A coisa certa na hora e momento errados

Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, o São Paulo vive hoje uma das maiores crises políticas de sua história. A briga entre o ex-presidente Juvenal Juvêncio e Carlos Miguel Aidar, a partir de uma entrevista longa, profunda, de certo modo verdadeira à folha de São Paulo, gerou um movimento político dentro do clube que ninguém ousa imaginar onde poderá chegar, pois dois caciques do alto estafe estão em litígio, que é tão grande que um não passa, hoje, no mesmo corredor que o outro.

Carlos Miguel Aidar acusou Juvenal Juvêncio de ser centralizador, comandar o clube como “coronel”, em outras palavras, o responsabilizou por uma dívida astronômica de R$ 130 milhões e afirmou que não sabia que essa era a situação do clube. Juvenal, como era de se esperar, rebateu e negou o buraco financeiro do clube.

Vamos começar por aqui. Carlos Miguel Aidar só foi eleito porque foi puxado pela mão por Juvenal Juvêncio, que elegeria o nome que ele quisesse, tal o domínio que tinha sobre o Conselho Deliberativo. Portanto, sendo o candidato da situação, e como conselheiro, não tinha o direito de não saber das finanças do clube. Portanto, foi omisso ou negligente. Aliás, o Conselho Deliberativo, guardadas as exceções geralmente ligadas à oposição, foi omisso ao permitir que o clube ficasse tão endividado.

Nas contas que Juvenal deverá apresentar em coletiva números que mostram que  ele deixou 30 milhões em caixa, valor usado para a compra de Alan Kardec, já na gestão Aidar, e antecipação de R$ 50 milhões da TV, também na gestão Aidar. Só aí são R$ 80 milhões. Portanto, haveria um passivo de dívidas alongadas com bancos de R$ 50 milhões.

Carlos Miguel Aidar fala das benesses que existiam no clube, com farta distribuição de ingressos, viagens de conselheiros, em verdadeiros trens da alegria, passagens e hospedagens. Isso é inegável. Eu mesmo presenciei no clube, muitas vezes, farta distribuição de ingressos, principalmente antes das eleições, e conselheiros viajando para todos os lados, em revezamento, acompanhando o clube. E isso Aidar cortou. Sou testemunha do fato.

Sobre Cotia, Carlos Miguel Aidar foi muito feliz, e publico aqui sua citação:

“Estou esperando um retorno da Fundação Getúlio Vargas para fazer uma auditoria de contratos. Porque eu não posso ser surpreendido com compromissos que não são conhecidos. Por exemplo, eu descobri, depois que vendi o Lucas Evangelista, que um empresário terá direito a 10% da venda porque ele prestou serviços de avaliação e intermediação para o Lucas, formado na nossa base.”

Verdade, presidente? Existe isso mesmo? Empresário intermediando contratos no CT de Cotia? Pôxa! Que descoberta! Pena que não posso dar mas detalhes publicamente, pois aquele processo que respondo corre em segredo de Justiça.

Enfim, o que Carlos Miguel Aidar disse não me soa como surpresa.  Talvez os números estejam inflados e aí terei que concordar com Juvenal Juvêncio. Não me parece que o afastamento de todos os homens ligados à Juvenal seja o caminho correto. Alguns, do tipo Adalberto Baptista, Manssur, Geraldo, já era mais do que hora. Mas há pessoas boas, muito competentes, que não mereceriam um afastamento apenas por serem ligadas a Juvenal.

Juvenal, por sua vez, tem todo o direito de espernear e responder. Afinal, foi acusado diretamente de desmandos. Suas explicações têm que ser ouvidas para que se tire melhor juízo.

O que me preocupa, e muito, não é o desabafo, mas a forma e o momento em que isso foi feito. Exijo, sim, transparência na administração de meu clube, coisa que há muito tempo não existe. Mas estamos numa semana decisiva, com um jogo decisivo no próximo domingo, depois da brilhante vitória em Brasília, e é lógico que essa crise política chega a Barra Funda e pode ser transferida para dentro das quatro linhas. E se isso acontecer, ou seja, um resultado negativo domingo, vou acusar diretamente Carlos  Miguel Aidar, pois haveria forma diferente de mostrar a situação do clube, não abrindo uma guerra política desnecessária. Por isso temo o que pode vir por aí.

