O São Paulo conseguiu enfrentar o Rosario Central na Argentina de igual para igual, suportou bem a pressão do adversário mesmo depois da expulsão de Rodrigo Caio, ainda no primeiro tempo, e chegou até a mandar uma bola na trave na parte final do confronto, em chute colocado de Nenê. No fim, o empate por 0 a 0 foi bem avaliado por todos.
Nessa quarta-feira, às 21h45 (horário de Brasília), as equipes se reencontram, dessa vez no Morumbi, para definir quem vai à segunda fase da Copa Sul-Americana. Uma vitória simples para qualquer um dos lados garante a vaga, e é inegável o favoritismo do São Paulo, mesmo que não seja algo tão acentuado.
Mas, se persistir um novo 0 a 0, tudo será decidido nas cobranças de pênaltis. E aí é que mora o perigo para os brasileiros. Afinal, para confirmar a classificação diante da marca da cal, o Tricolor Paulista terá de superar um tabu de oito anos em competições oficiais e quebrar uma série de cinco derrotas seguidas em disputas de pênaltis. Além disso, nesse período, três dos cinco revezes aconteceram justamente no Cícero Pompeu de Toledo. Durante esse tempo, o Tricolor só triunfou em torneio amistoso, a Copa Flórida de 2017, contra o Corinthians.
Lembra?
A última vez que o torcedor são-paulino pôde comemorar um triunfo por competições oficiais depois de uma disputa por pênaltis foi no longínquo 4 de maio de 2010. Na ocasião, o São Paulo encarou os peruanos do Universitário frente a 43.838 no Morumbi.
O confronto valia vaga nas quartas de final da Copa Libertadores da América daquele ano e, assim como pode acontecer nessa quarta, a definição do classificado teve de ser decidida nos pênaltis depois de dois empates sem gols.
Ramirez, que seria contrato pelo Corinthians pouco depois, foi o primeiro a bater e não desperdiçou. Em seguida, Rogério Ceni pegou a bola com a confiança que o caracteriza, mas acabou sucumbindo diante do goleiro Luis Llontop, que voou no canto esquerdo para espalmar a cobrança do ídolo são-paulino.
O cenário não era nada favorável naquele fim de noite de terça-feira, mas Rogério Ceni tratou de se redimir e, na sequência, com o pé, evitou o gol de Galván, outro velho conhecido dos brasileiros.
Hernanes e Marcelinho Paraíba, então, mantiveram o São Paulo vivo com finalizações indefensáveis. Mas a explosão de euforia surgiu mesmo por causa de Labarth. O jogador do Universitário deslocou Ceni, mas tirou demais e errou o alvo. Bastou apenas Dagoberto confirmar seu chute, e o atacante não decepcionou, mandou para as redes e colocou o São Paulo nas quartas de final.
À época o tricolor era comandado por Ricardo Gomes e naquele noite teve a seguinte escalação: Rogério Ceni; Cicinho (Jean), Alex Silva, Miranda e Junior Cesar; Rodrigo Souto, Hernanes, Jorge Wagner (Washington) e Marlos; Dagoberto e Fernandinho (Marcelinho Paraíba).
Onde tudo começou
De lá para cá o São Paulo se viu diante de cinco disputas de pênaltis em três competições diferentes, e não conseguiu sair vencedor em nenhuma delas.
O retrospecto negativo começou em 2013, na semifinal do Campeonato Paulista. O adversário era o Corinthians, e o regulamento dava ao São Paulo apenas a vantagem de jogar em casa em duelo de jogo único. Mas, depois de um empate sem gols, o Majestoso teve de ser decidido da forma mais tensa.
No fim, os alvinegros avançaram à final com uma vitória por 4 a 3. Paulo Henrique Ganso e Luis Fabiano foram os vilões tricolores. Alessandro também chegou a desperdiçar seu chute pelo Corinthians.
As atenções, no entanto, se concentraram na cobrança de Alexandre Pato. O então camisa 7 do Corinthians parou em Rogério Ceni, mas contou com a observação do árbitro para o adiantamento de pelo menos três metros do goleiro são-paulino. Na repetição, Pato não perdoou e o tricolor ficou pelo caminho.
