Chapéu e tiradas de Aidar voltam a colocar rivais contra São Paulo

As aparições de Juvenal Juvêncio com menor frequência em seus últimos anos no poder consequentemente diminuíram as provocações aos rivais e, portanto, permitiram que o São Paulo voltasse a ter com eles uma relação mais amistosa – ou menos desgastante. Carlos Miguel Aidar, seu sucessor, porém, está mais ativo em início de gestão e causando polêmicas. A mais nova delas surgiu por ter contratado o atacante Alan Kardec, o que provocou ira no presidente do Palmeiras.

“Falei muito com a diretoria passada do São Paulo para tentarmos mudar essa história. Não cheguei a conhecer o Juvenal Juvêncio, mas conversei com pessoas do alto escalão dele. Afinal, unidos somos mais fortes para defender os nossos direitos. Infelizmente, a relação continuará ruim com essa nova administração do São Paulo. Nada vai mudar”, disse o palmeirense Paulo Nobre, na segunda-feira, sem poupar o rival pelo chapéu recebido.

“O que é totalmente antiético é entrar no curso de uma negociação de maneira sorrateira. Todos sabem que os clubes estão desunidos. Do que adianta você se vangloriar de dar um passa-moleque em alguém se continua fraco coletivamente? O que mais me causa estranheza é que o senhor que ganhou a presidência do São Paulo é um dos mentores do Clube dos 13”, acrescentou Nobre.

“O fato é que o São Paulo foi mais hábil, só isso”, rebateu o são-paulino, no dia seguinte, em entrevista na qual mostrou não temer uma crise com o Palmeiras. “Se perder um atleta para um concorrente estreme a relação, mostra de novo a pequenez de atitude (do Nobre). Porque, se amanhã o Palmeiras vier a tirar um atleta nosso, não vamos nos desfazer da relação. A relação fica. Os clubes são maiores, somos todos passageiros. O Palmeiras é muito maior que cada um de seus dirigentes. Isso não deverá interferir. Se interferir, paciência, não tem o que fazer”, comentou.

Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Sucessor de Juvenal Juvêncio comeu (ou tentou comer) banana para melhorar imagem depois de receber críticas

Nobre não foi o único dirigente a reclamar do sucessor de Juvenal. O primeiro rival a atacá-lo foi a Portuguesa. O escritório de advocacia de Aidar foi contratado para fazer a defesa da ConfederaçãoBrasileira de Futebol nas ações judiciais movidas por torcedores lusitanos contra a entidade, a fim de manterem sua equipe na primeira divisão nacional. Luiz Ferreira de Almeida, vice-presidente jurídico do clube do Canindé, admitiu não haver ilegalidade nisso, mas criticou a postura do dirigente.

 

“Particularmente, se estivesse em clube coirmão, do mesmo estado, da mesma Federação, jamais advogaria contra os interesses desse clube. As pessoas tomam as atitudes que quiserem, mas uma coisa eu posso garantir: em nenhum momento a Portuguesa vai admitir prejuízo por quem quer que seja, tanto faz se é o presidente do São Paulo ou outro representante. A Portuguesa lutará pelos seus direitos. A Portuguesa não admitirá menosprezo à sua posição e jamais atuará contra um cube coirmão como o atual presidente do São Paulo está fazendo”, falou.

Na terça-feira, na ocasião do pronunciamento de resposta a Nobre, Aidar aproveitou para ressaltar que pessoalmente não advoga para a CBF nos casos em que a Portuguesa é parte interessada direta. Mas se defendeu. “Não sinto nenhuma relação conflituosa nesse sentido. O fato inegável é que não há como evitar que um advogado trabalhe como advogado. O escritório vive da advocacia, o maior patrimônio que pode ter é o cliente”, argumentou, afastando ainda a hipótese de o São Paulo ser eventualmente beneficiado pela entidade. “Se houvesse benefício, ela não teria recusado o primeiro pedido formal que fiz para a inversão de mando de campo do jogo contra o Corinthians. Pedi porque não poderemos usar o Morumbi por causa do show que ocorrerá aqui”.

Além de Portuguesa e Palmeiras, também o Corinthians, ou mais especificamente Andrés Sanchez (ex-presidente corintiano), já se sentiu ofendido por Aidar. Em entrevista à ESPN,  ainda em meio à campanha eleitoral, o são-paulino falou que Itaquera, bairro em que o clube alvinegro constrói sua arena, “é outro mundo, outro país”. Durante participação no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, o antecessor de Mário Gobbi no arquirrival contra-atacou.

“O Aidar é um preconceituoso. É uma vergonha falar o que ele falou, querendo fazer um apartheid. Ele ofendeu a Zona Leste como um todo e o Corinthians. É um absurdo, um cara que ganha cheque de tudo o que é lugar, que foi presidente da OAB… Foi um irresponsável. Há muitos preconceituosos no Brasil, mas declarados, como ele, é difícil encontrar. Ele é racista”, respondeu Andrés, semanas antes de Aidar dizer também que o meia Kaká tem a cara do São Paulo porque “é alfabetizado, bonito e tem todos os dentes”.

Apesar da repercussão negativa junto aos rivais por seu comportamento, Aidar não teme dificuldades ou problemas. “Isso faz parte do jogo, o São Paulo tem imagem de muito bem organizado, e isso causa certo ciúme nos coirmãos. É incrível. O São Paulo criou imagem de prepotência, de soberano, talvez até pelo próprio marketing, mas vamos pôr a coroa no rei assim que cobrirmos o estádio”, ironizou, prevendo superioridade são-paulina se o projeto de modernização do Morumbi (que inclui a construção de cobertura do estádio, arena de show e estacionamentos) sair do papel.

Internamente, no entanto, o dirigente foi aconselhado a evitar brincadeiras mais polêmicas e, justamente para mudar a imagem criada nos primeiros dias de gestão, entrou na onda contra o racismo no futebol ao (tentar) comer uma banana diante das câmeras, na terça-feira. Outra aposta para não sofrer retaliação dos principais times brasileiros é o vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro, que estreitou relações com diversos dirigentes nacionais no período em que exerceu cargo executivo do Clube dos 13 e é o responsável por conduzir o futebol são-paulino a partir de agora.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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