Caldeirão político ferve, enquanto time congela

Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, peço desculpas para, mais uma vez, entrar na esfera política do clube. Sei perfeitamente que minha cabeça deveria estar – e está – totalmente virada para o jogo desta noite contra o Fluminense. Afinal, estamos a apenas um ponto da zona de rebaixamento e uma derrota será catastrófica. Não espero vitória, pois na atual circunstância, é como enxergar uma piscina no deserto, mas entendo que um empate terá que ser muito comemorado por nós, reles torcedores.

Porém, se esse sofrimento, essa angústia, todo esse quadro vale para nós, parece não ser igual aos nobres senhores que dirigem este clube, ou que querem um dia dirigí-lo. Sábado passado todos os conselheiros se reuniram no CT de Cotia para um grande almoço. Situação, oposição, ex-Jacks, enfim, todos presentes para uma grande confraternização e comemoração. Mas comemorar o que? O clima político no clube? A posição do São Paulo no Brasileiro?

Aí, passado o sábado, leio no domingo o blog do Abílio Diniz defendendo o indefensável. Entendam que quero, sim, a profissionalização das diretorias do São Paulo. Todas, não só o futebol. Mas o que Abílio e os conselheiros que estão subservientes a ele escondem atrás da cortina é que ele quer, de fato, a separação do futebol com o clube. O futebol se tornaria uma S.A. e ele, naturalmente, presidiria essa Sociedade Anônima, já que, por não ser conselheiro, não pode se candidatar à presidência agora.

Ao profissionalizar o clube, como eu e tantos outros sócios e torcedores defendem, você não precisa necessariamente desvincular a entidade São Paulo Futebol do Clube. Se profissionais forem contratados para os setores mais importantes da administração, o gerenciamento empresarial estará presente.

Júlio Casares, que foi vice-presidente de Marketing de Carlos Miguel Aidar, tem dado várias entrevistas defendendo a tese de Abilio Diniz. Comigo mesmo já teve várias conversas e, em alguns pontos, nossos pensamentos convergiram. Ele tem negado insistentemente que é candidato à presidência do São Paulo. Para mim não foram poucas as vezes que ele ratificou essa negativa.

Mas neste final de semana, andando no clube, conversando com pessoas de vários setores da política, pude depurar o que eu já desconfiava: o artigo no projeto do novo estatuto que diz que o presidente eleito em 2017 deverá colocar para o Conselho Deliberativo, em um ano, a consulta da separação do Clube do Futebol, é a mais clara definição para que eu possa afirmar aqui: Júlio Casares será o candidato de Abilio Diniz à presidência do São Paulo. E junto com ele estão outros conselheiros, entre os quais Leonardo Serafim, que também ocupou posição de destaque na área jurídica do clube na gestão de Carlos Miguel Aidar, e o atual presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Pupo.

Leco não está percebendo o que acontece a sua volta. Seu vice, Roberto Natel, já debandou. Alguns ficaram em cima do muro, mas estão, no fundo, perdidos sobre que caminho tomar em 2017. O espaço para Abilio Diniz foi dado. Mas, para mim, a emenda pode sair pior que o soneto.

Disse semana passada que não apresentaria emendas ao projeto de estatuto, por ter me sentido um otário na última reunião. Recebi o convite para participar de outra nesta terça-feira, 19h30, no Conselho Deliberativo. Vou apresentar emendas, pois não quero, amanhã, ser taxado de omisso. Quero ter o que sempre tive, moral para cobrar o que de ruim vier. Mas, mesmo apresentando as emendas que julgo fundamentais, que serão mais supressivas que inclusivas, mantenho o firme propósito de defender a não aprovação deste texto. Por mais boa vontade que tenham tido muitos da comissão do Estatuto, o prato estava pronto e eles não perceberam.

Ah, voltando ao que interessa…à vitória, Tricolor!

 

Abilio Diniz

No final da manhã recebi uma ligação da assessoria de Abilio Diniz dando algumas explicações sobre o nosso editorial Aqui reproduzo, abaixo, a nota que ele nos mandou, mas reiterando que minha opinião não muda uma única letra.

“1- não há nas propostas do Abilio para o estatuto nenhuma ideia de separação do social do futebol;

2- ele não interesse qualquer em ser presidente de qualquer órgão no SPFC;

3- a preocupação do Abilio junto ao São Paulo não é com política e sim, exclusivamente com a aprovação de um estatuto que permita uma gestão profissional no clube;

4- dessa maneira, ele não está apoiando qualquer candidato à presidência do SPFC”

 

13 comentários em “Caldeirão político ferve, enquanto time congela

  1. Sugerir modernizar o clube mantendo a figura anacrônica do Conselheiro Vitalício é uma contradição absurda.
    Que organização moderna possui Conselheiro Vitalício?
    Nessa proposta de reforma do estatuto, também não há eleição direta pra presidente.
    Os sócios devem ter uma participação bem maior na escolha de seus representantes
    Paulo, essa proposta é cheia de vícios de origem. Não podemos aprová-la desse jeito. Concordo com vc.

