Diniz elogia a efetividade do ataque, ressalta o trabalho da defesa

Classificado para as semifinais da Copa do Brasil após atropelar o Flamengo no Morumbi, o São Paulo está a quatro jogos de conquistar o torneio nacional e se livrar do jejum de títulos que já dura quase oito anos. Comandante do Tricolor nesta temporada, o técnico Fernando Diniz demonstrou satisfação com a evolução de sua equipe e fez elogios individuais a alguns nomes do elenco.

–  O futebol não dá para ser explicado de uma maneira rasa, superficial e com esse pragmatismo que todo mundo gostaria como se fosse uma receita. Fico muito feliz pela efetividade do time, mas um jogo com essas características é uma partida onde alguém dificilmente vai finalizar bastante para o gol. Jogo truncado, estudado, de mata-mata. Eu gosto sempre que o time finalize mais e tenha um aproveitamento melhor, mas estou bastante contente com a efetividade – principalmente da maneira como a equipe construiu o resultado lá e aqui também, sobretudo no segundo tempo – afirmou o treinador ao ser questionado sobre o bom aproveitamento nas finalizações.

Pela terceira vez em menos de um mês, o São Paulo conseguiu um resultado expressivo diante do poderoso Flamengo, atual campeão do Brasileirão e também da Copa Libertadores. Ao fim do duelo no Morumbi, Diniz elogiou o trabalho do sistema defensivo que não foi vazado na noite da última quarta diante de um dos sistemas ofensivos mais temidos do futebol nacional.

– Não teve nada específico. Contra o Coritiba, Inter e Santos, por exemplo, criaram muitas poucas chances e fizeram gols. Não tem nenhuma mágica. Temos muita atenção com os jogadores que podem decidir o jogo a qualquer momento. Nossos jogadores já estão atentos e, de fato, hoje nosso time marcou muito bem. A defesa conseguiu corresponder de uma maneira muito positiva. O time sabe marcar – avisou Diniz, respondendo aos críticos.

Na sequência, o São Paulo mede forças com o Grêmio em jogos de ida e volta. A primeira partida será disputada no Morumbi, no dia 23 de dezembro, e o duelo de volta acontece no Rio Grande do Sul, no dia 30 do mesmo mês, na Arena do Grêmio. Até lá, o Tricolor estará completamente focado no Brasileirão – competição na qual também tem boas chances de título.

– Temos que pensar no Brasileiro. Temos chances nas duas competições. Quando chegar próximo do jogo do Grêmio vamos ver se faremos algum ajuste. A agenda está cheia até lá. Temos que focar no Campeonato Brasileiro porque, de fato, só vamos jogar no Brasileiro – concluiu Diniz.

Veja a entrevista coletiva do técnico Fernando Diniz:

Sobre o atacante Luciano
Não considero o Luciano uma contratação porque foi uma troca. Ele é um jogador com um potencial muito grande e que, na minha opinião, era um jogador subvalorizado pelo o que eu via no Fluminense. Meus primeiros contato com ele tive algumas conversas com ele sobre o pouco espaço que ele tinha no futebol brasileiro pelo tamanho do potencial que ele tinha. No Fluminense, ele conseguiu corresponder e hoje no São Paulo – de uma maneira muito intensa e muito forte – está ganhando o espaço qu ele merece pelo profissional que ele é, pelo carisma que ele tem, e pela forma como ele se dedica e trabalha. É um cara que você não vê no departamento médico, não vê encostado. É um cara que trabalha muito.

Sobre a liderança do Daniel Alves dentro do elenco
Falar do Daniel é sempre um prazer muito grande. É um presente poder trabalhar com ele, é um privilégio. Falo isso hoje e falo quando vocês, na coletiva de imprensa, falam que ele não poderia jogar tanto. Está provado que, às vezes, não tem nada a ver os argumentos genéricos que a gente usa. O Daniel Alves não se encaixa nessa lógica comum de que com 36 ou 37 anos você precisa ser poupado. Ele nunca pediu para ser poupado e eu nunca tirei ele de treino. Repito para vocês: o Daniel nunca saiu de um treino. Ele chega antes e vai embora depois. Chega a ser redundante porque eu já falei isso antes. É um jogador especial, muito solidário, coletivo. Ele vive dessa forma. É um cara que soma muito e está jogando aquilo que ele sabe. O time está correspondendo e, para mim, é algo super natural o que está acontecendo com o Daniel. É um jogador muito grande e nos ajuda muito. É um jogador fundamental para nós.

