Flamengo e Corinthians continuam a encabeçar a lista de maiores torcidas do futebol brasileiro. Em nova pesquisa produzida pelo Ibope Repucom, os dois clubes aparecem com 23% e 19%, respectivamente, da população brasileira com mais de 16 anos que demonstra interesse por futebol. Mas há mais. Dentro de cada torcida, o instituto mapeou quantas pessoas têm o time de futebol como primeira opção e quantas o apontam como segunda opção, isto é, um clube pelo qual se tem simpatia, mas uma relação menos intensa do que com aquele para o qual se torce. E os resultados indicam que algumas narrativas recorrentes sobre o tema estão equivocadas.
Entre torcedores adversários, é comum que se tente desqualificar a torcida do Flamengo com a teoria de que seus torcedores se dividem entre mais de um time. “O cidadão que mora em Brasília tem carinho por Brasiliense e Flamengo”. “O que vive no Ceará torce por Fortaleza e Flamengo”. Como se esta fosse a explicação para a torcida que lidera pesquisas. Na realidade, este é um fenômeno difundido. Há pessoas que torcem para mais de um time de futebol por todo o país. E, especificamente no caso flamenguista, esta explicação está incorreta. O Ibope Repucom mostra que, na torcida do Flamengo, 81% o têm como primeiro time e 19% o colocam como segunda opção.
Os percentuais rubro-negros não diferem muito de outras equipes de primeira linha. No Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional têm percentuais maiores (86%) de torcedores que identificam seus clubes de coração como primeira opção. Em São Paulo, onde é comum se dizer que “corintiano é só corintiano”, o Corinthians aparece com 82% de pessoas enquadradas como torcedoras, enquanto 18% são simpatizantes do time alvinegro. Desses quatro para baixo, os percentuais de “simpatizantes” crescem. Entre os times de primeira divisão, a proporção só vira a partir do Paraná, que têm menos torcedores de “primeira resposta” (44%) do que de “segunda” (56%).
Os dados do Ibope Repucom também mostram que a Chapecoense, depois da tragédia que vitimou quase toda a equipe em novembro de 2016, foi adotada por muitos torcedores como segundo time. Tanto que de toda sua torcida 77% a colocam como segunda opção, enquanto 23%, provavelmente pessoas fisicamente próximas do time catarinense, a têm como primeiro time. Não quer dizer que essa proporção seja negativa. Ter conquistado o carinho das pessoas possibilita à Chapecoense fazer desta característica uma oportunidade, na hora de vender produtos e ingressos ou de negociar patrocínios e acordos de televisão. A simpatia é útil à Chapecoense, como já foi com outras equipes brasileiras simpáticas às massas, como a Portuguesa em São Paulo e o América no Rio de Janeiro.
A pesquisa faz parte do estudo DNA Torcedor, ainda não divulgado ao público pelo Ibope Repucom. O material foi obtido com exclusividade por ÉPOCA com fontes do mercado. Ainda há mais a ser detalhado. O estudo completo é composto por três grandes pesquisas: uma rodada de entrevistas presenciais, uma de entrevistas pela internete e um mapeamento de tudo o que foi dito em relação aos clubes nas redes sociais por dois anos. A soma dessas três pesquisas foi o que possibilitou ao Ibope Repucom traçar um perfil mais detalhado das torcidas, para que os times conheçam seus fãs e simpatizantes.
A pesquisa presencial, propriamente dita, foi produzida entre junho e agosto de 2017. Foram entrevistadas pessoas de 6.006 domicílios em todo o país, a considerar apenas maiores de 16 anos que demonstram interesse por futebol. É por isso que o ranking de torcidas não tem um percentual de gente que não torce por time nenhum. Também por isso o estudo não deve ser comparado com outros realizados por institutos similares, nos quais geralmente se inclui a parcela da população que não gosta de futebol. A pesquisa do Ibope Repucom tem margem de erro de pontos percentuais para baixo ou para cima.
Fonte: Revista Época
O quarto colocado está muito próximo e isso não é bom. Precisamos de títulos.
A nossa torcida cresceu muito nos anos 90, mas agora me parece estagnada pela falta de títulos.