12 comentários em “A coisa certa na hora e momento errados

  1. Paulo Pontes, bom dia.
    Estava esperando passar o jogo contra o Cruzeiro para comentar o seu editorial
    Permita-me dizer que desconheço os motivos que levaram Juvenal e Aidar a divergirem.
    Comenta-se que tal cisão se iniciou com a circular expedida por Aidar onde determinou que todos os vices-presidentes impusessem aos seus subordinados um corte nas despesas da ordem de 20% e que o Juvenal declarou que não a obedeceria, pelo contrário, exigiria investimentos para o CT.
    Mas, minha avaliação é que isto foi muito bom, inclusive, para o time que sabe que está sendo comandado por um dirigente destemido.
    Assim, tudo o que o Aidar fizer no sentido de apurar as contas do nosso clube terá o meu mais irrestrito apoio.
    Lembro que há mais de um ano provei que a social era superavitária utilizando o balanço e volto a repetir, a social arrecada dos sócios mais do que o necessário.
    Abraços
    Leonel

  2. Como sempre Paulo, ótimo texto.

    Paulo, a pergunta que não quer calar:

    Seria Juvenal tão Perdigueiro que poderia ligar para os jogadores para tentar rachar o elenco? Obviamente para prejudicar o Aidar….
    Do jeito como eu vejo o comportamento dele, acho que tudo é possível.

    O que você acha?

  3. Puxa, Paulo, eu esperava este texto há algum tempo e posso dizer que fiquei um pouco decepcionado.

    De fato, grande parte deste problema todo que se chama Juvenal Juvencio tem como um dos alicerces o próprio Aidar, quem deu “amparo” jurídico para o golpe — o que julgo pior do que muito dos pontos mencionados no texto –, e porque foi eleito por ele, ou seja, não pelo fato de ter sido eleito, mas por ter trabalhado lado a lado com o golpista que afundou o tricolor.

    De resto, e neste resto eu coloco se foi gente do Juvenal, se ele não sabia de algumas tramóias (sendo objetivo e evitando o proselitismo do discurso de muitos) que não deveria conhecer, ou mesmo de não ter idéia de coisas que ele viu bem pior do que a mídia conhece — veja que ele critica a falta de “controle” — que mostra existir um “ganha ganha” indevido lá dentro; se ele foi eleito pelo Juvenal, se ele faz isso agora e não antes ou depois, se a dívida não era tão grande (poupe-me acreditar no Juvenal, pois se ele estava bem com o valor, não teria adiantado a verba da globo); enfim, isso e muito mais “mas” da história, isso pouco importa!

    Nao existe meio termo para corrigir o que está errado quando o que está errado pode ser tido como “corrupção” ou, no mínimo, desvio ético.

    Não apoiei o Aidar nas eleições porque ele estava com Juvenal e nunca achei que ele faria o que está fazendo, que é fazer do clube um ambiente empresarial, o que passa por arrancar Juvenal e sua trupe.

    Ponto para o Aidar. E sem “mas”.

  4. Paulo, boa tarde, infelizmente nós torcedores e sócios torcedores,na maioria das vezes não temos conhecimento dos bastidores dos clubes, a principio concordo com as medidas do Aidar, só discordo do momento é da maneira como foi feita a declaração, em muitos lugares estão rotulando o Aidar como traidor, mas não podemos esquecer que o Aidar também ajudou muito a eleger o Juvenal nos anos 80 e na defesa do terceiro mandato a pouco tempo atrás, então, apesar das informações que temos através da imprensa, não sabemos de fato o que causou essa guerra entre eles, mas…. Desconfio que o lado do juvenal riscou o primeiro fósforo. Um abraço.

  5. Coloque esse ditadorzinho, fora de kotia e do SAOPAULO,
    ou ele, junto com adalberto porshi e gerallldo sa’o os que ainda mandam.
    Xega de conversero, fora jj e gang.
    Deixem nosso TRICOLOR em paz, seguindo seu rumo vencedor.

