Lucas e Neres: joias do São Paulo eram brigados e hoje são esperança

Enquanto o torcedor do São Paulo se empolga com as boas atuações do atacante David Neres, outro jogador também de 19 anos morre de ansiedade. O meia Lucas Fernandes está fora desde junho, quando operou o joelho esquerdo, e não vê a hora de jogar com o parceiro de base. Só será possível em 2017. Mas tanto Lucas quanto Neres já aprenderam que o tempo cura.

Companheiros de time desde o sub-13, Lucas Fernandes e David Neres nem sempre foram parceiros. A verdade é que não se gostavam. Um queria ser melhor que o outro, de acordo com Lucas. Mas o tempo passou e a dupla protagonista no time multicampeão sub-20 agora só pensa em brilhar no profissional. São apostas do São Paulo para retomar o caminho das conquistas a partir do ano que vem.

– Dentro de campo, a gente não se dava bem, não. Era um querendo se dar melhor que o outro, era competição o tempo todo. Mas depois vimos que nós dois juntos podíamos fazer bem mais e foi o que aconteceu. Nos juntamos e melhorou muita coisa – contou Lucas Fernandes, em entrevista ao LANCE!.

Além do joelho em que sofreu rompimento de ligamento, Lucas precisou operar o ombro esquerdo e ainda precisa cumprir algumas etapas para voltar a jogar. Perderá as férias. Enquanto os colegas estiverem curtindo, ele estará em tratamento no CT. Mas não faz mal. O objetivo do garoto, como contou neste bate-papo no intervalo de uma sessão no Reffis, é voltar o quanto antes. O são-paulino e o parceiro David Neres, autor de gol na goleada por 4 a 0 sobre o Corinthians, o esperam.

Como está a recuperação?
Um pouco demorada. Tem de ter paciência. Está evoluindo bem, pelo menos é o que pessoal fala. Tem de ter paciência para voltar.

Como lidar com isso período fora, a ansiedade?
Bate uma ansiedade grande, ainda mais agora que a molecada da base está sendo bem aproveitada. Vontade de jogar com eles, ajudar o São Paulo é indiscutível. Mas tem de ter paciência mesmo.

Ver David Neres e Luiz Araújo entrando, fazendo gols,  dá mais vontade de jogar?
Deixa mais ainda com vontade de jogar porque passamos por um momento difícil e hoje a molecada está dando conta do recado. Queria fazer parte disso, mas ano que vem será um ano bom para a gente.

Já se imagina jogando com eles, fazendo jogadas?
A gente conversa bastante, como que seria jogar nós quatro juntos, eu, Luiz Araújo, David, o próprio Lyanco. A gente imagina repetir agora no profissional o que fizemos na base.

Conta um pouco mais sobre o processo de recuperação. Que etapa está agora? O que ainda precisa trabalhar?
Da cirurgia no joelho estou em fase de fortalecimento, academia, estou liberado para correr, mas ainda o ombro que dá restrição. Vou fazer três meses da cirurgia no ombro, mais um mês posso dar um trote, fortalecer o ombro. Mas o joelho está bem, então é esperar o ombro para dar continuidade no trabalho.

Esse ano ainda volta a correr?
Volto, acho que esse ano ainda volto a correr, em dezembro já faço um trabalho com bola. No fim de janeiro já estou liberado, é a previsão.

Vai ter de fazer algo nas férias, como fica?
Sim, vou ficar direto. Não vou tirar férias, minha prioridade é terminar o mais rápido possível para ficar à disposição o mais rápido possível.

Sem férias?
Sem. Vou pegar só a data das festas, Natal e Ano Novo e voltar logo no começo de janeiro para retornar o mais rápido possível.

E não está incomodado com isso?
Ah, incomoda, mas eu estou acostumado porque na base a gente ficava em preparação para a Copa São Paulo. Faz uns quatro anos que não tenho férias. Para mim, a prioridade é o futebol, é minha saúde para voltar o mais rápido possível.

