Victor de Moraes

Falta sorte mas falta competência!

Em meu primeiro artigo discorri sobre negociações obscuras no tricolor, possivelmente motivadas por interesses pessoais. Como São Paulino, sonho com o departamento de futebol sendo administrado de forma profissional e por pessoas que amem o São Paulo acima de tudo: acima de poder, acima de dinheiro, acima de tapete vermelho e acesso livre e acima de interesses pessoais.

Tive a oportunidade de desenvolver a minha carreira em grandes multinacionais e aprendi a muito sobre governança corporativa, transparência nos negócios, ética profissional, performance e meritocracia. Uma entidade com o faturamento anual que tem o São Paulo não pode continuar sendo administrada por amadores que jamais teriam uma posição executiva em uma empresa do mesmo porte, aliás só estão ali por terem adquirido um título de associado do clube, não por títulos acadêmicos ou reconhecimento do mercado.

A diretoria executiva do São Paulo recebe remuneração condizente com as grandes empresas do Brasil, porém os diretores destas empresas tiveram que estudar e percorrer um caminho muito árduo para chegar neste nível de posição. Já o diretor do São Paulo precisou apenas de indicação política. Nas grandes empresas o processo seletivo é brutal, apenas os melhores e mais qualificados tem chances. Vocês conseguem imaginar o Leco sendo CEO da Adidas? O Serafim como diretor jurídico da Ambev? O Albarello como CFO do Banco Inter (referência a empresas que patrocinam o SPFC)? Aposto o pouco que consegui juntar até hoje (pois nunca obtive lucro as custas do São Paulo) que TODOS os diretores do São Paulo não teriam mercado em posições semelhantes em uma empresa de faturamento similar. O São Paulo não pode continuar sendo um cabide de empregos pomposos em troca de favores políticos.

Nas grandes empresas é preciso mostrar resultado, atingir metas, cumprir orçamentos e se responsabilizar por projetos mal sucedidos ou realizados com atraso. No São Paulo basta ocupar o cargo, aparecer em fotos em momentos positivos e culpar treinadores ou jogadores pelos fracassos. Não há responsabilização pessoal. Rasgar dinheiro com o Maicosuel, com intermediários, com acordos não cumpridos parece ser normal, nada acontece. Nem mesmo quando há fumaça de irregularidade com presidente tendo renunciado ninguém é responsabilizado e as coisas não continuam iguais.

O São Paulo precisa de uma reforma política que possibilite implementar um modelo de gestão profissional, independente de favores e votos e que seja sustentável no longo prazo. Chega de interesses pessoais nas contratações. Chega de interesses pessoais na hora de eleger membros da Diretoria. Chega de interesses pessoais e favores dentro do São Paulo. Chega de viagens, ingressos e regalias para conselheiros, amigos, diretores e empresários. Se o torcedor que ganha salário mínimo sofre, pega ônibus e compra ingresso, por que um conselheiro precisa de transporte gratuito, ingresso gratuito e tapete vermelho? Não vivemos em 1819, estamos em 2019!! Ame o São Paulo ou deixe-o.

O ideal na minha humilde opinião seria ter um conselho pequeno (9 membros), eleitos por todos os associados do clube para um mandato de 4 anos sem a menor possibilidade de reeleição. Este conselho elegeria a diretoria executiva, com membros de no máximo 60 anos de idade, que reportaria ao conselho ao final de cada trimestre. A diretoria executiva seria cobrada por metas e resultados. Membros seriam responsabilizados e substituídos caso metas não fossem atingidas. Em contrapartida diretores receberiam bônus em caso de metas atingidas, tal como acontece em qualquer empresa grande.

Eu sou sócio do clube e não acho que a minha mera associação me dê direito a regalias ou tapete vermelho. Não quero nada do São Paulo, apenas títulos e memorias positivas. Adeus aos que vivem em função do São Paulo, que fazem do clube o seu ganha pão, que se tornaram políticos de carreira dentro do clube. O certo é que em qualquer empresa com faturamento equivalente não há espaço para quem não é competente e qualificado, portanto, vamos acabar com a teta do Morumbi!

4 comentários em “Victor de Moraes

  1. Este conselho elegeria a diretoria executiva, com membros de no máximo 60 anos de idade, que reportaria ao conselho ao final de cada trimestre.
    Poderia ter ganho um dez.

  2. Caro Victor… que excelente comentário! Penso que foi um dos melhores aqui postados, se não o melhor. Sua análise, além de muito sensata, é também abrangente quando cita como o fulcro do nosso problema, o viés político, e não meritório, que permeia as nomeações dos diretores “remunerados”, como sendo um dos males da atual gestão. Com certeza, a quase totalidade dos atuais diretores, não passaria no primeiro teste realizado no RH de uma multinacional. Aliás, seus currículos como gestores, sequer seriam selecionados. O certo é que, no sentido lato, nossa gestão “profissional” e a mais amadora de todos os tempos. Como você, eu também sou torcedor desde que nasci, além de associado e proprietário de cadeira cativa no Estádio. Parabéns Victor !!!!

  3. Olá Vitor, parabéns pelo artigo.
    Concordo quando você critica a questão de não haver responsabilização pessoal. Como administrador em empresa privada colocamos a cada dia nosso cargo, carreira e até patrimônio pessoal em risco dependendo de nossas decisões.
    Sobre o Conselho Deliberativo discordo em reduzi-lo pois são nossos representantes como sócios. Precisamos QUALIFICAR esse Conselho evitando eleger pessoas que apenas seguem a manada de seus grupos políticos.
    O Conselho de Administração, que não deveria ter membros indicados pela Presidência, deveria agir no sentido que você propõe de contratar os Diretores Executivos com independência. Só ressalvo que não seria Legal estabelecer uma idade máxima (vide a reforma da Previdência).
    O debate é importante e esses temas tem que ser levados às eleições de 2020, elegendo Conselheiros comprometidos com as revisões necessárias no Estatuto.

  4. Com certeza vc está corretíssimo concordo plenamente vamos olhar para a instituição SPFC e não para seus governantes políticos estou do seu lado ,chega de jogar dinheiro fora temos que ter uma administração competente e não mau organizada parabéns pela sua iniciativa .

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