  6. Não acho (e torço muito) para que essa guerra política afetará o time em campo, não esse ano. O elenco é esse e o Muricy vai saber blindar o elenco.

    Acredito que essa declaração do Aidar foi planejada, ele não é burro muito menos inocente, não iria soltar uma bomba dessa do nada, sem um motivo.

    Não acompanho diretamente os bastidores do time pois não tenho acesso, nem sócio do clube sou. Mas leio tudo que sai do São Paulo e procuro filtrar cada notícia, ao que me parece e pelo que li o Aidar quer implantar algumas mudanças e estava barrando em Juvenal que tenta mandar no clube pelos bastidores, e sabendo disso Aidar se aproximou da oposição e está tentando minar Juvenal. Você ou outro que tem acesso e informação de bastidor me corrija se estiver errado.

      • Se o Aidar estiver se aproximando do Kallil e MAC, tendo em vista a votação e a quantidade expressiva de concelheiros deles, mais alguns que ele consiga puxar da ala do Juvenal não teria uma boa base pra presidir? Não seria uma boa?

  7. A divida eh muito maior, segue publicação que fiz em março antes das eleições;

    A VERDADE APARECEU E AGORA O JUVENAL JUVÊNCIO SE FAZ DE VITIMA!!!!!
    COMO OPOSIÇÃO EU SABIA QUE A SITUAÇÃO ERA ESSA, POR ISSO NÃO ASSINAMOS O CHEQUE EM BRANCO PARA A COBERTURA DO ESTÁDIO.
    Nos analisamos o Balanço antes da eleição e publiquei nas redes sociais que o quadro era negro, e infelizmente ninguém acreditou, acharam que como era candidato da oposição estaria gerando publicidade eleitoreira.
    Temos colocado ao presidente nas reuniões do conselho, que agora o que importa eh o SPFC, vamos apoiar todas as medidas de corte nas despesas e aumento das receitas.
    Gostaria de reafirmar que embora preocupante, somos capazes, e vamos superar tudo isso.
    Por ultimo, essa herança não eh maldita, somente consequência de uma administração anterior populista e desastrosa do JJ,, recuperamos o estrago de 20 anos atrás, vamos recuperar novamente.
    VEJAM A ANALISE FEITA NO FINAL DE MARÇO;
    O BALANÇO DO SPFC NÃO REFLETE A REALIDADE.
    NÃO ACREDITE SIMPLESMENTE NO SUPERÁVIT DO BALANÇO DO SPFC.
    NOSSA DIVIDA PODERÁ CHEGAR EM 2014 A R$ 277.000.000,00.
    NOSSA COTA DE TV DIMINUIU R$ 40.000.000,00 ESTE ANO.
    SE NÃO VENDERMOS JOGADORES NOSSO ROMBO NESTE ANO SERÁ DE R$ 90.000.000,00.
    Analisando o balanço encerrado em 31/12/2013, observamos que, Ceteris Paribus, o São Paulo F.C., necessitara vender jogadores,(NÃO TEMOS UM LUCAS TODO ANO) para pagar suas despesas.
    Arrecadamos no profissional, R$ 306.000.000,00, sendo que R$ 148.000.000,00 refere-se a venda de jogadores, consequentemente temos receitas operacionais de R$ 158.000.000,00.
    As despesas com o profissional somam R$ 248.000.000,00.
    Conclusão;
    Teremos – R$ 90.000.000,00 ano de projeção de déficit caso não haja venda de jogadores.
    O superávit de R$ 23.000.000,00 no balanço foi em função da venda de jogadores, esclarecendo, se o Lucas e outros, não tivessem sido vendidos teríamos um déficit de R$ 125.000.000,00.
    Precisamos urgentemente aumentar nossa receita ou diminuir as despesas, pois neste caminho o endividamento crescera geometricamente.
    SOU CANDIDATO AO CONSELHO DO SPFC
    VOTE VERMELHO – OPOSIÇÃO
    VOTE POR UMA ADMINISTRAÇÃO RESPONSÁVEL
    029 – CHAPÉU – NEWTON LUIZ FERREIRA

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