Tudo empolga Juvenal em 2014. Ah, menos Pato…

O presidente Juvenal Juvêncio está satisfeito. Sente-se realizado pela atuação que parecia improvável do São Paulo no mercado de transferências para montar o time de 2014. A nova grande estrela da companhia, no entanto, não será tratada como tal, e nem é a que mais encanta: Juvenal encara a transferência de Alexandre Pato ao Morumbi como a chance de recuperar um jogador talentoso, e não como a chegada de um astro. Os adjetivos do presidente para Pato são modestos, num discurso que faz parte da tentativa de tirar do jogador de 24 anos o status de popstar.

Entre o fim de 2013 e o início de 2014 o São Paulo contratou os laterais Luis Ricardo e Alvaro Pereira, o volante Souza e o atacante Dorlan Pabon, além de Pato. Saíram Rafael Toloi, Lúcio, Carleto, Caramelo, Jadson, Welliton, Negueba, Silvinho e Aloisio. Juvenal ressalta que as dispensas foram tão importantes quanto os reforços. Questão de planejamento, ao qual foi dada maior atenção do que nos últimos anos. Juvenal não fala em melhor time, mas vê a atuação da diretoria na última janela de transferências como a melhor e mais precisa de sua gestão, que começou em 2006.

Pato chega, segundo Juvenal, por um pedido de Muricy. Uma vez que a oportunidade bateu à porta do Morumbi, o técnico foi o primeiro a dizer que gostaria. A execução desse e de outros processos no mercado – traçada a partir de um planejamento com o vice João Paulo de Jesus Lopes – rendeu parabéns aos executores. O presidente faz uma série de elogios ao gerente de futebol Gustavo Vieira de Oliveira, a quem no fim de 2013 ele deu a missão de contratar jogadores de alto nível sem a possibilidade de fazer investimentos. Eles vieram e, segundo Juvenal, graças ao convincente discurso de Gustavo, descrito como grande negociador.

UOL Esporte: Qual a expectativa do senhor em relação ao Pato? Espera um grande jogador ou pensa que é um reforço a ser recuperado?
Juvenal Juvêncio: 
Ele é ameno. Ainda não falei com ele porque não o encontrei, hoje (terça-feira) estou na presidência e não fui ao CT, então não o encontrei. A expectativa é por um jovem talentoso que não foi muito feliz nesse retorno dele ao Brasil, ao Corinthians. Nós esperamos que ele tenha melhor sorte conosco. Eu tenho muito boa impressão, como cidadão e atleta, também aplaudo.

UOL Esporte: Qual motivo faz o senhor pensar que ele pode se dar melhor no São Paulo do que se deu no Corinthians?
Juvenal Juvêncio:
 Achamos que ele pode ter sucesso no São Paulo porque tem nosso perfil, e porque o técnico referenda essa contratação. Isso surgiu do próprio Muricy.

UOL Esporte: Surgiu do Muricy? Como foi a negociação?
Juvenal Juvêncio: 
Confesso tudo isso foi meio rápido. Sabe aquela coisa de quando você recebe um telefonema e é isso? Recebemos, falamos com o treinador, Muricy disse que conhecia o Pato lá do sul, de quando foi técnico do Internacional (2005). Ele nos falou qualquer coisa, disse que tinha uma boa referência do Pato, e que tem um bom relacionamento com ele, com o empresário (Gilmar Veloz). Então fizemos…

UOL Esporte: E, pelo que chegou ao senhor, por que o Pato foi oferecido ao São Paulo?
Juvenal Juvêncio:
 Como deu aquele estresse lá no centro de treinamento, aquele do Corinthians com ele, de torcida que invadiu e tal, e a mídia já anunciou que a situação com ele era difícil, nos colocaram que esse era um atleta para o qual nos poderíamos candidatar.

UOL Esporte: Não se esperava muito do São Paulo no mercado de transferências entre 2013 e 2014, mas a surpresa, no papel, é positiva. O clube contratou Luis Ricardo, Alvaro Pereira, Souza, Pabon e Pato praticamente sem fazer investimentos. Na análise do senhor, considera essa a melhor atuação do São Paulo no mercado da sua gestão?
Juvenal Juvêncio:
 Considero. Acho que a gente caminhou apanhando muito nos últimos tempos, mas nós fomos aprimorando esse nosso método de trabalho. Hoje estamos num ponto bastante avançado. É chato repetir essa história, eu sei que é, mas tem jogadores que jogam lá e não jogam aqui. Isso tem muito, nós vivemos isso nos últimos anos. É algo assim, inexplicável, mas existe. É dos mistérios do futebol. Aconteceu.

