Bastidores da eleição do São Paulo

Os bastidores da eleição presidencial do São Paulo, realizada nesta terça-feira, deu sinais dos rumos que o clube deve seguir daqui para a frente. Eleito com 138 votos contra 36 do conselheiro Newton Ferreira, o Newton do Chapéu, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, terá um grande desafio pela frente até abril de 2017. Precisará resgatar a credibilidade de um clube destruído pelas últimas gestões, principalmente a última.

Dos 240 membros do Conselho Deliberativo que têm direito a voto, 193 estiveram presentes no Morumbi. Alguns, que fizeram parte da gestão anterior, não conseguiam esconder o constrangimento. Eram alvos de alfinetadas de oposicionistas. Evitavam os jornalistas. Recusavam-se a falar sobre Carlos Miguel Aidar, antecessor de Leco que renunciou após denúncias de corrupção. Aidar, aliás, não deu as caras. Nem ele nem Douglas Schwartzmann, seu braço direito, também citado nas denúncias de irregularidades feitas pelo vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro.

Curioso é que Douglas não foi, mas seu pai estava lá. O ex-vice de comunicação e marketing é filho do conselheiro José Maurício Schwartzmann, que foi ao Morumbi votar e ainda sentou na mesma mesa em que Leco, o novo presidente, comemorou a vitória. A cena simbolizou a fragilidade com que Douglas deixou a diretoria. Também sentou-se à mesa José Francisco Manssur, que deve ocupar o cargo de vice-presidente de comunicação, a pasta que era de Schwartzmann. Duro golpe.

Além de Aidar, Juvenal Juvêncio foi o outro ex-presidente dos mais recentes que não esteve presente. Ele passa por um momento bastante delicado de saúde. Seu médico, dr. Alfredo Salim Helito, até autorizou sua ida ao Morumbi, desde que de cadeira de rodas. Ele insistia em tentar ir andando. Não conseguiu. Não foi. Estava representado pelo seu filho, claro, sem direito a voto. Os outros cardeais, cada um à sua maneira, representa no que se transformou o São Paulo.

Que o diga Paulo Amaral. Mandatário do clube entre 2000 e 2002, período em que afastou Rogério Ceni por uma proposta do Arsenal que nunca chegou a suas mãos, Amaral saiu ridicularizado do pleito. Foi detonado até por aqueles que fazem parte do mesmo grupo político. O motivo? O fato de ter anunciado candidatura para concorrer contra Leco e, no dia seguinte, ter desistido. Tinha chance real de vitória, mas não se sabe o porquê, desistiu. Foi chamado de covarde, entre outros adjetivos impublicáveis.

O também ex-presidente Fernando Casal de Rey (1994 a 1998) foi implacável. Não escondeu a decepção contra o colega, a quem julgava capaz de derrotar Leco, por já ter cerca de 120 votos, segundo ele. Nitidamente decepcionado com a política atual do São Paulo, Fernando fez um comentário emblemático sobre o assunto. Surpreendente até, para um clube que sempre se orgulhou de cardeais e não dirigentes.

– Hoje, nós somos todos dinossauros aqui. Virou um parque dos dinossauros. O São Paulo está velho. Precisa de novas lideranças, precisa se reciclar, se modernizar. Vamos ver se o Leco cumprirá o que está prometendo aí – disse, enquanto o novo presidente concluia seu discurso de posse.

Casal de Rey é sogro do candidato derrotado, o conselheiro Newton Ferreira. Vê no parente uma possibilidade de liderança, mas não se entusiasma. Tem esperança de que o Conselho Consultivo, composto pelos ex-presidentes e são-paulinos influentes, volte a ser ouvido. Espera que Leco abra a administração para os opositores. Mas hesita em apontar o futuro.

– O São Paulo ficou grande demais para quem administra. Tem Morumbi, Barra Funda, Cotia. É muita responsabilidade – afirmou.