Zebra no Morumbi
No ano seguinte, um novo 0 a 0 no Morumbi colocou o São Paulo em apuros contra o Penapolense, pelas quartas de final do Paulistão.
Pelo lado do time do interior, ninguém falhou na marca da cal. Todos colocaram suas bolas na rede. Já o São Paulo viu Rodrigo Caio parar nas mãos de Samuel Pires, que também chegou a pegar a batida de Ganso, mas a cobrança acabou anulada por adiantamento do goleiro. Na segunda chance, o meia acertou. Mesmo assim, o time de Penápoles se classificou com um triunfo por 5 a 4.
Dose dupla
2014 realmente não deixou boas lembranças. No segundo semestre, o São Paulo poderia ir à final da Copa Sul-Americana, mas de novo frustrou seu torcedor no Morumbi lotado. Frente ao Atlético Nacional, da Colômbia, o time até venceu no tempo normal, fez 1 a 0, devolveu o placar do jogo de ida, mas nos pênaltis jogou tudo por água abaixo.
Alan Kardec escorregou, mandou a bola longe do gol e deixou o São Paulo em desvantagem. Depois, Rafael Tolói parou no goleiro rival. Como os batedores colombianos não desperdiçaram nenhuma chance, a derrota tricolor foi por 4 a 1.
Esforço de Ceni em vão
Veio 2015 e a responsabilidade só cresceu. Logo nas oitavas de final da Copa Libertadores da América, o São Paulo teve de encarar o Cruzeiro. Os paulistas venceram em casa por 1 a 0 e sofreram o revés pelo mesmo placar no Mineirão.
E novamente o torcedor são-paulino teve de assistir seu time tropeçar na marca da cal. Rogério Ceni até tentou ajudar defendendo as cobranças de Leandro Damião e Manoel. Mas, Souza isolou seu chute e Luis Fabiano e Lucão pararam em Fábio: 4 a 3.
Castigo em Itaquera
A última das lamentações ainda está fresca na memória de todos no clube do Morumbi. Desde 2005 sem ir à uma final de Campeonato Paulista, o São Paulo teve a chance de ouro no clássico com o Corinthians esse ano. Abriu vantagem de 1 a 0 no Morumbi e esteve perto da classificação em Itaquera, não fosse o gol de Rodriguinho aos 47 minutos do segundo tempo.
O calvário nas penalidades deu logo a dica de que não seria interrompido ali com a primeira cobrança de Diego Souza. Cássio saltou para espalmar a bola do camisa 9 são-paulino. Sidão ainda defendeu o chute de Rodriguinho, mas quando a disputa chegou à sexta cobrança, sobrou para o jovem Liziero. E o garoto viu sua bola tocar nas mãos do arqueiro corintiano, pegar na trave e voltar para o campo de jogo.
Haja coração
Se uma disputa por pênaltis, por si só, já é algo que tira qualquer apaixonado do sério quando tem seu time envolvido, os são-paulinos têm motivos de sobra para nem pensarem em um novo 0 a 0 nessa quarta-feira. Caso o destino queira assim, ao menos será uma grande oportunidade para quebrar o tabu, inflar o brio da equipe e colocar, quem sabe, Sidão em um novo patamar, principalmente diante das cobranças de muitos torcedores por “milagres” do goleiro.
Veja as últimas cinco disputas de pênaltis do São Paulo:
Campeonato Paulista
2018 – semifinal
25/03/2018 – São Paulo 1 x 0 Corinthians
28/03/2018 – Corinthians 1 (5) x (4) 0 São Paulo
2014 – quartas de final
26/03/2014 – São Paulo (4) 0 x 0 (5) Penapolense
2013 – semifinal
05/05/2013 – São Paulo (3) 0 x 0 (4) Corinthians
Copa Libertadores
2015 – oitavas de final
06/05/2015 – São Paulo 1 x 0 Cruzeiro
13/05/2015 – Cruzeiro (4) 1 x 0 (3) São Paulo
Copa Sul-Americana
2014 – semifinal
19/11/2014 – Atlético Nacional-COL 1 x 0 São Paulo
26/11/2014 – São Paulo (1) 1 x 0 (4) Atlético Nacional-COL
Fonte: Gazetat Esportiva