Cicinho e Souza usam exemplo do tri para crer no desfalcado São Paulo

– Eu mudei o jogo no Morumbi. Entrei no lugar do Renan e, na minha opinião, fiz o melhor jogo da minha vida individualmente. O Mascherano tentou me achar o jogo inteiro e não conseguiu. Estava com óleo no corpo. Todos os são-paulinos que me abordam falam dessa partida.

A frase dita por Souza em entrevista ao GloboEsporte.com se refere à semifinal entre São Paulo e River Plate, pela Taça Libertadores de 2005.

O meia entrou no intervalo do primeiro jogo, vencido pelo Tricolor por 2 a 0, e ganhou a vaga deixada por Cicinho, convocado pela Seleção para disputar a Copa das Confederações. Depois disso, virou titular fundamental no jogo da volta, com duas assistências para Danilo e Fabão, na vitória por 3 a 2, na Argentina.

Agora, Ytalo, Carlinhos, Thiago Mendes ou seja qual for a opção de Edgardo Bauza para substituir Ganso e Kelvin, lesionados, lutam para ser o novo Souza do Tricolor. Embora o técnico não descarte o camisa 10, ele não deve estar em campo. Assim, o time enfrentará o Atlético Nacional, também nas semifinais da Libertadores, com desfalques e dúvidas, algo conhecido na história do clube em momentos decisivos.

Protagonista em 2005, Souza dá a receita para o São Paulo ter sucesso com os substitutos no time titular: ter a confiança do técnico e pensar em como o jogo pode mudar a vida do atleta.

– Eu tinha moral com o treinador (Autuori) e estava jogando tão bem, que, mesmo não sendo titular, o Paulo parava os treinos e falava: “Como vou deixar o Souza fora do time?”. Eu tinha a confiança do treinador e dos meus companheiros. Na minha cabeça, era titular – disse Souza, que mora em Porto Alegre, está com 37 anos e, machucado, cogita a aposentadoria. O último time dele foi o Passo Fundo (RS), no Campeonato Gaúcho.

Cicinho São Paulo - Libertadores 2005 (Foto: Beto Barata / Agência Estado)Cicinho contra o Palmeiras nas oitavas: destaque no tri em 2005 (Foto: Beto Barata / Agência Estado)

O jogador explica a importância da confiança dada por Autuori, em 2005, por ter vivido situação semelhante em 2004, antes dos confrontos com o Once Caldas, também na semifinal da Libertadores. O Tricolor era treinado por Cuca. O time empatou sem gols, no Morumbi, e perdeu por 2 a 1 na Colômbia.

– Estava voltando de lesão. Voltei a correr na segunda e o jogo era quarta-feira, no Morumbi. Esse treinador me chamou e falou: “Souza, vamos conversar no estacionamento… Analisamos o time do Once Caldas e precisamos de um jogador que tenha o drible, porque eles pressionam no meio de campo”. Ele falou que eu era o único jogador com esse estilo. Eu agradeci. Ele disse: “Mas tem um porém: se você for bem, beleza, mas se for mal, você nunca mais vai jogar comigo”. Com essas palavras. Tivemos poucas chances no jogo, uma delas eu criei, mas o Luis Fabiano não fez. No jogo da volta (na Colômbia), não fui nem relacionado – disse Souza.

No ano seguinte, Souza viveu situação semelhante com Autuori, antes de encarar o Tigres, do México, pelas quartas de final. Ele não era o titular da posição nas oitavas de final, contra o rival Palmeiras, mas ganhou uma chance contra os mexicanos. A equipe venceu por 4 a 0, no Morumbi, e perdeu por 2 a 1 fora de casa, com gol de Souza.

– Surgiu a oportunidade e o Paulo foi no meu quarto. Pensei: a mesma história do ano passado. Parecia que eles tinham combinado. Ele disse que eu ia jogar, mas a palavra no final fez toda a diferença: “Sei que você não está jogando com sequência, mas a responsabilidade é minha. Eu estou colocando”. E eu fui mais leve para o jogo. Nessa hora, o mais importante é a confiança que o treinador passa – afirmou.

– O Ganso é o maestro, o pensador. O time vai perder em criação e velocidade, mas vai ganhar outras características. É a chance da vida de quem entrar. Não existe situação melhor para se firmar no futebol brasileiro e adquirir respeito do que um jogo como esse. A pressão fica de lado. Tem de pensar pelo lado positivo e que se fizer tudo certo terá uma renovação de contrato ou mais visibilidade – completou.

Desfalque na semifinal de 2005, Cicinho reconhece a importância de Ganso e Kelvin para o time, mas usa o exemplo de Souza na sua época para crer no São Paulo.

– Ninguém vai cobrar que os substitutos joguem da mesma forma, porque são jogadores de qualidade diferenciada, mas o importante é eles serem abraçados pelo time. Isso o Paulo Autuori fez com o Souza, que jogou no meu lugar. Ele jogou o futebol que sabe e vai acontecer o mesmo – afirmou Cicinho.

– Nesse ano, o São Paulo passou por um período de desconfiança, mas todos se abraçaram. É hora de passar por cima de tudo e apoiar quem entrar no lugar. Para mim, o São Paulo é o favorito ao título. Fica muito forte na reta final. Voltou a jogar bem e os jogadores estão unidos. Estão confiantes. Isso é o mais importante – completou.

Nas palavras de Cicinho e Souza, o São Paulo, o clube da fé, pode vencer mesmo com os importantes desfalques.

Fonte: Globo Esporte

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