MP está perto de concluir caso Maidana

O Ministério Público Estadual deverá concluir ainda este ano as investigações que vem sendo feitas sobre o caso envolvendo a transferência do zagueiro Iago Maidana para o São Paulo. Tudo está correndo sob sigilo desde abril de 2016, já que uma testemunha do caso afirmou ter sido intimidada. Assim, o segredo sobre o que foi dito até agora e apurado tem a intenção de proteger os envolvidos, de acordo com o MP.

Até por conta deste sigilo, não é possível saber quem alega ter sido intimidade, a identidade do suposto intimidador e o que foi feito exatamente. Mas é fato que a promotoria também está investigando essa situação.

Mas nós conseguimos, com exclusividade, algumas informações fundamentais sobre o estágio em que as investigações se encontram.

A Justiça quebrou o sigilo bancário do Monte Cristo, time que revendeu Iago Maidana para o São Paulo após ficar apenas dois dias com o jogador, comprado junto ao Criciúma, e também de Cinira Maturama, a namorada do ex-presidente  Carlos Miguel Aidar. Todos estão sendo investigados por crimes de Formação de quadrilha e Lavagem de dinheiro.

A operação teve a participação da empresa Itaquerão Soccer, apesar de a Fifa proibir dinheiro que não seja de clubes na compra de jogadores. O Monte Cristo alega que, numa operação lícita, a Itaquerão emprestou R$ 400 mil, valor pago ao Criciúma por Maidana. De acordo com o MP, o São Paulo pagou R$ 2 milhões pelo atleta dias depois de ele ter sido comprado pelo clube de Goiás.

Ao Ministério Público, Maidana disse que só rescindiu com o Criciúma depois de acertar sua transferência para o time paulistano, o que torna inexplicável o motivo para o São Paulo esperar o jogador ser transferido para o Monte Cristo e custar mais.

Existia a suspeita de que a Itaquerão Soccer fizesse parte de um esquema com o PCC, mas  as investigações não concluíram, até agora, nada a esse respeito.

Pelas informações que recebi, Carlos Miguel Aidar não aparece em nenhuma negociação de forma direta, mas com a quebra dos sigilo fiscal e bancário de Cinira Maturama, pode ser feito um cruzamento que detectou transferência de dinheiro entre contas.

O Ministério Público não encontrou nada que pudesse envolver o então vice-presidente de Futebol, Ataíde Gil Guerreiro. Quando as investigações tiveram início, havia suspeita de que ele tivesse participado das negociações, até porque foram reveladas gravações feitas por Guerreiro com Aidar citando a contratação de Maidana. Mas não foi detectado qualquer envolvimento de Ataide Gil Guerreiro em ato ilícito.

Far East

O Ministério Público, segundo as mesmas fontes com quem conversei, deverá arquivar o processo sobre a Far East, aquela do Jack Banafsheha, que teria intermediado a vinda da Under Armour para o São Paulo e pelo qual o clube teria que pagar algo em torno de R$ 18 milhões. De acordo com o MP, não saiu dinheiro do clube, portanto não houve prejuízo financeiro.  O que pode ter ocorrido, para uma tipificação criminal, seria uma tentativa de estelionato. Mesmo assim os fundamentos são frágeis e dificilmente a ação criminal prosperaria nas instâncias judiciais.

Douglas Schwartzmann mente

O Conselheiro Douglas Schwartzmann, representante do Jack Banafsheha e responsável por tê-lo apresentado à diretoria do São Paulo à época da contratação da Under Armour, continua mentindo. Ano passado divulguei aqui no Tricolornaweb uma gravação, onde conversavam Alan Cimermann, então gerente de Marketing do São Paulo e Fernando Eduardo Gonçalves Pinto Ferreira, dono da Sport Food de Licenciamento e Franchising, uma Hamburgueria. Nessa conversa, gravada sem o conhecimento de Fernando, é falado que o negócio da empresa havia sido feita com outros grandes clubes e só não deu certo no São Paulo porque o então vice-presidente de Marketing, Douglas Schwartzmann, pediu comissão. Na mesma gravação ainda há o relato de ameaças que teria sido feitas contra sua família.

