Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, eu poderia estar aqui falando do jogo desta quarta-feira, da ansiedade, da estreia na Libertadores, da possibilidade de Murcy Ramalho adotar o 3-5-2 para o jogo contra o Corinthians, mas tenho que me ocupar de outro fato: o transporte da torcida do Tricolor, que ganhou ênfase depois da declaração do presidente Carlos Miguel Aidar, de que poderemos ter morte no percurso da volta.
A possibilidade só se torna procedente porque não haverá transporte funcionando após o jogo, no momento que os 1.500 torcedores são-paulinos estiverem deixando o Itaquerão. De acordo com o esquema de segurança preparado pela Polícia Militar a torcida corinthiana deixará o estádio assim que encerrada a partida, o que deve ocorrer por volta das 23h55. Somente às 0h45 os torcedores do São Paulo serão liberados do estádio.
Ocorre que o Metro para de funcionar, em dias de jogos, às 00h30 e a CPTM meia-noite. Ou seja: não haverá transporte para os torcedores são-paulinos, até porque seria inimaginável contar com ônibus de linha para transportar 1.500 torcedores.
A Independente disse que virá a pé de Itaquera. O presidente Carlos Miguel Aidar conversou com autoridades do Estado, tentando encontrar uma solução, mas não obteve sucesso. E aí disse que “tem gente que vai chegar 5 horas da manhã em casa por causa disso. Pode ter bomba, pode ter morte, risco de emboscada, pode ter tudo numa situação dessas. O poder público não se empenha. Essas atitudes só fomentam a rivalidade, violência.”
Carlos Miguel Aidar está numa sinuca de bico: se pagar os ônibus para a torcida, dirão que está subsidiando os marginais das uniformizadas. Se não fizer nada, dirão que está abandonando a torcida.
Vejo essa situação como mais uma demonstração de fraqueza do nosso clube perante as autoridades. Uma fragilidade que começou com Juvenal Juvêncio, que brigou com Deus e o mundo e continua, com requintes de perfeição, com Carlos Miguel Aidar, que brigou com quem ainda faltava e não reatou com ninguém. Uma fragilidade nos bastidores que tem nos custado alguns pontos importantes nos campeonatos que disputamos, que coloca em risco nossa participação na Libertadores, mormente jogando contra quem vamos jogar nessa quarta-feira e que não consegue nada, absolutamente nada, que seja favorável a nós.
O presidente do Corinthians foi à luta e, como não conseguiu convencer a Globo, dona do futebol, a antecipar o início dos jogos, obteve uma vitória com as autoridades do Estado mudando o horário do Metro em dias de jogos. Mas o presidente do São Paulo não consegue nem ônibus, quanto mais mudar horário dos trens. Fraqueza total.
Não sou defensor da Independente, nem acho que o clube deveria bancar ônibus, segurança particular ou coisa que o valha. Mas o Estado tem, por dever, dar esta segurança e fornecer o transporte para quem vai a um grande evento como será o jogo de amanhã.
Portanto, se algo acontecer com os torcedores são-paulinos, como previu o presidente, o Estado deverá ser diretamente responsabilizado por isso. E, em segunda escala, a direção do clube, pois deixou patente sua inoperância e falta de representatividade e voz ativa frente às autoridades. Por isso temo o que possa acontecer dentro de campo – que já começou com o árbitro que foi escalado para apitar o jogo – e fora dele, na volta para casa.