Leandro, ex-Corinthians e São Paulo, quer título tricolor na Recopa

Há quem defenda a teoria de que jogar pelo Corinthians é uma experiência única, diferente de todas as outras vividas em qualquer outro clube. Mas há quem pense diferente. Mesmo conquistando títulos importantes pelo Timão (Copa do Brasil, Paulista e Rio-São Paulo), o atacante Leandro tem no peito e na ponta da língua o time do coração: São Paulo Futebol Clube.

Apesar do reconhecimento e do carinho pelo clube de Parque São Jorge, o amor do “Guerreiro” ou “Gianecchini”, como queiram, sempre foi pelo São Paulo, e não será diferente nesta quarta-feira, na final da Recopa entre as duas equipes, às 21h50 (horário de Brasília), no Pacaembu.

Bicampeão brasileiro pelo Tricolor, em 2006 e 2007, Leandro não mediu as palavras quando questionado sobre a sua torcida. Nas palavras do próprio jogador, será um jogo bastante difícil, já que o Corinthians é favorito. Porém, as passagens por Goiás, Fluminense, Grêmio e Vasco ensinaram ao atacante que clássicos e resultados improvavéis combinam e dependem apenas de “uma noite feliz”.

Leandro repete a cena que marcou a comemoração de mais um título brasileiro pelo São Paulo (Foto: Cleber Akamine)Leandro repete a cena que marcou a festa de título brasileiro pelo São Paulo (Foto: Cleber Akamine)

Aos 32 anos, Leandro está de volta ao Botafogo-SP, clube que o revelou em 2001, e que disputa a Série D do Campeoanto Brasileiro. Ele garante que o momento é de curtir a família e retribuir todas as conquistas pessoais, como atleta, graças ao time de Ribeirão Preto. Apesar da iminente aposentadoria, o jogador nega que o retorno seja o início do fim. Longe dos holofotes, Leandro quer recuperar o bom futebol e retomar a carreira em grandes clubes.

Atendendo ao pedido do GLOBOESPORTE.COM, o atacante subiu na trave do estádio Santa Cruz, repetindo a cena que marcou as comemorações do São Paulo, na conquista do Campeonato Brasileiro de 2006, e do Fluminense, no título do Campeonato Carioca, em 2005.

Leandro Corinthians 2002 (Foto: Wander Roberto / Futura Press)Leandro jogou no Corinthians entre 2001 e 2003
(Foto: Wander Roberto / Futura Press)

GLOBOESPORTE.COM: Você não esconde sua paixão pelo São Paulo. Por que esse amor pelo Tricolor?
Leandro:
 Em todos os clubes que passei, pude ser campeão. Mas pesa a questão da valorização. Foi um momento vitorioso na minha carreira, em que eu pude vencer junto com um grupo diferenciado. Foram dois anos de vitórias e muitas conquistas, fato raro no futebol brasileiro. Aquele time era campeão ou aparecia na briga pelo título. Mas o principal, acima dos títulos até, é o reconhecimento do torcedor. Até hoje sou convidado para receber homenagens em São Paulo, nas sedes das torcidas. Fui campeão nos outros clubes, tenho um carinho muito grande pelo Corinthians, por ter me contratado em 2001 do Botafogo-SP, mas o reconhecimento que eu tive no São Paulo jamais será esquecido.

Foram títulos e reconhecimento dos torcedores ou tem o peso de torcer pelo time desde criança?
É, não foram só títulos. Desde pequeno, sempre gostei do São Paulo, sempre torci pelo time. Ter passado por lá e conquistado títulos foi a realização de um sonho. Quando criança, o que eu mais queria na minha vida era ser campeão no São Paulo. Quando fui contratado, aproveitei cada momento, dei o máximo em todas as bolas, e agora fico na torcida para que eles possam vencer sempre. Não escondo isso de ninguém.

odas essas declarações pró-São Paulo não apagam um pouco da sua passagem vitoriosa pelo Corinthians?
Não esqueço e sempre serei muito grato ao Corinthians. Foram quase três anos fantásticos. Três títulos, um vice-Brasileiro, aprendi muito lá. Sei que marquei a minha história no clube e tenho boas lembranças. Era um grande time, com jogadores que puderam me ajudar na época. Vampeta, Luizão são caras que vou guardar para o resto da minha vida, que acrescentaram demais na minha personalidade e na minha vida profissional. Devo muito ao (Carlos Alberto) Parreira também, que me ensinou muito tecnicamente. São pessoas por quem eu torço e, sempre que encontro por aí, converso bastante.