O conselheiro Douglas Schwartzmann pediu a instauração de um inquérido policial. Eu fui chamado à delegacia, sem ter acesso aos depoimentos de Alan e Fernando. As únicas coisas que me foram perguntadas pelo delegado foram:

– Se eu queria ofender alguém. Respondi o óbvio. Que minha intenção não era ofender nem manchar a imagem de ninguém, mas a de preservar a imagem do São Paulo.

– Quem havia cedido a gravação para mim. Obviamente que, amparado pelo artigo 5 da Constituição brasileira, mantive o sigilo da fonte.

Para minha surpresa, fui informado que o referido conselheiro está espalhando pelas redes sociais e outros canais que todos se retrataram. Isso depois de sua advogada ter retirado a ação que correria na Justiça.

Eu, em nenhum momento, fiz qualquer retratação, até porque não fui eu quem fiz a acusação. Fui apenas o veículo que tornou público o fato. De Alan Cimermann não tenho o relato exato, mas pelo que fui informado, realmente se retratou.

Já de Fernando Eduardo Gonçalves Pinto Ferreira, o dono da Hamburgueria, tenho o relato, que consta no Inquérito Policial, e que publico abaixo:

“Em 16 de março de 2017, Fernando Eduardo Gonçalves Pinto Ferreira compareceu perante o 96º Distrito Policial e prestou esclarecimentos informando que é sócio diretor da empresa Sport Food de Licenciamento e Franchising S/A e que no mês de novembro de 2015 compareceu em uma reunião com o Sr. Allan Cimermann em uma das salas existente nas dependências do São Paulo Futebol Clube, cujo assunto era a possibilidade de sua empresa implantar uma rede de restaurantes no local. Ademais, informou que não somente nesta reunião, mas também em outras, Allan Cimermann o questionou sobre a pessoa de Douglas Schwartzmann, com o objetivo de obter opinião a respeito da conduta de Douglas nas tratativas passadas. Com relação ao áudio, afirmou que não foi o autor da gravação, não divulgou para terceiros, não sabia que estava sendo gravado e não conhece a pessoa que teria divulgado. Alegou que a conversa era particular e o seu conteúdo foi editado, pois as reuniões duravam em torno de 1 hora. Em seguida, informou que em tratativas passadas com Douglas Schwartzmann, este chegou a solicitar custos para concretizar o negócio, porém não houve contratação, bem como que na época chegou a receber algumas ameaças pelo telefone contra sua pessoa e família, porém não tem como afirmar que possuem ligação com a implantação da rede de restaurante. Ademais, afirmou que não conheceu a pessoa de Paulo Pontes. Por fim, informou que não tinha a intenção de ofender a dignidade ou decoro de ninguém.”

Bem, me parece claro que em seu depoimento, Fenando Ferreira confirma o que disse na gravação e está muito longe de se retratar, a não ser por ter dito que não tinha intenção de ofender a dignidade ou decoro de ninguém.

Alan Cimermann

O Ministério Público vai acompanhar de perto o caso envolvendo Alan Cimermann, que foi demitido por justa causa do São Paulo por corrupção envolvendo venda de ingressos e camarotes para o show do U2 no Morumbi. O São Paulo fez um Boletim de Ocorrência e o inquérito, assim que encerrado na delegacia, será encaminhado ao MP, que dará sequência.

A primeira avaliação que foi feita, segundo minhas fontes, é que não é possível ficar restrito a este show. Outros tantos foram feitos enquanto ele esteve no Marketing do São Paulo e os promotores vão querer investigar tudo, pois o São Paulo pode ter sido lesado lá atrás. Aliás, só não o foi desta vez porque o atual vice-presidente de Comunicação e Marketing, Marcio Aith, detectou o problema e desmontou a quadrilha, evitando prejuízo maior para os cofres do São Paulo.

 

Paulo Pontes

 

 

 

 

 

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