  2. Nem Abílio e nem Leco… o certo é que ambos não são frequentadores do São Paulo. No cotidiano, eles preferem frequentar as alamedas do E.C.Pinheiros. Ali o público é mais seleto. Contudo, eles são vaidosos e pretendem no São Paulo FC, encontrar um massageador ideal para seus egos. Na prática, eles são apenas meros apêndices da grandiosa história do Tricolor. Perguntem a qualquer um deles se fazem que foi Marcel Klaczo ou Arnaldo Ruic… perguntem a algum deles se sabem que Luiz Carlos Mossa, pai da Vera Mossa, foi atleta do São Paulo e recordista de atletismo. Certamente não saberão responder. Falta amor, falta IDENTIDICAÇÃO com as coisas do São Paulo Futebol, mas Clube também. Quanto ao Júlio Casares, é mais um neófito. Não podemos esquecer que ele participou ativamente do “processo” capitaneado por SMAI Juvenal I. Fez parte do séquito que defendeu a tese do terceiro mandato e ainda, trabalhou com tenacidade na eleição malfada de CM Aidar. Foi um protagonista no “processo” (entre aspas para lembrar a verborragia juvenaliana).

  3. Sou totalmente a FAVOR da separação do futebol do clube !
    O time de futebol SPFC NÃO é só dos sócios do clube
    e sim de uma coletividade muito maior .

  4. a verdade é uma só: se ganhamos do flu-C hoje adeus rebaixamento , se perdemos ou empatamos hoje tem ganhar da ponte e America para dar adeus ao rebaixamento

    Serie B não é lugar de soberano

    Pra sempre soberano

  5. Tinha precisão de falar de política agora? Em uma semana importante do soberano ,já temos um imprensa que fala mal do soberano ate quando ele esta bem imagine mal , ainda os soberanos vão falar mal do time .

    Eu acho que editorial agora e para motiva e apóia o time e não para falar de política ,já que tudo tem sua hora .

    Serie B não é lugar de soberano

    Pra sempre soberano

  6. Respeito à opinião mas sou a favor da separação. O clube deve mudar para sobreviver e para isso teremos que abrir mão de velhas tradições. Chelsea, Manchester e outros times estão aí para provar que este caminho é o melhor.

  7. Fernandes, infelizmente nosso clube é todo engessado de propósito para ser dominado por estes velhos endinheirados do morumbi que são sócios e por serem da elite fazem do tricolor o seu “clubinho” particular com um monte de baba ovo puxa-saco tentando agradar para virar conselheirinho de meia pataca.
    passou da hora de profissionalizar o clube e desvincular totalmente desse povo que tenha certeza, se metade for são paulino de coração é muito.

  8. A permanência do clube como está tem mais um valor sentimental pelas tradições e pela história criada pelo futebol por todos este anos, que para os quase 50% de associados não são paulinos não tem grande importância.
    Havendo separação e o futebol passando a ser uma SA, acionistas e/ou gestores buscarão fazer com que suas ações cresçam independentemente de serem são paulinos ou não.
    Particularmente, gostaria que houvesse uma divisão administrativo/financeira interna, mas com participação do sócio torcedor na escolha do conselho e quadro diretivo, pois estes, juntamente com os associados são paulinos é que têm preocupação com o futebol.
    Vale lembrar, que sócio torcedor é uma figura recente e importante no atual contexto, fazendo com que o associado não seja mais o único elemento merecedor de créditos e privilégios, com autonomia de decisão no que diz respeito ao futebol, isto passa a valer somente para a área social.
    Assim, se o sócio torcedor for permanecer tolhido de participar mais ativamente, que haja a separação completa.

  9. Eu sou a favor da dissociação total e da transformação do futebol em S.A. O Manchester United, a Inter de Milão e o Bayern são empresas. Por que o São Paulo não poderia ser? Qual seria o problema de um dirigente torcer para outro time? Jogadores também torcem. Uma empresa não tem um dirigente só e não consta que esse dirigente possa desejar o fracasso do próprio trabalho. MAC trabalhou no Santos, por exemplo. Será que um santista competente não é melhor que Leco, Gustavo, Aidar, Athayde etc? Sou cada vez mais fã do Abílio.

  10. Querer um São Paulo livre, com uma gestão profissional e voto direto para presidente ou um clube com duzentos e poucos conselheiros mandando em tudo com um monte de puxa-saco dizendo amém? Escolham.

    • Eduardo, vou dar o seguinte exemplo: torço para a instituição SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE desde que nasci. É algo muito forte. É uma instituição, como um todo. Na hora que transformarem o SÃO PAULO FUTEBOL em S.A., onde qualquer um, seja são-paulino ou não, poderá comandá-lo, basta ser acionista e ter direito a voto, talvez eu prefira torcer para um time da Ultragaz ou do Bradesco, instituições com quem tenho relações comerciais há mais de 20 anos. Acho que expliquei o que o projeto do Abilio pretende.

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