Eu contei essa história para os uruguaios outro dia e eles não acreditaram…
Tudo começou em dezembro de 1997, quando a diretoria do São Paulo iniciou a negociação com o Paris Saint-Germain para o meu retorno. Meu contrato com o PSG iria até maio de 1998 e eu ainda não sabia se iria jogar em outro país da Europa. Só que logo o São Paulo me convenceu a voltar, falou do projeto que tinha para mim e fechamos um acordo.
Com tudo acertado, ainda fui campeão da Copa do França e da Copa da Liga Francesa pelo PSG. E teria mais um jogo do Campeonato Francês antes do fim do contrato, mas o São Paulo percebeu que poderia me inscrever para o segundo jogo da final do Paulistão, contra o Corinthians, no dia 10 de maio daquele ano. Aí pedi permissão aos franceses e cheguei uma semana antes do previsto.
E aí eu voltei…
Voltei para ser campeão.
Nota da redação: o São Paulo tinha perdido por 2 a 1 o primeiro jogo da final do Paulistão de 1998. Antes da grande decisão, no dia 10 de maio, Raí retorna do Paris Saint-Germain e tem grande atuação na vitória por 3 a 1 que deu o título estadual ao Tricolor. O regulamento daquele ano permitia que um jogador fosse inscrito às vésperas da decisão e por isso Raí pode ser o elemento surpresa. Nesta quinta-feira, esse jogo completa 20 anos.
É claro que teve aquela polêmica toda por eu retornar para jogar só a final, em um time que não me conhecia e tudo mais. Fiz, então, dois treinos com meus companheiros e um coletivo. Foi nele, aliás, que deu para ver que eu iria me entender muito bem com a equipe. A partir daí ficou o suspense se eu iria jogar ou não. Mas o Nelsinho Baptista já tinha me dito que iria me colocar. Só pediu segredo.
Estava feliz de voltar ao São Paulo, ainda mais em um time que tinha muitos jovens talentosos. Um jogador experiente como eu cairia como uma luva. Obviamente eu também estava eufórico por ter a chance de jogar uma decisão. E num clássico contra o Corinthians, rival que eu tinha muitas boas lembranças, contra quem eu tinha feito três gols na final do Paulistão de 1991.
A responsabilidade de jogar era enorme. Mas me senti à vontade. Meu estilo de jogo se encaixava com o daquela equipe. Só que ainda tinha toda a história de quem ia sair do time para eu entrar. E foi o Dodô. Fiquei preocupado com o clima, mas o fato de aqueles jovens terem acompanhado a minha história no clube trouxe mais respeito do que receio. Isso ajudou. O próprio Dodô vibrou.
Com a bola rolando, tudo ficou mais fácil. Logo consegui fazer umas tabelas com o França. Parecia que a gente jogava junto havia um ano. Tanto que ele sente a minha presença na área no lance do primeiro gol e dá a casquinha para eu fazer de cabeça. Por mais que o Corinthians tenha empatado depois, acho que o meu gol fez os torcedores rivais terem um flash-back.
“Não vai ter jeito, não vai ter jeito, o cara voltou”, eles devem ter pensado.
Aí vieram dois gols do França – e em um deles eu que tabelei com ele – e fomos campeões. Lembro até hoje do reconhecimento do Luxemburgo, que era o técnico do Corinthians. Ele tinha passado a semana toda falando que eu não iria fazer a diferença, mas depois admitiu que estava preocupado.
O mais curioso para mim, na verdade, é que a torcida do Corinthians lembra mais desse jogo de 98 do que daquele de 91 que eu fiz três gols na final. Eles me encontram na rua e dizem: “você veio da França para roubar nosso título”. É certamente um dos jogos mais especiais da minha carreira, mas também por todo o contexto que tinha naquele ano.
A final foi logo depois de o Zagallo anunciar os convocados para a Copa do Mundo de 98. E eu não estava na lista. Depois dessa notícia chata, eu chego ao São Paulo de volta e sou campeão. Mudou toda a perspectiva dos brasileiros em relação ao meu retorno. Depois de cinco anos em Paris, não vou para a Copa e volto ao Brasil. Tinha uma dúvida no ar: “será que o Raí ainda vai render?”.
E daí tem aquele jogo mágico que mudou tudo…
Essa história toda tem outro momento muito marcante para mim. O meu irmão Sócrates, apesar de corintiano, me disse o tempo todo que eu tinha de jogar a final. E ele apareceu depois na festa do título. Colocamos uma faixa do São Paulo na cabeça dele. Foi muito especial…
Temos agora, na quarta-feira, um desafio importante contra o Rosario Central, pela primeira fase da Copa Sul-Americana. Espero que possamos nos classificar para que a quinta-feira do aniversário de 20 anos dessa final de 1998 seja ainda mais feliz.
Fonte: GLobo Esporte
Raí, perdoai os modinhas. Eles não sabem o que falam.
Como jogador foi um monstro ! Craque ! Tinha orgulho de ser São Paulino naquela época ! Os caras tinham medo da gente.
Hoje o Raí é um estagiário de dirigente, e me faz passar vergonha de ser São Paulino, motivo de chacota nas discussões de futebol.
Mas tenho esperança de voltar um dia aos bons tempos
Ray, como jogador
um monstro.
??? Comparar com quem do atual time ????
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ai esta’ a diferenca, jogadores medianos que nao resolvem
e se acham.