São Paulo muda postura e investe R$ 45 milhões em reforços no ano

No comando do São Paulo desde 2006, o presidente Juvenal Juvêncio sempre foi conhecido pela postura rígida nas negociações – leia-se “mão fechada”. Nos primeiros anos de sua gestão, o Tricolor se notabilizou por contratar jogadores que estavam em término de contrato – assim, evitava-se gastar com indenizações a outros clubes. Não foram poucos os atletas que estiveram na mira e acabaram optando por outras equipes porque o mandatário não quis investir.

Foi o caso, por exemplo, do meia argentino Dario Conca, que, em 2008, custaria US$ 300 mil (R$ 650 mil) pelo empréstimo de um ano, com o preço dos direitos fixados. Juvenal achou caro, o atleta foi para o Vasco, depois para o Fluminense e, no ano seguinte, tornou-se o melhor jogador do Campeonato Brasileiro – acabou vendido para o Guangzhou Evergrande, da China, por US$ 12 milhões (R$ 24 milhões, na cotação atual).

Em 2012, isso mudou. Incomodado com o fato de a equipe ter ficado fora da Taça Libertadores pelo segundo ano consecutivo, Juvenal abriu os cofres: até o momento, foram investidos R$ 45 milhões em 11 jogadores. Foi a maior reformulação feita no clube nos últimos cinco anos.

Com Ganso, Jadson, Cortez, Rafael Toloi e Osvaldo, o São Paulo desembolsou R$ 40,8 milhões, sendo que a contratação do meia revelado pelo Santos se tornou a maior da história do futebol brasileiro – R$ 24 milhões, sendo boa parte disso bancada pelo Grupo DIS. O clube também contou com a ajuda de investidores na compra de Rafael Toloi. Houve ainda “negociações menores”: Fabrício, Paulo Miranda, Edson Silva, Paulo Assunção, Maicon e Douglas, juntos, custaram R$ 4,2 milhões ao São Paulo.

chamada carrossel investimentos são paulo (Foto: arte esporte)

 

A mudança não foi planejada, mas forçada. O vice-presidente de futebol são-paulino, João Paulo de Jesus Lopes, explica que, como os concorrentes se fortaleceram financeiramente, há mais dinheiro circulando e, por isso, o Tricolor teve de se adaptar.

– O São Paulo sempre teve sua filosofia de investimentos. Ocorre que antigamente era muito fácil contratar. Outros clubes não tinham conhecimento sobre a Lei Pelé (que deixa o jogador livre do passe e, portanto, pode escolher o clube onde quer jogar, após o término de seu contrato) e o São Paulo tinha tranquilidade para trazer quem quisesse. De uns tempos para cá, isso mudou bastante. O futebol brasileiro está forte financeiramente, e os clubes estão investindo muito. Por isso, tivemos de nos adaptar – diz Jesus Lopes.

O dirigente, por outro lado, afirma que o clube não está “esbanjando dinheiro”, apesar de ter arrecadado R$ 84 milhões com a venda do meia Lucas para o PSG, da França, e de ter assinado novo contrato de patrocínio no valor de R$ 23 milhões anuais, pagos por uma empresa de eletrônicos. Houve ainda a venda de Oscar para o Internacional, que rendeu ao clube do Morumbi R$ 18 milhões – e foi esse o dinheiro utilizado na compra de Ganso. Há, portanto, todo o dinheiro de Lucas e do patrocínio novo a serem investidos. A diretoria pretende, porém, destinar boa parte dessa arrecadação para a reforma do Morumbi – o projeto está orçado em R$ 300 milhões, sendo parte bancada por uma empresa, a Andrade Gutierrez, que teria retorno com as receitas de shows e eventos no estádio.

– Continuamos trabalhando com a mesma rigidez de só gastar o que podemos. Dessa maneira, conseguimos pagar bons salários, luvas e premiações aos nossos jogadores – ressaltou o dirigente.

Mas os altos investimentos podem continuar, principalmente se o time conseguir a vaga na Taça Libertadores do ano que vem. Jesus Lopes diz que tudo será feito “com coerência”.

– Não podemos fazer como outros clubes que pagam salários astronômicos. Vejo que muitos torcedores sonham com as voltas de Lugano e Kaká. O problema não é acertar com os respectivos clubes, isso é bem possível. Só que o que os atletas recebem é completamente fora da realidade do São Paulo e do futebol brasileiro – finalizou.

Fonte: Globo Esporte

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