Lucão surgiu como um cometa no SP; hoje, luta para superar desconfiança

Lucas Cavalcante Silva Afonso, o Lucão, foi uma das joias mais cintilantes de Cotia. Figura onipresente em seleções de base, tinha a Olimpíada de 2016 no Rio como algo muito provável em um futuro próximo.

Estreou no time profissional do São Paulo em julho de 2013. Em janeiro de 2014, Muricy Ramalho o inscreveu no Campeonato Paulista, deixando o experiente Antonio Carlos fora da restrita lista de 28. Assumiu o posto de titular. Teve todo o apoio para se firmar.

Hoje, é a sexta opção para a zaga. Um reflexo da montanha russa que foi até agora a sua curta vida profissional.

Em baixa, ele recorre a outros dados para apontar em uma nova inflexão na carreira. “Eu tenho 20 anos e 80 jogos como titular do São Paulo. Quem tem um currículo assim?”, questiona.

Na verdade, foram 79 jogos e dois gols. O último deles foi na estreia da Libertadores, em 17 de fevereiro. “Perdemos para o Strongest, mas eu fui bem. Depois, nunca mais fui escalado.”

O problema foi o jogo anterior, dia 13 de fevereiro. Um 2 x 0 contra o Corinthians, em que falhou bastante. Um pouco mais longe os 6 a 1 contra o mesmo Corinthians, quando também falhou. O bastante – houve mais erros – para que a torcida passasse a tratá-lo como um pária.

“Eu sei que errei, sei que não estava totalmente pronto, mas quem está? Quem não erra?”, pergunta.

Ele sempre assumiu os erros. Nunca se recusou a dar uma entrevista após uma partida ruim. Sempre mostrou personalidade. “Não tenho nada a esconder”, diz.

Ele prefere ver 2016 como um ano de aprendizado e não de decadência, como grita a torcida. “Minha família me ajudou muito e estou mais forte emocionalmente. Estou pronto para aproveitar as novas chances.”

A torcida tem outra bronca de Lucão. Não aceita o fato de ele haver recusado uma transferência para o Porto como parte da negociação de Maicon.

Bronca injustificável, segundo ele. “Não foi assim, eu garanto. Teve um contato do Porto em um primeiro momento, mas depois eles recuaram. E eu não fui comunicado de nada. Se fosse bom para todos, eu iria, sim.”

O contrato vai até 2019. Antes disso, Lucão espera ter um novo capítulo no São Paulo. A concretização do sonho depende muito de três pessoas que tem opinião diversa sobre o assunto.

“Ele é o nosso melhor zagueiro. Nós não vamos perder o Lucão como perdemos o Casemiro”, diz Marco Aurélio Cunha, diretor de futebol.

“Ele é técnico, mas precisa aprende a usar o corpo. Se ele estiver bem, vai jogar, mas eu não vou escalar apenas para ajudar, como se fosse caridade”, diz o técnico Ricardo Gomes.

“O Lucão precisa dar um berro. Precisa dizer que deseja jogar, que está vivo, precisa mostrar mais nos treinos. Precisa se fazer notar ou vai dizer que gostou de ficar quase um ano sem chances”, diz Pintado, o auxiliar técnico.

Ele responde a todos. “Ao Marco, só tenho a agradecer. Ele tem me dado apoio como ninguém. Eu tenho aprendido muito com o Ricardo Gomes, que foi um grande técnico. E não vou pedir para entrar. Depende do que eu fizer nos treinos”, analisa.

O ano de 2017 é o da decisão. E ele se diz pronto. “Estou melhor e mais forte, com muita personalidade. Não vou decepcionar ninguém”, promete.

 

Fonte: Uol

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