E o que está imaginando para 2017? Quais são os planos?
Primeiramente, quero voltar bem das duas cirurgias, do joelho e do ombro, sem dor, restrição, e dentro de campo buscar meu espaço, com trabalho, jogando para o time. Isso que vai falar se serei titular ou não.

Acha que 2017 será o ano da molecada?
Tem tudo para ser. Começamos bem em 2016, estreamos bem. Em 2017, a base tem tudo para dar jeito no time do São Paulo e ajudar a equipe a quem sabe sair com vários títulos.

A torcida está empolgada com o David Neres. O que pode falar dele, já que o conhece bem?
Eu jogo com ele desde os 13 anos, então eu tinha certeza de que quando ele entrasse, não sairia mais do time. Ele é muito frio, sabe o que tem de fazer dentro de campo. E é isso, vai ser difícil ele sair do time agora.

Por que tem tanta certeza disso?
Porque ele é craque. É isso. Não tem outra explicação. Ele é diferente, habilidoso, não tem medo de fazer a jogada. Ele é frio, isso que quero dizer.

Desde os 13, o que já fizeram juntos?
Já fizemos bastante coisa. Ganhamos bastante coisa na base. No começo, a gente não era muito amigo, não (risos). Era briga. Não se dava muito bem, não, mas depois foi jogando bastante tempo junto, aí virou amigo, a parceria falou mais alto e ansioso agora para jogar ao lado dele.

Não se davam bem quando tinham 13 anos?

Sim, aos 13, 14, não nos dávamos muito bem. Com moleque você sabe, né? É difícil a convivência. Mas aí o futebol nos uniu e o destino colocou a gente juntos.

Mas o que aconteceu? Discutiam sobre o jogo? O que era?
Dentro de campo, a gente não se dava bem, não. Era um querendo se dar melhor que o outro, era competição o tempo todo. Mas depois vimos que nós dois juntos podíamos fazer bem mais e foi o que aconteceu. Nos juntamos e melhorou muita coisa.

Acredita que suas característica de jogo podem somar ainda mais para ele e o contrário também?
Melhorar eu não sei se melhora, mas facilita. Porque é muito bom jogar com ele, a gente se entende, já sabe o jeito de jogar de cada um. Então é muito fácil jogar ao lado dele.

Como vocês se chamam entre vocês? Qual o nome da parceria?
Ah, eu chamo ele de “fecha”. De fechamento. E ele também me chama assim. Nas redes sociais é sempre assim, é nosso nome que criamos.

O que projeta na sua carreira no São Paulo?
Já planifiquei. Quero voltar bem, para ter meu espaço no time, e fazer minha história aqui. Ser campeão, Brasileiro, Libertadores, quero ganhar títulos aqui e deixar meu nome na história desse clube. E depois, mais para frente, quando tiver ganhado títulos, consolidar minha carreira, quem sabe ir para a Europa. Mas primeiro quero construir aqui.

Tem conversado com o Ricardo Gomes?
Pouco, né? Porque fico muito tempo no Reffis, faço bastante coisa para o joelho, ombro, então é difícil bater um tempo com ele. Mas sempre que dá, venho no campo ver o que ele está passando para os jogadores, os treinamentos, porque é importante ver o que ele está passando para os companheiros.

Qual foi a importância de Edgardo Bauza, hoje técnico da Argentina, na sua carreira?
Foi a oportunidade que ele me deu, de estrear no profissional e a confiança que ele estava me dando. Agora é só manter o trabalho que ele começou aqui dentro do campo com os próximos treinadores que vieram.

Quando ele saiu você ficou chateado?

Não, é coisa do futebol. Um dia você está com um, outro dia com outro. É assim, tem de ter cabeça aberta para saber que um dia você estará num lugar e não terá mais seus amigos. O futebol gira rápido.

