Veja por que só Bauza passou no ‘vestibular para técnico’ que São Paulo fez

O São Paulo apresenta às 12h desta quarta-feira (23) o argentino Edgardo Bauza, 57, como novo técnico da equipe para a temporada de 2016. Bicampeão da Libertadores, Bauza chega à capital paulista depois de fechar acordo na última quinta-feira, em Quito, no Equador, após encontro com o diretor executivo de futebol do clube, Gustavo Vieira de Oliveira. Bauza foi escolhido porque aceitou trabalhar dentro de um modelo de futebol apresentado pelo São Paulo.

O método foi ousado e pouco comum. Em vez de procurar um modelo de treinador, a diretoria estabeleceu um projeto de futebol e foi à caça de um nome que se enquadrasse e aceitasse trabalhar com as diretrizes propostas. O São Paulo reconhece que o processo invertido foi arriscado, uma vez que passou 40 dias sem técnico, sofreu pressão da torcida e poderia ter virado o ano sem comando, mas agora comemora. Vários nomes não passaram no “vestibular” tricolor. Entenda abaixo como Edgardo Bauza convenceu o São Paulo.

1. Disciplina dentro e fora de campo

A derrota por 6 a 1 para o Corinthians fez o então recém empossado presidente Carlos Augusto de Barros e Silva falar publicamente sobre um problema há meses diagnosticado no elenco são-paulino e até aquele momento tratado em sigilo: nem todos os jogadores demonstram o mesmo comprometimento e empenho para atingir metas coletivas.

Para agravar o problema, o capitão Rogério Ceni se aposentou. Na análise da diretoria do São Paulo, tal carência faz com que o elenco precise de um treinador que preze pela disciplina também fora de campo, para manter o grupo empenhado ao longo de toda a temporada e menos focado em individualidades. E, nessa análise, Bauza preenche o requisito.

2. Padrões táticos atualizados

O São Paulo sabe que Bauza não oferece a mesma ofensividade e estilo de jogo com altíssima pressão, como o colombiano Juan Carlos Osorio, mas considera que o argentino se mostrou nos últimos anos um dos mais atentos às revoluções táticas do futebol. Tem o 4-2-3-1 como esquema preferido já há alguns anos, com variações para o 4-4-1-1. Para o São Paulo, é importante que o treinador esteja atento aos conceitos mais modernos do futebol.

3. Modelos de ataque e defesa definidos

A diretoria do São Paulo quis saber de cada treinador os modelos ofensivo e defensivo que preferem adotar. Teve em Osorio um modelo ofensivo de poucas e rápidas transições, foco maior em investidas do que em posse de bola e um modelo ofensivo que contava com o conceito de ataque posicional – um trio de frente que exerce pressão intensa à defesa adversária – e, defesa em linha avançada e, por exemplo, poucos homens nas bolas paradas defensivas. Apesar de distintos, Bauza agradou por ter apresentado ideias de futebol definidas e possibilidade de ajustar tais conceitos ao elenco são-paulino.

4. Disposição para trabalhar com análise de dados

O São Paulo implementa desde o fim do ano passado um departamento de análise de dados, que trabalhará junto ao departamento de futebol na análise de performance interna – dos próprios jogadores – e externa – de jogadores que poderão ser contratados. Questionado, Bauza informou que está disposto a trabalhar com os profissionais do novo departamento e gostará de receber e debater as análises de performance.

5. Formação e revelação de jogadores

Em momento financeiro delicado e sem poder fazer grandes investimentos, o São Paulo planeja fazer maior e melhor uso dos jogadores provenientes das categorias de base a partir de 2016. Para isso, consultou treinadores sobre a possibilidade de revelar jovens e desenvolvê-los no time principal, e viu em Edgardo Bauza disposição para tal tarefa.

6. Sucesso em últimos trabalhos

Esse foi pré-requisito: quando definiu o modelo de futebol a ser desenvolvido em 2016, o São Paulo também fechou o leque de opções para treinadores vitoriosos. Antes de Edgardo Bauza, a diretoria conversou com o uruguaio Diego Aguirre e não gostou do que ouviu. Depois, ainda consultou os argentinos Jorge Sampaoli e Marcelo Bielsa, e não viu viabilidade de acordo por motivos financeiros. A opção, então, foi por Edgardo Bauza, que impressionou os dirigentes não só pelos títulos da Copa Libertadores – em 2008, pela LDU, e em 2014, pelo San Lorenzo –, mas pela capacidade de fazer bons trabalhos com elencos não tão badalados, como o clube espera para 2016.

 

Fonte: Uol

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