São-paulino do Acre aproveita jogo na Bolívia para ver o Tricolor

Wesley passou 27 anos torcendo para o São Paulo sem ter a chance de ir ao estádio ver o time jogar. O motivo? Ele mora em Rio Branco, no Acre, cerca de 3.500 quilômetros do Morumbi. Mas o torcedor precisou de pouco menos da metade do percurso para chegar a La Paz (BOL), palco da decisão desta quinta-feira.

O jogo contra o The Strongest, às 21h30, pode definir o futuro do Tricolor no Grupo 3 da Libertadores. Se não vencer, a classificação para a próxima fase fica ameaçada.

Por isso, mesmo a 3.600 metros de altitude, a equipe de Ney Franco não pode perder as oportunidades, assim como fez Wesley. Vice-presidente da Embaixada São-paulina do Acre, ele ganhará nesta quinta a companhia de mais dois tricolores do distante estado brasileiro. Serão três acreanos, mas era para ter muito mais.

Vários desistiram porque temiam represália pela morte do garoto boliviano Kevin Espada, em um jogo do Corinthians, em Oruro. Antes do fato, no jogo contra o Bolívar, também em La Paz, a caravana foi formada por mais de dez pessoas.

Naquela oportunidade, Wesley teve a primeira chance de ver um jogo de seu time das arquibancadas. Apesar do duelo com o Bolívar ter sido em um mata-mata, esse é muito mais importante e decisivo. Da outra vez, o São Paulo chegou com a vantagem de uma goleada por 5 a 0 e perdeu por 4 a 3, de virada. Agora, precisa vencer na temida altitude.

– Eu espero um jogo difícil, mas com essa nova formação do São Paulo, que é o que a gente esperava há um tempo, com Jadson e Ganso, espero uma boa atuação e com a possibilidade do São Paulo ganhar. Não pode perder. É tudo ou nada, o que vale é o jogo desta quinta – afirma Wesley.

Muitos brasileiros brincam e dizem achar que o Acre não existe. Mas existe sim, e tem mais de 1.200 são-paulinos cadastrados na embaixada local. Eles acreditam que o time pode superar o ar rarefeito e voltar ao Brasil cheio de gás e confiança. Quando a partida acabar no Hernando Siles, Wesley pode ter visto, pela primeira vez na vida, uma vitória do São Paulo no estádio.

Acreanos preparam visita ao Morumbi

No dia 27 de julho, o São Paulo enfrentará o Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro e a Embaixada São-paulina do Acre já prepara uma caravana para o Morumbi. Será a primeira vez que eles conhecerão a cidade e o estádio do clube pelo qual torcem à distância.

O propósito da embaixada é reunir os tricolores no Acre e também conseguir sócios-torcedores para o São Paulo. Diferentemente das torcidas organizadas, não é cobrada nenhuma taxa para ser membro da associação. Segundo Wesley, há apenas 20 sócios-torcedores, mas antes eram mais. Os novos planos, lançados neste ano, não agradaram a muitos que não têm condições de ir ao Morumbi por morarem longe da capital.

O termo embaixada é diversas vezes reiterado pelos diretores para evitar ligações e comparações com as torcidas organizadas.

– O pensamento nosso é de embaixada, é de buscar sócios-torcedores para o clube. Não é de torcida organizada, que já está manchada, né? Queira ou não queira, por procurar briga. Tanto que nosso ambiente lá é bem familiar, vai criança, tem piscina, levam filhos e esposas. Não é aquele ambiente de torcida organizada, que ficam com batuque, então é bem tranquilo.

Wesley Jucá: ‘Quando o São Paulo for ao Peru, também vamos’

L!Net: Como foi a viagem do Acre até aqui a altitude de La Paz?
WJ: Bem cansativa. A gente esperava pegar 2h30 de viagem de carro, acabamos pegando quatro horas devido ao temporal e atrapalhou a viagem toda. Chegando ao aeroporto, uma hora de atraso no voo. Chegamos aqui, e tem o frio e a altitude.

L!Net: Está sentindo bastante?
WJ: Bastante, mas não igual da primeira vez. A gente não tinha costume e se esforçava muito. Agora, que é a segunda vez, com a experiência da primeira, a gente sabe dosar um pouco melhor.

L!Net: Você é um brasileiro, que mora no Brasil, mas só foi conseguir ver um jogo do São Paulo na Bolívia…
WJ: É pela distância, né? Quando o São Paulo for para o Peru, a gente também vai. Agora nós fechamos lá na embaixada que todo jogo do que seja nessa região vai ter nem que sejam dois torcedores nossos, representando e com a faixa.

L!Net: Não acha estranho isso?
WJ: Realmente é complicado. Mas é como o slogan que a gente usa lá na torcida, é o amor sem fronteiras. Porque você morar no Acre e ser apaixonado por um clube lá de São Paulo é porque não tem fronteiras mesmo. A torcida do São Paulo está no mundo inteiro.

L!Net: E por que você é são-paulino?
WJ: Foi desde pequeno. Meu pai é corintiano, minha mãe é flamenguista, e eu e minha irmã somos são-paulinos (risos). Sou são-paulino desde que me conheço por gente. Eles até tentaram aquela coisa de forçar a vestir a camisa, mas colocava e ela incomodava (risos). Só a do São Paulo que ficava bem.A camisa do São Paulo é apaixonante.
Fonte: Lance

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