLASSIFICAÇÃO

Com uma campanha irregular na primeira fase da Libertadores, a equipe chegou à última rodada da fase de classificação precisando vencer o Corinthians para seguir adiante no torneio. Com grande público no Morumbi e sob comando interino de Milton Cruz, a equipe fez uma de suas melhores partidas na temporada e venceu por 2 a 0, gols marcados por Luis Fabiano e Michel Bastos. O adversário na fase de oitavas de final seria o Cruzeiro.

ELIMINAÇÃO NA LIBERTADORES

Foram dois jogos muito parecidos contra o Cruzeiro. No Morumbi, o São Paulo foi amplamente superior e venceu apenas por 1 a 0 porque o goleiro Fábio praticou grandes defesas. No Mineirão, o domínio foi da Raposa, que ganhou pelo mesmo placar e levou a decisão para os pênaltis. Na hora da decisão, a equipe comandada por Marcelo Oliveira foi mais competente e garantiu a classificação. Acabava o sonho de Ceni de se aposentar com o título da Libertadores.

POLÍTICA FERVE

Leco presidente São Paulo (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)Leco, novo presidente do São Paulo (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Enquanto o time derrapava dentro de campo, o clima político nos bastidores era ruim. No dia 20 de maio, o então presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, barrou a votação do pagamento de uma comissão de R$ 18,3 milhões para a empresa intermediária no acordo com a Under Armour, nova fornecedora de material esportivo, na reunião da última terça-feira à noite, no Morumbi. Leco alegou falta de documentos e desconfiança generalizada do órgão para tomar essa decisão. O presidente Carlos Miguel Aidar começava a balançar.

OSORIO CHEGA AO SÃO PAULO

Após negociar com alguns treinadores, a diretoria acertou a contratação do técnico colombiano Juan Carlos Osorio, que foi apresentado no CT da Barra Funda no dia 1º de junho. Com a fama de promover rodízios entre os jogadores, ele chegou sob enorme expectativa. Sua estreia ocorreu cinco dias depois, na vitória por 2 a 0 sobre o Grêmio, no Morumbi.

FOI E VOLTOU

Rodrigo Caio São Paulo (Foto: Ale Cabral/Estadão Conteúdo)Rodrigo Caio foi negociado e depois retornou ao São Paulo (Foto: Ale Cabral/Estadão Conteúdo)

No dia 12 de junho, o São Paulo acertou a venda do polivalente Rodrigo Caio para o Valencia por € 12,5 milhões (R$ 44 milhões). O jogador se despediu dos companheiros, viajou para a Espanha para realizar exames e se apresentar ao novo clube, mas, na hora de assinar o contrato, desistiu. Isso porque várias cláusulas que estavam no contrato inicial foram retiradas do documento final. O jogador não concordou, e o negócio foi desfeito. O atleta ainda negociou com o Atlético de Madrid, mas a negociação seria por empréstimo, e o jogador também não concordou.

COMEÇOU O DESMANCHE

Souza São Paulo Treino (Foto: Renata Lutfi/saopaulofc.net)Souza foi um dos jogadores que saíram do São Paulo (Foto: Renata Lutfi/saopaulofc.net)

No dia 18 de junho, o clube anunciou a negociação de Paulo Miranda com o RB Salzburg, da Áustria, por R$ 9,5 milhões. Foi apenas a primeira das oito saídas que ocorreram no elenco até o final de janela de transferências. Saíram: Denilson (Al Wahda), Rafael Toloi (Atalanta), Boschilia (Monaco), Ewandro (Atlético-PR), Jonathan Cafu (Ludogorets), Souza (Fenerbahçe) e Doria (não teve o empréstimo renovado). O time, como não poderia deixar de ser, caiu muito de rendimento no Campeonato Brasileiro.

CAPITÃO RECLAMA

O desmanche provocado pela diretoria de futebol provocou muitas críticas do goleiro e capitão Rogério Ceni, que, após uma derrota para o Atlético-PR, disse que o clube precisava entender a necessidade que ele tinha de conquistar um título em sua despedida. E que com as saídas que aconteceram, isso ficaria mais difícil. A diretoria se defendeu dizendo que apenas três titulares foram negociados e que, por isso, o time tinha condições de seguir lutando no Brasileiro.

OSORIO ATACA DIRETORIA

 De personalidade forte, Juan Carlos Osorio também se manifestou sobre as negociações feitas pela diretoria. Ele disse que não havia sido comunicado que o clube venderia tantos jogadores e que o elenco pecava pela inexperiência. Para piorar, após uma derrota para o Flamengo, em julho, ele deixou no ar a possibilidade de ir embora, já que havia recebido uma mensagem com críticas de uma pessoa ligada ao clube. Tempos depois, descobriu-se que o remetente era o presidente Carlos Miguel Aidar.