Pouco depois, Leco comemorava a vitória em um dos camarotes do Morumbi, entre um brinde ou outro de prosseco. Contou histórias, gabou-se de ter sido um zagueiro de futebol elegante, entre risos. Agradeceu seus aliados, boa parte figuras já conhecidas da gestão de Juvenal Juvêncio. Leco vai administrar com muitas das pessoas da gestão que antecedeu Carlos Miguel Aidar, mas com a missão de fazer diferente. É de mudança que o São Paulo precisa, uma das únicas certezas de um clube, vamos admitir, de dinossauros.

 

7 comentários em “Bastidores da eleição do São Paulo

  1. Ataíde não pode ficar no futebol, é arrogante e acha que entende do assunto, além de ter colocado o São Paulo na mídia negativa brigando com CMA em local público, ficou um ano e meio no futebol e não agregou nada, é antipático e metido a brigão, não tem jinga para tratar com boleiro, como disseram ai é a Dilma do Morumbi.

  2. Paulo Pontes,
    Faltou dizer que o Ex-VP Social e de Esportes Amadores Antônio Donizete “SANTISTA DE CORAÇÃO” Gonçalves, o Ambicioso Dedé, foi visto puxando o saco do Leco, de todas as maneiras, antes e após o pleito.Querendo de todas as maneiras recuperar o cargo perdido.
    Esse é um que deve estar desesperado, pois vai ter que voltar a colocar dentadura na boca do povo.

  3. Que tristeza não ter uma liderança jovem e capaz como o palmeiras, o sccp e até o flamengo tiveram no auge de suas respectivas crises. Mas o tricolor não, numa das maiores crises de sua história é eleito um senhor de 77 anos pra conduzir a reconstrução.

    O sistema político do sp tem que mudar e possibilitar o surgimento de pessoas desinteressadas desse jogo de poder que o clube tem, alguém novo, cheio de idéias e vigor. O mundo mudou, o clube precisa urgentemente entrar no século XXI.

  4. O Leco já saiu errando, permanecendo com Ataíde no futebol.
    Simplesmente o cargo mais importante depois da Presidência continuará com quem foi testado e REPROVADO. Não é do ramo (vide Adalberto Porsche Batista)e ainda por cima se acha muito bom. Tenta mascarar sua incompetência com arrogância e braveza. É a Dilma do Morumbi.
    Deveria ter dado outra função pra ele, pelo serviço prestado (renúncia do Aidar), e deixá-lo longe do futebol que não é lugar pra despreparado satisfazer sua vaidade. A locomotiva do clube vai continuar com o maquinista falastrão, mas inábil, incompetente e sem visão.
    Infelizmente, no São Paulo não é o mérito, a qualificação e competência, os primeiros critérios para preenchimento dos cargos, e sim, acordos políticos. É uma ação entre amigos com o patrimônio de milhares e a paixão de milhões.
    Meritocracia, transparência, governança, renovação, modernização e democratização seguem longe do Morumbi.

  5. Parabéns ao Fernando Casal de Rey. Reconhecer a ignorância é o primeiro passo para acabar com ela. Virtude que o Leco, ainda excitado pela vitória, parece estar longe de ter.
    Só erra Fernando ao comparar o conselho a dinossauros, criaturas poderosas e saudáveis. Quem dera um meteoro tivesse caído no Morumbi ontem e formalizado a extinção já evidente desses cardeais do século passado.
    Como não caiu nada do céu, continuamos sendo conduzidos por carniça de grã-fino.
    Aguardando que alguns deles tenham a grandeza de admitir que o Paleozoico acabou. E que profissionalizem a gestão, chamando gente atualizada. Irrigando de sangue novo essa carcaça carcomida, desmoralizada e falida.
    Ou mudem o estatuto e deixem a torcida comandar.

  6. O fundamento principal da ignorância do conhecimento é esperar algo diferente fazendo a mesma coisa. É o que teremos até o fim mandato dele.
    Fernando Casal é o mais lúcido.

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