UOL Esporte: E qual foi a diferença nesse ano? O que o São Paulo fez de diferente?
Juvenal Juvêncio: 
Foi tudo mais pensado. Dessa vez fizemos melhor, o mercado foi mais visto, nós vimos também mais as nossas necessidades e o que poderíamos mudar. Vimos ali quem colocar, quem poderia sair. Foi tudo bem mais planejado.

UOL Esporte: A quem se deve esse melhor planejamento? Essa foi a primeira janela de transferências do São Paulo depois da saída do ex-diretor de futebol Adalberto Baptista, que comandou o departamento por mais de dois anos…
Juvenal Juvêncio: 
Eu coloquei mais a mão. Quando ele (Adalberto Baptista) saiu eu entrei nisso, para poder fazer, porque eu precisava e o clube precisava. Participei de cada caso. Mas dava os parâmetros e não mais. Só isso. O resto é o negociador que tem a sua margem.

UOL Esporte: E quem é o negociador que fez isso?
Juvenal Juvêncio: 
Hoje é o Gustavo (Vieira de Oliveira, gerente de futebol). Ele tem a margem, ele tem a disciplina. Ele conhece o futebol, conhecei o meio. É um bom negociador, usa argumentos fortes, sérios, não muda a opinião dele aos ventos. O cara vai falando com ele e vai acreditando cada vez mais no que ele fala. Ele tem argumentos fortes. Tem vivência internacional, viaja, vai para o leste europeu, fecha negócios… Se ele viaja para fechar um contrato, faz tudo, participa de tudo.

UOL Esporte: Recentemente o candidato que o senhor nomeou para a sucessão presidencial, Carlos Miguel Aidar, afirmou que procura o “novo Juvenal” para que seja diretor de futebol do clube a partir da eleição, se vitorioso, como fez com o senhor em 1984. O senhor pensa que o Gustavo poderia exercer essa função no futuro, caso decidisse virar conselheiro e trilhar algum tipo de carreira política no clube?
Juvenal Juvêncio: 
Hoje não dá, porque obrigatoriamente, estatutariamente, ele não pode ser remunerado. E ele precisa ser remunerado, porque é advogado, tem seu currículo. Precisaria ganhar a eleição para conselheiro, e hoje ele não ganharia. Mas ele segue o ritmo dele. Ele cumpre bem o que está fazendo também porque está no lugar certo com os poderes certos.

UOL Esporte: Existe alguém que atenda à procura pelo “novo Juvenal” de Aidar?
Juvenal Juvêncio: 
Não, não existe. Vamos ver se caminhamos sem esse comprometimento nesse processo eleitoral. Aí depois ele (Carlos Miguel Aidar) vê o que faz.

UOL Esporte: Com esse time, que hoje no papel parece ser muito bom, qual será a obrigação de Muricy Ramalho como treinador?
Juvenal Juvêncio: 
Obrigação? Obrigação vai ser fazer esse time jogar. Vai ter que trazer resultado.

UOL Esporte: Resultado é título?
Juvenal Juvêncio: 
Resultado é sucesso. No futebol infelizmente não tem outro caminho. Mas nós esperamos isso. Além de grandes jogadores esse elenco tem jovens da base prometem muito. E isso faz a diferença. Quando esses jogadores se ajustam, mudam o time.

UOL Esporte: Esse é o último time que o senhor monta para o São Paulo, e se mostra satisfeito com o resultado. O senhor deixa o clube com que sentimento em relação ao futebol?
Juvenal Juvêncio: 
Eu deixo feliz, porque tenho consciência de que amanhã ou depois isso será referendado. De qualquer forma, acho que será referendado. A administração de um clube… A grande população quer ver os gols que o time marca. E eu não sou contra, mas não é só isso. Eu quero que ela saiba… o clube é uma coisa danada, no clube não tem acionista majoritário. No clube todos são iguais, têm o mesmo volume de ações que é no máximo permitido, que é uma ação. No clube, o cara que tem 40 anos de São Paulo e o que entrou agora há pouco têm o mesmo poder. No clube você tem a paixão…

Fonte: Uol

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