“Não estávamos lá para trocar camisa”, diz Lugano

Enfrentei ingleses nos dois confrontos provavelmente mais importantes da minha carreira em jogos de clubes: Liverpool, pelo São Paulo, e Chelsea, pelo Fenerbahçe. Ganhei o primeiro, perdi o segundo. Sabe qual foi a diferença principal?

Em 2005, acreditávamos que era possível. Não temíamos nem estávamos lá para trocar camisas depois da final. Nosso time tinha certeza de que era melhor tecnicamente do que o Liverpool (eu, alguma dúvida), algo que de forma natural gerava uma confiança enorme. Enorme, não. Diria que a confiança na medida certa.

Vou falar para vocês que aprendi a admirar esse modo dos jogadores brasileiros encararem os desafios mais difíceis. Irei além: me fizeram sentir o mesmo. Não poderíamos nos “apequenar”. Fisicamente já éramos muito menores do que os europeus (risos), só reparar a desproporção na entrada das equipes em campo.

Jamais revi aquela partida. Não preciso. Lembro-me dos detalhes, e fico louco da vida quando ouço que jogamos atrás.

Fizemos um primeiro tempo excelente, e, no segundo, atuamos dentro do que o jogo pedia.

Com calma (em nenhum momento percebi sinais de nervosismo), inteligência e, acima de tudo, concentração. Ou vocês acham que três gols anulados por impedimento acontecem por acaso?

Uma fração de segundo de bobeira, e o adversário estaria em situação legal. Como zagueiro da “sobra” precisava de atenção total. Tente encontrar um único jogador nosso que não tenha feito uma grande apresentação. Não vai achar.

Uniformidade era a marca mais forte do grupo. Nós nos gostávamos, nos gostamos. E em todas as ocasiões nas quais existe um encontro dos tricampeões, há sempre a sensação de que nos vimos no dia anterior.

Lógico que os triunfos fortalecem a união. Ciclo básico de qualquer grupo no futebol. Além do jogo final e da parceira, somos cúmplices nas imagens maravilhosas dos milhares de são-paulinos que se deslocaram até o Japão e dos milhões que nos receberam no Brasil. A cidade de São Paulo parou!

Sem exagero algum. Ali já notamos que grandiosa na verdade era a conquista. Não o jogador. É preciso ter equilíbrio para diferenciar os “tamanhos”. Este grupo tinha.

Entrei no gramado do Estádio Internacional de Yokohama machucado pela recente perda da repescagem do mundial de 2006 para a Austrália (nota da redação: em novembro de 2005, o Uruguai perdeu a vaga na Copa do Mundo em uma derrota para a Austrália nos pênaltis).

Saí de lá com a bandeira do meu país nas costas e uma estrela nova no distintivo do clube mais vitorioso do Brasil.

Mais à frente, defenderia a Celeste como capitão em duas Copas do Mundo. Graças, também, ao que conquistei no São Paulo. E o ápice dessa passagem vitoriosa deu-se naquela noite de 18 de dezembro de 2005.

A glória sempre vem pela coragem.
A TV Globo e o GloboEsporte.com vão reprisar o jogo do título mundial do São Paulo. A transmissão na TV Globo será neste domingo, às 15h45, para os estados de SP (capital, interior e litoral), Santa Catarina, Paraná (menos a capital), Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O GloboEsporte.com passa para todo o Brasil no mesmo horário.

 

Fonte: Globo Esporte

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