SAI OSORIO, ENTRA DORIVA

Irritado com Aidar e sem clima para seguir sob o comando do presidente, Osorio decidiu aceitar a proposta da seleção do México e sair do Tricolor. Na despedida, ele ignorou o nome do antigo mandatário e agradeceu nominalmente Ataíde Gil Gurreiro e Milton Cruz. Doriva o substituiu. Logo de cara, o novo treinador impôs choque de filosofia e acabou com o rodízio nas escalações do time.

AIDAR RENUNCIA

Carlos Miguel Aidar renunciou ao cargo de presidente do São Paulo no dia 13 de outubro. Diante de graves acusações do vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, e em meio a uma crise política sem precedentes na história do clube, ele foi convencido de que deixar o cargo seria a melhor opção. O principal motivo da saída foi a gravação de uma conversa entre ele e Ataíde, na qual Aidar fala sobre pedidos de comissões em negociações do São Paulo. O áudio só foi divulgado em dezembro.

O presidente despediu-se dos funcionários por e-mail e entregou sua carta de renúncia, em reunião com Antônio Claudio Mariz de Oliveira, advogado e conselheiro do clube. Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do Conselho Deliberativo, assumiu interinamente e depois foi eleito com 138 votos. Newton do Chapéu, da oposição, teve 36 votos e 19 pessoas votaram em branco, no dia 27 de outubro.

ELIMINAÇÃO NA COPA DO BRASIL

Em crise fora dos gramados, o São Paulo foi eliminado pelo Santos nas semifinais da Copa do Brasil, com duas derrotas por 3 a 1, no Morumbi e na Vila Belmiro. A queda tornava obrigatória a busca pela vaga na Taça Libertadores pelo G-4 do Brasileirão. Justamente no dia 28 de outubro Rogério Ceni fez sua última partida oficial. Na ocasião, o goleiro teve uma ruptura do ligamento tíbio-fibular do pé direito em dividida com Lucas Lima.

6 X 1

Nenhuma eliminação na temporada doeu tanto no torcedor são-paulino quanto a goleada para o time reserva do arquirrival Corinthians por 6 a 1, em Itaquera, no dia 22 de novembro. O resultado provocou indignação e cobrança de torcida e diretoria. Leco condenou a falta de comprometimento de alguns jogadores. A equipe foi comandada pelo interino Milton Cruz, que seguiu no cargo até o fim do ano.

VAGA NO G-4

Apesar da derrota para o arquirrival, o São Paulo reuniu forças e conseguiu na última rodada confirmar a vaga na primeira fase da Libertadores de 2016. O time venceu o Goiás, rebaixado para a Série B, por 1 a 0, no estádio Serra Dourada, em Goiânia. O resultado positivo só veio nos minutos finais, com gol de Rogério e muita comemoração.

ADEUS, FABULOSO

Ídolo do São Paulo, Luis Fabiano encerrou seu ciclo no clube após o fim do Brasileirão. O centroavante recebeu homenagens e foi cumprimentado pelo presidente Leco, em uma entrevista coletiva marcada por emoção e lembranças do jogador, terceiro maior artilheiro da história do clube com 212 gols. O centroavante se transferiu para o Tianjin Songjiang, da China.

FIM DO M1TO

Depois de 25 anos de dedicação ao São Paulo, Rogério Ceni, o “M1TO” para a torcida, se aposentou. O fim nos gramados foi abreviado por uma lesão no ligamento do pé direito. O ídolo colecionou números históricos: 1.237 jogos, 978 partidas como capitão, 623 vitórias, 131 gols e muitos títulos. No documentário acima, produzido pelos jornalistas Alexandre Lozetti e Diogo Venturelli, você pode conferir um resumo da trajetória do goleiro de 42 anos no Tricolor, que se despediu em jogo festivo para mais de 60 mil pessoas no Morumbi.
Fonte: Globo Esporte

2 comentários em “Vexames, renúncia, vaga e o fim do M1TO: o intenso 2015 do São Paulo

  1. Um ano péssimo, por falta de adjetivo melhor.

    Mais do que títulos, que 2016 traga mudanças no sistema político do clube que torne possível o aparecimento de novas lideranças e o rejuvenescimento do SPFC com novas idéias e perspectivas.

    O mundo mudou não dá pra um clube permanecer tão burocrático, conservador, fechado.

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