É um dia especial para a história do São Paulo. Um dos clubes mais conservadores do país vai utilizar um uniforme que foge do padrão, na cor vermelha, por conta do processo de modernização do estádio do Morumbi que terá, a partir de deste domingo, todos assentos na mesma cor.
Antes do apito inicial diante do Penapolense, às 18h30, pelas quartas de final do Campeonato Paulista (com transmissão em tempo real pelo L!Net) a última cadeira será colocada na arquibancada inferior, pintando toda a casa são-paulina na cor vermelha. Assim que os jogadores subirem as escadarias em direção ao campo estarão fardados da cabeça aos pés com um manto histórico.
Intitulada de “Vermelho, a cor da raça”, a ação do departamento de marketing do clube viabilizou uma camisa comemorativa. O estatuto determina que o São Paulo não pode ter uma terceira camisa. Porém, houve uma exceção para que o uniforme fosse usado dessa vez.
Na história, ao menos em 23 partidas, o São Paulo utilizou um manto de cor que foge da tradição e este, no domingo, entrará no seleto grupo.
O sonho tricolor de ter uma casa teve início em 1951, no bairro do Morumbi. Neste domingo, o Cícero Pompeu de Toledo, que já foi palco de uma missa do papa João Paulo II, em 80, e de vários shows, segue a sua modernização, com a cobertura, que está prevista para ser concluída em 2014.
Contra o Penapolense, brigando por uma vaga na semifinal do Paulista, o São Paulo tentará dar mais um passo rumo ao seu 22 título estadual. O último ocorreu em 2005. O torcedor tricolor, após a classificação às oitavas de final da Libertadores, entrou na sintonia do time.
Na festa, que contará com uma espécie de bazuca atirando camisas comemorativas em direção da arquibancada, balizas, uniforme e cadeiras, todos na cor vermelha, a história do clube vai ganhar mais um capítulo. O vermelho, cor da raça, inspira esse novo momento, que, com a modernidade, manterá as glórias do passado.
Mudanças ao longo do tempo
Relembre o passo a passo do estádio Cícero Pompeu de Toledo e veja também para qual grupo seleto entra a camisa comemorativa que será utilizada neste domingo, diante do Penapolense.
Aquisição do terreno
No dia 4 de agosto de 1952, a Imobiliária e Construtora Aricanduva doa o terreno.
Início das obras
Em 1/7/53, é iniciada a terraplanagem.
Inauguração parcial
Deu-se em 2/10/60, com vitória de 1 a 0 diante do Sporting (POR), gol de Peixinho.
Estádio concluído
No dia 25/1/70, empate de 1 a 1 com o Porto (POR). Capacidade para 150 mil. Em 71, inauguração das torres de refletores.
Escudo ao lado do campo
Em 1/3/89, inaugura-se o escudo ao lado do gramado na posição central e das ondas tricolores ao redor do campo.
Reformas estruturais
No dia 13 de agosto de 96, reinauguração do Estádio (e de modo parcial) após as primeiras reformas estruturais.
Novo sistema de iluminação
Em 4 de maio de 1999, o local passou a ter arcos unindo as torres laterais.
Padrão Fifa
No dia 5 de janeiro de 2000, o término da reforma com o “padrão FIFA”, vigente para o Mundial de 2000. Capacidade para 80 mil. Assentos nas arquibancadas.
Morumbi Concept Hall
Em 27/8/2007, há a inauguração do Morumbi Concept Hall. Hoje, colocação de novas cadeiras em todo o estádio.
Cobertura
Em 2014, o estádio receberá a cobertura total das arquibancadas.
CAMISAS
Camisa preta
Em 10/7/1930, o São Paulo da Floresta enfrentou a Seleção dos EUA com a camisa preta, de golas e mangas brancas.
Camisa listrada
Em 1940, o clube usou camisa listrada verticalmente em preto e branco, com gola e punhos vermelhos, em sete jogos.
Camisa da Fiorentina (ITA)
Camisa violeta com a flor-de-lis ao peito, em 64. Era camisa da Fiorentina (ITA), em excursão do Tricolor pela Europa.
Emblema ao centro
Dois anos depois, camisa com três faixas verticais largas, preta, branca e vermelha, com o emblema do São Paulo ao centro.
Inteiramente azul
Em excursão em 69, utilizou uniforme azul do Recreativo de Huelva (ESP).
Camisa vermelha
Para enfrentar o Palestino (CHI), por conta dos uniformes parecidos, o clube usou uma camisa vermelha do U. Española (CHI), em 1978. Venceu por 1 a 0, no Chile.
Brancas e sem faixas
Em 84/85, duas camisas do gênero. A primeira, branca, exceto nas pontas das mangas, em que havia faixas finas, vermelha, branca e preta; A segunda com mangas cada uma de uma cor.
Branco do C. A. Paulistano.
Em 15/1/2000, o São Paulo homenageou o centenário do C. A Paulistano, um dos times relacionados com a fundação do Tricolor. Camisa totalmente branca.
Com a palavra
Peixinho
Autor do primeiro gol do Morumbi, contra o Sporting, em 1960, ao L!
Nós começamos a treinar num campo de terra atrás do estádio onde hoje é a piscina. Não acreditava que o São Paulo ia concretizar a obra da forma que o clube planejava. Havia só uma pequena estrutura ali e ela tava demorando pra subir. Mesmo assim houve a inauguração com 60% das dependências, o que na época foi inacreditável. Era um campo de terra e o vestiário era de madeira. Nós vimos o Morumbi na terra ainda, na terraplanagem. Acompanhei todo o crescimento e tive a felicidade de marcar o primeiro gol. Hoje, o trabalho do clube é maravilhoso mostra que a cidade de São Paulo não precisava de outro estádio para servir como sede da Copa do Mundo do ano que vem.
Com a palavra
Michael Serra
Historiador do São Paulo, em depoimento ao LANCE!
A história do São Paulo pode ser dividida em a.M e d.M (antes do Morumbi e depois do Morumbi). Não que o São Paulo não fosse vitorioso antes, pelo contrário, mas com o estádio, o Tricolor se assentou em bases fortes e duradouras, longe ainda de serem exauridas. Como um verdadeiro alicerce, o Morumbi ajudou a formar não somente grandes times, mas toda uma geração de torcedores que cresceu sobre o cimento e sob chuva ou sol, formando uma identidade única. As mudanças que vêm por ai serão significativas. Não mais cimento duro, mas confortáveis cadeiras. Não mais ao relento, mas com uma cobertura. Os torcedores são-paulinos, contudo, não mudarão em um sentimento: o orgulho que possuem de sua casa. Em verdade, só aumentará.
Fonte: Lance