Rodrigo Caio não vê lesão como fase mais difícil e avisa: “Voltarei forte”

Qual é a pior situação? Garoto de 15 anos, sem vinculo profissional, recebendo apenas ajuda de custo, sofre ruptura da rótula ou jogador de 21 anos, em alta, titular da seleção olímpica e cotado para jogar na Europa, sofre rompimento dos ligamentos cruzados? Rodrigo Caio, jogador do São Paulo, não tem dúvidas. Ele passou pelas duas situações – ainda passa pela segunda – e explica que as incertezas de um garoto são muito maiores que as de um adulto.

“Eu não era nada. Um menino de 15 anos que havia assinado um pré-contrato para dali a seis meses. Imagina os médicos dizendo que não havia previsão de retorno? Foi um lance normal, fui dar o bote no atacante e o joelho dele bateu no meu. Pensei todos os dias que minha carreira, que nem havia começado ainda, estava terminada.

Foi em 2008. Rodrigo Caio estava no São Paulo desde 2005, vindo de Dracena, após uma série de testes. Já era bem cotado, considerado uma das futuras joias do clube. Jogava na categoria acima de sua idade, onde brilhavam Lucas e Casemiro.

“Eu chorava toda noite. Meus pais vieram de Dracena e foram morar em Cotia, comigo. Mudei de quarto para ficar a dez metros apenas do Reffis. O banheiro foi adaptado, sem box, para que eu não caísse. Fiquei um mês e meio de muletas, sem poder andar”, conta Rodrigo, novamente com muletas, após a contusão que teve no jogo contra o Criciúma, dia 2 de agosto.

No primeiro processo de recuperação, o professor Bebeto de Oliveira, que era gerente de Cotia, foi fundamental para que o ânimo de Rodrigo Caio não caísse além do que já estava. “Ele me tirava do quarto, colocava no carro dele e me levava para ver os jogos aqui em Cotia. Quando terminava, me trazia de volta. Vi todos. O pessoal comemorava comigo, sofria comigo, era como se eu ainda estivesse no time”.

Na época, Rodrigo Caio estava deixando de ser Russo, o nome com que chegou de Dracena. Pesava 65 quilos e, apesar da magreza, não afinava. “Dizem que sou um jogador técnico e é verdade, não gosto de rifar a bola. Um zagueiro ou um volante precisam ter o passe bom, mas nunca fugi de uma dividida. Sempre foi assim.”

Continua sendo agora, com 72 quilos. O sofrimento anterior serviu como base para o momento atual. “Se eu passei por tudo quando tinha 15 anos, com incertezas, como vou desistir agora?  Cara, eu vou voltar mais forte. Não tenho pressa, vou cuidar direito das minhas pernas para ficarem boas e fortes. Dependo delas. Não sei se volto em fevereiro, março ou abril. Vou voltar muito bem”.

Novamente, a mãe e o pai o ajudaram na recuperação. A namorada também passa alguns dias com ele, não todos, porque estuda em Dracena. E um telefonema o ajudou muito. “Quando o Gallo, meu técnico na seleção ligou, fiquei muito feliz. É bom saber que há pessoas boas do nosso lado. Ele disse para eu ter calma e me recuperar bem”.

Rodrigo Caio é o homem de Gallo. Capitão da seleção olímpica, foi eleito o melhor jogador do torneio de Toulon, este ano. Terá tempo para se recuperar e participar da Olimpíada do Rio.

Para isso, o trabalho é duro. Faz fisioterapia diariamente, das 9 as 11h30 e das 14 as 14h30. É um aparelho chamado COM (movimentação contínua passiva). Também faz ultrassom diariamente.

O caminho dos sonhos continua aberto. Não há mais incertezas. Rodrigo Caio não que rmudar nada. Nem o estilo, que muitas vezes é criticado por “excesso” de qualidade. Algumas vezes foi sair da defesa com a bola dominada e criou situações perigosas para o time. Gols sofridos, inclusive.

“Não dá para mudar. Tem gente que gosta e gente que odeia. Meu estilo é esse, não tenho medo de dividida e não tenho medo de sair jogando. O passe tem de ser bom lá de trás. É assim que eu vou continuar jogando”.

No São Paulo, jogará como zagueiro ou volante. Se um dia for para a Europa, espera por uma definição. “Se estiver lá, prefiro ser volante.”

 

Fonte: Uol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*