Flávio Marques

Sobre a vitória do “NÃO!”, e a administração do SPFC.

Passada uma semana da realização da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) do São Paulo Futebol Clube, ocupo este espaço para parabenizar os associados do Clube que tomaram a decisão de rejeitar a proposta de reforma do Estatuto.

Essa vitória não seria possível sem uma ampla cobertura da imprensa, que logo percebeu que as mudanças propostas não traziam benefícios para o SPFC, mas sim para um pequeno grupo de privilegiados. Desde os grandes órgãos da mídia tradicional, TV aberta, TV a cabo, rádios, imprensa escrita, portais de notícias, até os blogs e redes sociais dedicados a cobrir e comentar os assuntos do São Paulo, houve uma unanimidade contra as medidas da reforma Estatutária. A enorme torcida Tricolor entendeu os riscos para a Instituição, e começou a se manifestar das mais diversas maneiras. Toda essa repercussão na sociedade, e principalmente na torcida do SPFC, fez com que os sócios refletissem sobre o tema.

O associado do São Paulo, ao perceber movimentação tão intensa a respeito da matéria, foi buscar informações corretas sobre o que realmente estaria sendo votado. Enquanto os arquitetos da reforma tentaram apresentar a AGE como um plebiscito para avaliar a gestão do clube social, onde o sócio votaria “sim” se estivesse satisfeito com a atual administração, os partidários do “NÃO” procuraram esclarecer o teor real de cada pauta em análise, as consequências de cada mudança e o impacto sobre o futuro da Instituição.

No domingo, 23 de janeiro de 2022, os sócios do SPFC disseram “NÃO” aos 67 Conselheiros Eleitos que votaram a favor da ampliação de seus mandatos, legislando em causa própria, reagiram com um “NÃO” ao presidente do SPFC, que tomou para si o protagonismo na campanha a favor de uma alteração do Estatuto que o beneficiaria diretamente, e deram um recado a todos os que os subestimaram. Os associados do São Paulo Futebol Clube não se deixaram convencer por pequenos agrados, convites para jantares e eventos. A vitória foi do voto consciente, do sócio esclarecido. O São Paulo Futebol Clube ganhou.

Tenho que registrar que o ambiente no Clube durante a AGE foi de total tranquilidade, e de respeito entre os defensores dos dois lados. O sistema de voto eletrônico, junto com a opção pela votação “drive thru”, permitiu que os sócios pudessem votar com tranquilidade e segurança. Que os procedimentos dessa AGE sejam o padrão para próximas eleições no SPFC.

Apesar do tom muito otimista com que a atual administração do clube foi apresentada na campanha, o fato é que, nos primeiros nove meses da gestão de Julio Casares, o São Paulo Futebol Clube apresentou déficit de R$ 71 milhões, e o endividamento líquido cresceu R$ 55 milhões. O departamento de Futebol Profissional, razão de ser do SPFC, gastou entre janeiro e setembro de 2021 a soma de R$ 183 milhões apenas em despesas de pessoal e direitos de imagem, excedendo em R$ 69 milhões o valor de R$ 114 milhões que consta no orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo para esse período. Esses são números oficiais, divulgados pelo Clube, e mostram que a atual administração não foi capaz de cumprir as metas de controle de gastos a que se propunha.

Esses péssimos resultados da administração mostram que o São Paulo Futebol Clube necessita de mais trabalho, e menos promoção pessoal, mais foco na recuperação financeira, e menos busca por vitórias a qualquer custo. Para o clube voltar a ser protagonista necessita, como condição prévia, sanear suas finanças. Apenas um clube equilibrado financeiramente tem as condições para se manter vencedor no longo prazo.

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