O Rogério Ceni tem demonstrado uma certa chateação com a fase do time, e até mesmo com os próprios companheiros. Tudo pode mudar nesta quarta-feira. Você imagina o que ele esteja passando para o grupo num momento como este?
O Rogério é diferente de tudo e de todos. Ele deixa claro no dia a dia do clube como devemos agir, como seremos cobrados. É um cara que se prepara o tempo todo e faz do treino um jogo. Ele sempre jogou e lutou pelo time, e não será diferente. O São Paulo está passando por um momento difícil, mas no clássico as coisas se igualam. Podemos ter surpresas, e nem sempre o melhor vence. Espero que o São Paulo possa quebrar essa escrita mais uma vez, que eles façam um bom jogo, e que consigam ser campeões.

leandro gianechini São Paulo 2007 (Foto: Evelson de Freitas / Agência estado)Leandro em ação pelo São Paulo: sonho de
criança (Foto: Evelson de Freitas / Agência Estado)

Você aponta o Corinthians como favorito absoluto?
Pelo padrão de jogo, pelo time que praticamente não foi mexido, o Corinthians está à frente. O São Paulo vem com muitos problemas, alguns jogadores afastados e que poderiam estar jogando, são muitas mudanças. Não tem como ter outra opinão. Acho que o Corinthians é favorito, mas no clássico tudo pode acontecer. O São Paulo pode estar em uma noite feliz e vencer o jogo.

Quer dar algum recado para os seus amigos são-paulinos?
Que não falte empenho. Lutem, dediquem-se porque para vencer um clássico contra um time de peso, um time a ser batido na América, e que joga um futebol diferente, todos têm de estar unidos, juntos, abraçados. É preciso dedicação.

Você jogou com o Danilo e com o Fábio Santos também, né? Vai torcer contra eles, então?
(Risos) São meus amigos, mas acho que o São Paulo está precisando mais desse título. O Corinthians vem de um ano maravilhoso, e o título pesaria mais para o lado do São Paulo.

Leandro reencontra troféu conquistado em 2001, no vice-campeonato Paulista, pelo Botafogo (Foto: Cleber Akamine)Leandro reencontra troféu do vice do Paulistão, em
2001, pelo Botafogo-SP (Foto: Cleber Akamine)

Esse retorno ao Botafogo-SP soa como aposentadoria. É o fim da carreira ou ainda há gás para defender um time da Série A, por exemplo?
Não estou pensando em encerrar a minha carreira. Aceitei o convite do Botafogo por tudo aquilo que foi feito por mim, e por pensar na minha família. É o momento de curtir meus filhos, que estão crescendo. As pessoas não sabem, mas o jogador de futebol fica muito ausente, e eu estava perdendo esses momentos. Além disso, sempre desejei voltar ao meu clube, o time que me revelou, e espero ver todos felizes.

Já pensa em algo para o futuro, depois que pendurar as chuteiras?
Ainda tenho alguns anos para jogar. O que eu sei fazer é jogar futebol, e penso em trabalhar no meio. Enquanto eu tiver saúde, força para correr e fazer o que eu sempre fiz, que é chegar na frente e ajudar na marcação, vou continuar jogando.

Jogar no Botafogo-SP, na Série D, não tira você da vitrine? Você não tem outras propostas?
O momento não é financeiro. O momento, hoje, é para ajudar o clube, por gratidão, e pela minha família. Nesta terça-feira, por exemplo, é aniversário do meu filho. É um dia especial que eu nunca tive, e vou poder estar com ele para comemorar.  Dinheiro nenhum paga essa felicidade. Estou tranquilo, feliz. Claro que quero voltar em alto nível, mas sei também que, fazendo aqui bem feito, as coisas vão encaminhar naturalmente e oportunidades surgirão.

E você sonha encerrar a carreira no São Paulo ou no Botafogo?
Sempre deixei claro que o meu objetivo é encerrar no Botafogo. Não estou pensando nisso ainda. Quero levar o clube para a primeira divisão do Brasileiro, ficar no Paulista. Quero voltar a jogar em grandes equipes, e estou trabalhando para para isso.

O goleiro Doni afirmou, assim que voltou da Inglaterra e noticiou o problema no coração, que tentaria remontar o Botafogo com Bordon, você, Falcão do futsal, para 2014. Foi em tom de brincadeira ou vocês levam isso a sério?
Seria legal, bacana. São grandes jogadores, grandes pessoas. Sempre estou com eles, conversando, batendo bola. Todos estão bem fisicamente e ainda poderíamos acrescentar o Lucas (atacante, ex-Corinthians e Atlético-PR) e o Cicinho (lateral). A gente resgataria aquele futebol e o torcedor ficaria feliz em ver um grande time.

 

Fonte: Globo Esporte

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