Sobre longevidade dos treinadores
Eu não acho que vai mudar. O Renato não está lá porque ele foi longevo. Ele está lá porque chegou e ganhou a Copa do Brasil e no ano seguinte ganhou a Libertadores. Talvez tenha vencido todos os campeonatos gaúchos que disputou. Aqui no São Paulo eu acho que é um exemplo mais prático e mais assertivo do que o do Grêmio. Nesse meu tempo aqui já vivemos muitos momentos de pressão. Temos uma diretoria que viu que tinha sentido ficar cada vez mais junto e trabalhar cada vez para que as coisas acontecessem. O São Paulo é um exemplo de que quando você acredita em um coisa que valha a pena você precisa sofrer em determinados momentos e não ficar mudando. Acho que tem que saber escolher bem e dar um tipo de suporte, de garantia, de que você vai ter pelo menos um tempo razoável de trabalho.

Sobre o trabalho realizado com os atacantes do elenco 
Não tem mágica. Você não tem certeza de que vai dar certo. Eu trabalho muito. Talvez uma característica muito positiva que eu tenho é de que eu não sou de desistir. Procuro ajudar e insistir, mas esses três que você citou eu tenho uma relação com mais profundidade. Isso os ajuda a desenvolver o potencial em sua plenitude.

Sobre estratégia no primeiro e segundo tempos 
A estratégia era não facilitar para o Flamengo. A marcação do Flamengo estava encaixando na nossa, eles estavam levando vantagem. Não encaixou o plano A e fomos para o plano B. No segundo tempo fizemos alguns ajustes. O gol surgiu de uma maneira rápida, mas logo que pegamos a bola no segundo tempo já fomos mais agressivos. O Daniel fez uma jogada individual e o Luciano foi oportunista para fazer o gol. Quando precisamos baixar as linhas para nos defendermos soubemos fazer bem e de maneira eficiente.

Sobre o uso das categorias de base
Quase todo time grande no Brasil têm bons jogadores na base. Aqui no São Paulo é um lugar muito rico nesse sentido. Temos uma geração que conseguimos aproveitar bem. Eu sou um treinador que gosto de olhar e dar oportunidade quando é possível. Aqui, no começo do ano, tínhamos muito jogadores da base, mas poucos estavam jogando. Eu gosto de subir jogadores da base para que eu possa prepará-los. Um erro que temos é pegar um jogador da base e colocar para resolver um problema do time. A grande maioria precisa de tempo, de um acolhimento para se preparar. No São Paulo aconteceu isso e hoje os jogadores conseguem corresponder de maneira muito boa o que o São Paulo precisa. Temos o privilégio de ter a base de Cotia que trabalha bem.

Sobre Igor Gomes
Além de ser um grande jogador é um grande ser-humano. Quando ele viveu momentos tecnicamente não tão bons, pra mim era claro que ele voltaria a jogar bem. O que a gente precisa é saber que as pessoas oscilam mesmo. Todo mundo oscila. Queremos valorizar só quem acerta o tempo todo e ninguém acerta o tempo todo. É assim que perdemos muito jogadores aqui no Brasil. A pressão é cruel. Quando não consegue responder a gente vai jogando muito jogadores em segundo plano. Falo isso constantemente e temos que mudar isso. Todo mundo vive um momento ruim.

Sobre a preparação física da equipe 
Fazemos um trabalho conjunto. Cheguei no São Paulo e tinha um problema crônico que era depositado na conta do departamento médico, que é uma injustiça que a gente acaba cometendo. A coisa é muito mais complexa. Desde que eu cheguei aqui no São Paulo, a gente trabalha muito de uma maneira integrada, respeitando os departamentos e, principalmente, respeitando os jogadores. O preparo físico trabalhamos muito forte quando é possível. Temos uma concepção do futebol um pouco diferente da norma. Tem a sensibilidade, tem o aspecto emocional e temos que saber avaliar tudo. Temos uma mania determinista que parece que o jogador só é feito da parte fisiológica. Eu não consigo avaliar o jogador e nem o futebol dessa maneira. Temos que avaliar todas as partes.

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