Dos treinos aos resultados, quase tudo mudou em um mês de Milton Cruz

O coordenador técnico Milton Cruz completou um mês como técnico interino do São Paulo na última quarta-feira (6), dia em que venceu o Cruzeiro por 1 a 0 no primeiro jogo pelas oitavas de final da Copa Libertadores, no Morumbi. Em 32 dias e seis jogos, o futebol do São Paulo apresentou mudanças do CT da Barra Funda ao Morumbi, dos treinos aos jogos. O resultado, por enquanto, é positivo.

1. Sistema tático

Muricy Ramalho usou de janeiro a abril em 2015 seu time titular em um 4-2-3-1. Na formação, as diferenças sutis se davam entre os casos em que Ganso ocupava o centro da linha ofensiva de três meias ou se Pato ou outro atacante ficaria em tal espaço, variando para o que poderia ser chamado de 4-4-2, ainda com desenho muito semelhante. Em jogos sem os principais titulares, Muricy ainda experimentou um 3-4-3.

Milton Cruz assumiu no dia 6 de abril e, já no dia 8, enfrentou a Portuguesa pelo Paulistão – jogo que venceria com os reservas por 3 a 0, jogando bem.  “Foi um 4-3-3, não tanto um 4-1-4-1, porque os dois pontas jogaram bem avançados”, explicou o interino, em conversa após a entrevista coletiva daquela noite. O time pela primeira vez na temporada e só com dois treinos se apresentou com três volantes, esquema que ainda não tinha sido usado por Muricy e que seria base para as partidas seguintes.

2. Variações táticas

Nos jogos contra Cruzeiro e Corinthians, duas das melhores apresentações do São Paulo nos últimos tempos, Milton Cruz armou o time no 4-4-1-1. A variação nasceu ainda no segundo tempo do jogo contra o Red Bull Brasil, pelas quartas de final do Paulistão, vencida também sob o comando do interino. No jogo, Milton desmontou o 4-3-3 – com Denilson, Souza e Wesley no meio de campo –, passando Wesley para a meia direita, recuando Michel Bastos para a meia esquerda e centralizando Ganso. Nasceu o 4-4-1-1 que daria vitórias importantes ao São Paulo, algo que Muricy também não havia testado. “Gostei muito. Agora, eu posso jogar mais perto do Pato e do Michel Bastos, e fico mais perto do gol”, disse Ganso, sobre a nova posição – contra o Red Bull, o meia fez um gol e deu uma assistência após a mudança de função.

Contra o Cruzeiro, na última quarta-feira, Milton Cruz escalou Wesley como meia esquerda e Centurión como meia direita –  o inverso do que se esperava. O interino explicou que a alteração se deu porque tentava travar as investidas do lateral direito adversário Mayke: “Coloquei o Wesley mais preso pela esquerda para segurar o Mayke, e o Centurión solto na direita para compensar. Se jogasse o Michel hoje, também jogaria pela direita”.

3. Treinos táticos

A rotina de Muricy Ramalho como técnico do São Paulo se repetiu de forma invariável entre setembro de 2013 e abril de 2015: na véspera dos jogos, treino tático no campo do CT, fechado à imprensa, raramente revelando a escalação. Com Milton, cada caso é diferente.

O São Paulo venceu Portuguesa, Red Bull Brasil e Danúbio, e havia perdido para o Santos quando iniciou os trabalhos para o decisivo confronto contra o Corinthians, que definiria classificação às oitavas da Libertadores. Na terça-feira, véspera da partida, Milton Cruz surpreendeu e não fez treino tático no gramado. Comandou um treino técnico, também diferente (leia mais abaixo). A atividade tática foi dada pelo interino apenas na palestra aos atletas, com análises de vídeos e recortes de jogos do adversário, horas antes da partida.

4. Treinos de situações de jogo

Além de treinos táticos, técnicos e físicos, agora o São Paulo também dá atenção especial a treinos específicos de situações de jogo, que serão encontradas pelos jogadores nas próximas partidas, dependendo do adversário. É novidade no CT da Barra Funda. Um dia antes de não dar treino tático no gramado, na véspera do jogo contra o Corinthians, Milton Cruz e o preparador físico José Mario Campeiz – figura que tem dividido programação e comando de treinos com o interino – elaboraram uma atividade de cruzamento e construção de jogadas em que o lateral e o meio-campista de um mesmo lado se encontravam no mesmo espaço na linha de fundo: Reinaldo e Michel Bastos pela esquerda, Bruno e Hudson pela direita, como aconteceria no jogo.

“Todos os treinos que são feitos têm o mesmo objetivo. Situações de jogo reproduzidas no treino. As deficiências do adversário, a gente observa, temos nossa análise e procuramos fazer o treino em cima disso. Sabíamos que tínhamos que forçar as jogadas pelas laterais”, explicou Zé Mario. No jogo, o primeiro gol do São Paulo, de Luis Fabiano, nasceria em situação idêntica à treinada por Reinaldo e Michel Bastos.

O elenco, segundo relatos de dentro do departamento de futebol do São Paulo, tem gostado. “Ele [Milton] não pergunta ‘qual treino vocês querem que a gente dê?’. Pelo contrário. Ele dá o treino e pergunta se está legal. A gente tem respondido muito bem, porque o treino tem sido bem intenso. É o que a gente vai encontrar nos jogos. Temos encontrado o mesmo ritmo, ou parecido com o que a gente encontra nos jogos”, disse o volante Souza.

5. Físico ou técnico? Cada vez mais bola

Há um mês tem sido mais comum no CT da Barra Funda ver o elenco trabalhar em atividades que somam características físicas e técnicas. Raramente os treinos físicos agora acontecem sem bola. Há duas semanas, por exemplo, os atletas trabalharam em circuito físico por duas horas seguidas. O elenco foi dividido em oito grupos de três e trabalhou de forma alternada em um circuito de oito exercícios que somavam atividades físicas e trabalho com bola. A ideia é trabalhar resistência e explosão muscular sem perder o contato com a bola.

Os treinos técnicos também estão diferentes. Na véspera do jogo contra o Corinthians, por exemplo, o elenco foi divido em grupos de quatro jogadores e trabalhou em minijogos de quarteto contra quarteto, com pequenos gols. A atividade foi menos intensa, segundo a comissão técnica, porque tinha como objetivo relaxar os atletas antes de um confronto difícil e principalmente porque vinham de uma derrota contra o Santos.

 

Fonte: Uol

2 comentários em “Dos treinos aos resultados, quase tudo mudou em um mês de Milton Cruz

  1. Independente do que vai acontecer deixo aqui meus parabéns a Milton Cruz, tão criticado por muitos e muitas vezes imputadas a ele culpa sem ao menos sabermos de fato se eram de sua responsabilidade.
    Fui e sou a favor de mantê-lo caso não se contratasse um técnico diferenciado em vez de profissionais de 2º escalão ou novatos em ascensão.

    Se no futuro forem contratar um novo técnico que não sejam analfabetos em esquema táticos como Mano, Scolari e tantos outros que nem vale a pena citar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*