O calendário do SPFC em 2023

A partida contra o Ituano em 15 de janeiro, empate de 0 x 0 no Morumbi, foi a largada para uma temporada em que o São Paulo Futebol Clube poderá fazer, se chegar a todas as finais de campeonatos, até 79 jogos em um intervalo de 323 dias corridos. O Tricolor disputará no mínimo 58 jogos, em caso de eliminação precoce em todas as Copas, e chegará a 73 partidas se forem cumpridas as projeções de receitas de premiação utilizadas para elaboração do orçamento anual.

Estas são as competições e os períodos de disputa de cada uma, conforme edição mais recente dos calendários da CBF e CONMEBOL.

Em termos de competições e objetivos de classificação para a temporada 2023, estes são os números de jogos:

Em comparação ao ano de 2022, em que o São Paulo jogou 77 vezes, existe uma novidade na Copa Sul-Americana, que é o play-off, entre os classificados em segundo lugar de cada grupo contra os terceiros colocados dos grupos da Libertadores, para decidir quem fica com uma vaga nas oitavas de final do torneio. Essa etapa não existia no regulamento do ano passado, e pode representar um acréscimo de duas partidas jogadas no ano.

Na Copa do Brasil deste ano o SPFC, em função do nono lugar alcançado no Brasileiro 2022, não precisará disputar as fases iniciais da competição, entrando diretamente na terceira fase do torneio, junto com os times classificados à Libertadores e os vencedores das Copas regionais. Com isso, o Tricolor “economizará” dois jogos em comparação ao ano anterior.

Campeonato Paulista, com suas dezesseis datas, e o Campeonato Brasileiro, com trinta e oito rodadas, permanecem no mesmo esquema do ano anterior.

Ao contrário dos anos anteriores, desta vez os times tiveram mais de um mês, após o retorno das férias dos jogadores, para a realização de uma boa pré-temporada, fato raro no confuso calendário do futebol brasileiro.

O primeiro trimestre, de janeiro a março é dedicado exclusivamente para o Campeonato Paulista, com realização de 5 jogos em janeiro e 6 em fevereiro, incluindo o jogo contra o São Bento, em Sorocaba, no Sábado de Carnaval. O mês de março tem um calendário muito suave, pois mesmo que chegue à final do Paulista, o São Paulo só jogará três partidas no mês. Se for eliminado na fase de grupos do Estadual, hipótese pouco provável, jogará apenas uma vez em março. Trata-se de uma oportunidade para o técnico Rogério Ceni treinar intensivamente a equipe, pois todos os meios de semana estarão livres, além da pausa para data FIFA no final do mês, e fazer os ajustes necessários para o restante da temporada.

Em abril inicia efetivamente a maratona Tricolor. O primeiro jogo da fase de grupos da Sul-Americana, em 5 de abril, está planejado para o meio de semana entre as duas partidas finais do Paulista. A estreia do São Paulo na Copa do Brasil acontecerá em 12 de abril, três dias após o jogo de encerramento do Estadual. Na sequência virão semanas com jogos todos os finais e meios de semana, até o intervalo proporcionado pela data FIFA de 12 a 20 de junho.

Retomando os jogos após a segunda data FIFA do ano, julho e agosto serão meses de muitos jogos. A armadilha para o São Paulo está no mês de agosto, o “mês de cachorro louco”. Se repetir as campanhas de 2022, e estiver ainda vivo na Sul-Americana (oitavas de final) e Copa do Brasil (fase semifinal) nessa data, o Tricolor entrará em campo 11 vezes nos 31 dias do mês. Haverá duas semanas, no início do mês, em poderá jogar com menos de 48 horas de intervalo entre partidas, com a realização de seis jogos em duas semanas.

O risco aqui é priorizar as Copas e perder pontos essenciais no Campeonato Brasileiro. Entre os dias 10 de abril e 1º de outubro de 2022 o São Paulo disputou simultaneamente três competições, priorizando a participação nas Copas Sul-Americana e do Brasil, em detrimento da campanha no Campeonato Brasileiro. Nesse intervalo de tempo disputou 28 rodadas do Brasileiro, em grande parte dos jogos com times mistos ou equipe totalmente reserva, e somou 37 pontos (8V 13E 7D), aproveitamento de 44% dos pontos em disputa. Nas dez rodadas finais do Brasileirão, após a derrota em Córdoba, focado exclusivamente no nacional, o SPFC conquistou 17 pontos (5V 2E 3D), com aproveitamento de 57%. Com o desempenho alcançado no intervalo em que se dedicou com foco total no Brasileiro, o Tricolor teria se classificado no G4, indo diretamente para a fase de grupos da Libertadores 2023. Ao perder a final para o Independiente del Valle, e tendo desperdiçado muitos pontos no Brasileiro, ficou de fora do principal torneio do continente. O prêmio de vice-campeão da Sul-Americana não compensa a eliminação da Libertadores no ano seguinte.

Relegar o Campeonato Brasileiro a segundo plano, por quase três quartos das rodadas, e eleger a Sul-Americana como prioridade, revelou-se, em minha opinião, um erro de estratégia. Poderia ter dado certo, e o SPFC teria mais um título internacional, uma boa receita de premiação e a vaga na fase de grupos da Libertadores, mas era uma aposta muita arriscada. O custo do fracasso, exclusão da Libertadores em 2023, foi muito alto.

A minha decisão para 2023 seria de priorizar o objetivo de chegar ao final do Campeonato Brasileiro no G4, com vaga assegurada na fase de grupos da Libertadores 2024, deixando a Copa do Brasil como meta secundária, e por último a Sul-Americana. Esperemos para ver o que nossa direção vai decidir quando chegar o momento. As metas utilizadas no orçamento mostram exatamente o oposto do que penso como prioridades.

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