Qual a principal lição que tirou desse período parado?
Tirei que a gente não é nada. A gente é muito vulnerável. Trabalha bastante, mas em coisas de segundos, você pode estar em cima, e em segundos pode estar embaixo. É ter sempre a humildade, paciência, para conseguir estar em alto nível sempre.

O que você pode falar para os torcedores que estão na expectativa de te ver jogar ano que vem.
Eu posso dizer que o Lucas Fernandes em 2017 virá com muita vontade, de jogar, ajudar, de não deixar mais o time passar pela situação que passou. Espero ajudar o time a sair com títulos e gols, que é importante. Muita vontade.

O São Paulo nunca teve a base como referencial como o Santos, por exemplo. Chegou o momento de apostar nos garotos?
Chegou o momento, mas sempre pode confiar em Cotia. Sempre saíram grandes jogadores. Lógico que não muitos, mas os que vieram sempre deram conta. E vale a pena apostar na base, sim, a molecada tem força para dar o melhor no São Paulo.

 

Fonte: Lance

3 comentários em “Lucas e Neres: joias do São Paulo eram brigados e hoje são esperança

  1. Emanuel vc esqueceu de Fabio Aurelio, Ivan, André, Bordon, Breno, Hernanes, PAVÃO, CaTE, Gilmar, EdCarlos, Jameli, Tatu, Jaiminho, Senilson. etc para vc ter uma ideia, a CBF, tem levantamento que o club que m,ais exporto jogadores. QUEM FALA MAL DA BASE DO SÃO PAULO, NÃO SABE NADA DE FUTEBOL E NÃO CVONHECE O SÃO PAULO.

  2. Muito bom o comentário do José Emanuel!
    Nós torcedores são-paulinos somos imediatistas: queremos os meninos entrando e “arrebentando” no time. Isto acontece algumas vezes, como foram os casos do Kaká, Muller, Silas Zé Sérgio e Lucas, que entraram e logo despontaram como craques. Como é, agora, com o David Neres, que julgo melhor que o Lucas, porque mais goleador e com maior arsenal de jogadas (o Lucas precisa da bola nos pés e espaço para correr; o Neres utiliza também essas mesmas características, mas joga bem também em espaços curtos, além, como já afirmei, de ser muito mais goleador).
    Acho que, apesar das mutretas que todos sabem que rola nas categorias inferiores – e no São Paulo não deve ser diferente – acho superavitária as despesas demandadas por Cotia!!!

  3. Esta história de que o São Paulo não tem a base como referencial depende muito da época. Na década de 70, o clube teve Arlindo, Gilberto “Sorriso”, Zé Carlos Serrão, Serginho Chulapa, Mauro, Murici, Zé Sérgio. Na década de 80, vieram os “menudos” por volta de 85 (Muller, Sidney, Vizzoli, Silas). Em 94, quando o São Paulo ganhou pela primeira vez a “Copinha” com RC no gol, o clube poderia ter aproveitado mais jogadores. Como o clube estava muito bem, depois de 2 Libertadores e 2 mundiais, a maioria se deu bem em outros clubes.Ex: Pereira, Catê, Jamelli, Caio, André Luiz, Vitor). Sergio Baresi se tornou técnico da base anos depois. Neste início de século, tivemos Kaká e Cia (Julio Batista, Oliveira, Flávio Simplício). Em 2011, quatro campeões do sul-americano e Mundial (Bruno Uvini, Casemiro, Lucas, Henrique e seriam 5 se o Oscar através de seu empresário não tivesse se desvinculado do Clube). Agora existe uma nova “safra” a ser observada. No Santos não é diferente. Foram os “Meninos da Vila” da turma do Juari ( final dos anos 70?), “os Meninos da Vila” na versão Robinho e Diego e outros grupos. Este trabalho não é constante. Muitos jogadores saem do clube e vão até para o exterior sem que o torcedor o conhecesse. Lucas Piazzon, Gustavo Hebling (Zwolle- Holanda), Hugo Gomes (Granada – Espanha) são só alguns exemplos.

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