Convidado para participar do lançamento do novo programa de sócio-torcedor do São Paulo, nesta terça-feira, Rogério Ceni foi uma atração à parte. Ao receber das mãos de Carlos Miguel Aidar o certificado de um dos novos planos – o mais caro, que custa R$ 489 –, o goleiro fez sua primeira graça ao pôr em saia justa o presidente do clube, a quem já contestou algumas vezes publicamente.
“Está querendo me aposentar agora, não em dezembro?”, perguntou o ídolo, na sala de imprensa do CT da Barra Funda, repleta de outros dirigentes, torcedores e ex-jogadores. “Não, você vai se aposentar quando quiser”, respondeu, sem graça, o mandatário, que teve atitudes questionadas recentemente pelo jogador de 42 anos.
Pouco mais de um mês atrás, Ceni rebateu declaração de Aidar sobre o fato de ser tratado como peça-chave para a reformulação do sócio-torcedor e ter sua extensão de contrato condicionada a isso. “Esse negócio de sair para jantar, tomar café ou almoçar, a pessoa às vezes perde um pouquinho da noção e se equivoca com algumas coisas. Não tenho tempo nem para almoçar com meus filhos direito”, criticou.
Há duas semanas, o ídolo são-paulino também questionou a diretoria pela venda de jogadores, o que, em sua opinião, enfraqueceu a equipe. “A gente tinha uma expectativa duas, três semanas atrás, que muda totalmente. A gente entende a necessidade financeira do clube, mas tem também minha necessidade de ser campeão. Aí é um conflito que a gente tem que resolver”, falou.
Nesta terça-feira, ao final do discurso inicial de lançamento, talvez para evitar maior constrangimento, Aidar deixou a mesa e passou ao vice-presidente de comunicações e marketing, Douglas Schwartzmann, a responsabilidade de apresentar detalhadamente os planos e responder a perguntas da imprensa. Coube ao dirigente, portanto, a tarefa também de encarar as outras piadas de Ceni.
O goleiro interrompeu o dirigente por mais de uma vez para ajudá-lo, em tom de brincadeira. “Não, Douglas, já estamos em outro plano”, disse. “Não sei se você sabe, Douglas, mas este plano tem ingresso a R$ 1”, continuou. O troco veio no momento em que Schwartzmann comentava sobre as experiências que os torcedores terão com o novo programa. “Poderão almoçar com o Rogério, aqui no CT. O Rogério gosta de almoçar. O Luis Fabiano, mais de jantar”, disse o vice.
Brincadeiras ou provocações à parte, o goleiro e capitão tem garantia de mais quatro meses em campo, antes de passar, de fato, à arquibancada.
“Meu destino é esse: arquibancada, junto com vocês”, frisou, olhando para os torcedores. “Hoje em dia, sócio-torcedor é a grande maneira de um clube ter sua sustentação, contratar grandes jogadores, manter grandes jogadores no elenco. Afinal de contas, é um valor alavancado muito grande. Espero que seja um sucesso. São mais de 40 mil sócio-torcedores. Cinquenta mil? Espero que cheguemos a casa de três dígitos até dezembro”.
Essa é a meta da diretoria, que pretende dobrar os atuais 55 mil adeptos, número que coloca o São Paulo na oitava posição do ranking de sócio-torcedores do futebol brasileiro, atrás dos principais rivais. O novo programa (agora com oito planos, cinco a mais) tem valores entre R$ 12 a R$ 489 mensais.
Fonte: Gazeta Esportiva