Médicos são-paulinos fazem manifesto contra a reeleição

Médicos e médicas são-paulinos apresentaram um grande manifesto contra a reeleição. Leia abaixo:

Primum Non Nocere

Médicas e Médicos São-Paulinos e a reeleição

 

Meu caro Presidente, meus caros 82 conselheiros, em primeiro lugar, Saudações Tricolores. Vida longa ao Glorioso, ao Clube da Fé, ao Mais Querido.

Somos médicos e médicas que têm duas coisas em comum: nosso amor pela medicina e nossa paixão infindável pelo São Paulo Futebol Clube.

Como médicos e médicas, nos move o desejo de aliviar o sofrimento de pessoas e fazer tudo pela saúde. Nos guiamos pelos princípios de Hipócrates, entre os quais o famoso Primum Non Nocere, que nos compele a não causar dano ao paciente com nossa profissão, acima de tudo. Sofremos por este princípio, que assombra nossa prática, mas nos motiva a fazer sempre o melhor.

Como são-paulinos e são-paulinas, torcemos pelo clube de nossos pais, avós, tios. Aquele cujas glórias vêm do passado, como Porphyrio da Paz colocou em nosso hino. E nossas glórias vem daqueles dirigentes e colaboradores que lutaram pela grandeza do clube, que serviram sem se servir e sem pedir nada ao São Paulo Futebol Clube. Destes grandes nomes, vieram vitórias e derrotas, muitas amargas. Mas emergiu um clube com identidade, sereno, pioneiro e cujo maior legado foi o Estádio do Morumbi, símbolo maior de um período de primazia, visão e, nesta época com razão, soberania. Não amamos vitórias, amamos o clube que nos legaram.

Os tempos mudaram, mudou a medicina, mudou o futebol, mudou o Tricolor. Hoje vivemos tempos difíceis. Luta-se por prevalecer a todo custo, importando mais os fins às custas dos meios. A multiplicação de autocratas mostra que a democracia vem apanhando sem dó, sendo reduzida a colocar um voto na urna. O Tricolor também mudou. Infelizmente para pior e não precisamos dar exemplos aqui. Aliás, o senhor e seus conselheiros falam em reconstrução com muita frequência. Todos sabem.

Presidente, acho que o fazem da pior maneira possível ao propor a própria possibilidade de reeleição estando no poder.

Presidente, o processo é sombrio. A sequência de casuísmos é assustadora e conta ainda com os robôs enviando propaganda anônima em nossos celulares, emulando o que há de pior em nosso próprio pobre processo democrático como pais.

Presidente, conselheiros, somos bons em diagnóstico. É nosso dever perceber que há algo de errado, alertar nossos pacientes e procurar o problema para resolvê-lo. Passamos dois anos difíceis fazendo isto com a COVID-19. Perto do que passamos como médicos e médicas, diagnosticar o que ocorre em nossas hostes é muito fácil e cristalino: orquestra-se um golpe, não eleitoral, mas um golpe contra nossa história, nossa identidade, nosso passado. Democracia não é votar Presidente. Democracia é um ambiente e suas instâncias de decisão e discussão. O voto é seu último instrumento. Decerto que a reeleição é um instrumento da democracia, como os robôs nos alertam nas telas dos celulares. Mas não quando é um instrumento conquistado pela barganha, pelo favorecimento, pelo benefício próprio. Pelo desejo de calar opiniões diferentes e perpetuar pela força uma visão hegemônica. É válido quando amplamente debatido, de forma transparente e sem procurar beneficiários que não sejam os objetos maiores, em nosso caso, nossa torcida e nosso clube. Nem é democrático quando feito em ambiente pré-determinado e assegurado da vitória. É democrático quando convence, arregimenta, muda ideias. E não quando compra opiniões. Nada disso ocorre e não vemos hoje qualquer indício que uma reeleição nos favoreça, ainda que alcançada por meios espúrios. O clube está mergulhado no passado do obscurantismo, do compadrio, do atraso, do paroquialismo. E os resultados batem a nossa porta, pelo menos à porta dos que se importam e perdem noites de sono com o Tricolor do Morumbi.

Presidente, 82 conselheiros. Achamos, respeitosamente, que os senhores têm propostas que não estão à altura de um futebol em modernização. Comitês de Notáveis, Câmaras Técnicas, reviver ídolos e profissionais do passado são o varejo e não a visão estratégica de que o clube precisa. Falta uma visão de futuro, a qual certamente inclui uma democratização dos processos e a inclusão de milhões de pessoas que são, na prática, o São Paulo Futebol Clube. Esta reeleição, que coroa um ambiente pobre em ideias que não sejam para um benefício próprio, tem um potencial de dano irreparável. Nos levará ao atraso, à vergonha do endividamento irresponsável, à irrelevância no mundo do futebol e oferecerá o escárnio aos nossos rivais. E tendo pouco a oferecer a este grandioso clube, desejamos que os senhores, neste momento difícil, lembrem-se de nossa honrosa profissão e dos ensinamentos ancestrais de Hipócrates: Primum Non Nocere. E permitam que 20 milhões de São-Paulinos tenham direito a sonhar com dias melhores.

 

Médicos e Médicas Tricolores de Coração

6 comentários em “Médicos são-paulinos fazem manifesto contra a reeleição

  1. Os únicos “são paulinos” que importam neste momento são os “fake” também conhecidos como
    associados do clube. Agora para ajudar o time a não cair ou a vencer titulos só uma tal de torcida que nesta hora assiste os “fake” mais uma vez, dentre tantas, fazerem m…. para o time em benefício próprio .

  2. TENHO 66 anos, no juventus clube que sou sócio, e frequento até porque sou do Ipiranga sou conhecido e reconhecido como Helinho São Paulino, eu e meu filho somos sócio torcedores do SPFC, Meus melhores amigos no juventus são tricolores,
    tenho mais afinidade com funcionários tricolores, fui funcionario da natura e Anizio Pinotti pai de Vinicius sempre me deu um tratamento diferenciado, por ser tricolor,
    SPFC é uma sociedade de amigos.

  3. Fantástico texto. Infelizmente sabemos que isto não mudará o pensamento desses sanguessugas. Eles não estão nem aí para o nosso tricolor. Só pensam nos próprios umbigos.

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