Presidente da FPF explica planos para que o Paulistão continue

Um dia depois de conversar com os presidentes dos 16 clubes da Série A1 do Campeonato Paulista e ouvir deles que a ideia é dar continuidade à competição, o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, detalhou em entrevista ao “Uol Esporte” os passos que já estão definidos. Ainda não há datas para que sejam realizadas as duas rodadas restantes da primeira fase e os mata-matas (jogo único nas quartas e na semifinal e final em ida e volta).

A Federação Paulista quer entregar até o fim de abril um protocolo médico com orientações de conduta para todos os envolvidos em jogos de futebol. Uma nova reunião com os clubes está agendada para o início de maio para que, com as medidas estipuladas pelos médicos em mãos, se defina de que maneira o torneio poderá seguir.

– O primeiro passo foi, até o fim de abril, criar um protocolo de saúde. Os médicos dos clubes vão participar desse projeto para que fique pronto até o fim do mês. Hoje a CBF está lançando um protocolo nacional. Por que nós estamos fazendo um protocolo para o futebol paulista? Óbvio que muitas coisas do protocolo nacional estarão no protocolo estadual, mas temos que levar em consideração que, para seis rodadas, não precisamos de viagens de avião, de aeroportos, de concentração em outros hotéis… É mais fácil, é mais simples, apesar de sabermos que vai ser diferente e que teremos dificuldade. Decidimos que até o fim do mês esse protocolo de saúde sai e programamos para o início de maio um novo encontro. Até 2 de maio a maioria dos clubes estará de férias coletivas – explicou.

– É impossível se falar em data hoje. Quem pode determinar, quem pode autorizar o retorno do futebol são as autoridades de saúde e os governos. Temos que aguardar, mas não podemos ficar de braços cruzados. Temos que nos preparar para essa volta, porque vai ser um futebol diferente na hora de cuidar da saúde dos envolvidos, não só os atletas. Vai ter que ter um novo protocolo, uma nova forma de se chegar e sair do estádio, de higiene, para que nenhum dos envolvidos corra risco de saúde. Esse primeiro diálogo foi para deixar claro que os clubes de São Paulo querem terminar a competição, os clubes decidiram por unanimidade – emendou o dirigente.

Antes da reunião de quarta-feira, especulou-se que o Campeonato Paulista poderia ser retomado a curto prazo, com um número reduzido de sedes e partidas com portões fechados. De antemão, porém, o Palmeiras emitiu nota avisando que não aceitaria voltar aos gramados sem que se garantisse segurança para a saúde de todos. Outros clubes seguiram pelo mesmo caminho e, por isso, não haverá definição antes da confecção do protocolo médico. Mas Bastos já descarta, por exemplo, a ideia de reunir equipes em um mesmo lugar:

– Concentrar é tudo que o vírus gostaria que acontecesse. Os especialistas têm dito que não devemos concentrar pessoas. A ideia é que cada um faça o seu protocolo em seu local. O Novorizontino, por exemplo, vai saber cuidar dos seus atletas em Novo Horizonte. As equipes de São Paulo vão cuidar nos seus CTs. Agora, a melhor forma são os médicos que vão dizer. A parte técnica vai se sujeitar ao que disserem os médicos, pensando na saúde de todos os envolvidos em partidas de futebol.

A Federação Paulista ainda vai ter conversas semelhantes com representantes dos clubes das outras divisões estaduais e, passado isto, vai pensar também em como realizar as competições de base.

Veja outros trechos da entrevista de Reinaldo Carneiro Bastos:

Retorno do futebol só em junho?
Não está dentro nem está fora (essa possibilidade). Vivemos momento de incerteza. Vamos respeitar as autoridades. Nós temos é que estar prontos, estar preparados, em contato com os árbitros, com os clubes, com reuniões constantes para voltar a trabalhar quando for possível.

Protocolo médico indicará medidas para treinos também?
O protocolo da Federação vai sugerir procedimentos. Como vai ter a participação efetiva dos médicos dos clubes, acho que vai abranger um todo (jogos e treinos). Mas eu não vi, não tenho conhecimento. Em breve isso estará pronto e divulgado.

E os árbitros?
Os árbitros seguirão o protocolo como se fossem uma equipe de futebol. Se for preciso fazer uma quarentena neles em um hotel, nós vamos fazer. O futebol não vai colocar em risco nenhuma vida humana.

Preocupação maior com clubes menores?
Hoje às 15h temos uma reunião com os clubes da Série A2. Amanhã às 15h temos uma reunião com os clubes da Série A3. É uma análise simplista que o clube menor tem uma dificuldade maior. Não é isso, a dificuldade está em toda a sociedade, em todos os clubes, em todos os tamanhos de empresa. Vamos viver um mundo diferente. Todos vão ter que dar as mãos, dialogar muito, mudar conceitos, abrir mão de algumas certezas e começar a estruturar um novo conceito de vida. E isso significa que vai ter menos dinheiro. Não só para o futebol, mas para todos.

Será possível fazer o Brasileiro com 38 rodadas?
Há uma estreita relação da Federação com a CBF. A prioridade é fazer todas as competições. Fazer o Brasileiro com 38 rodadas. Com bom senso, união e trabalho, fazer da melhor forma possível que todas as competições consigam ter sucesso. Vai ter sacrifício, vamos ter que abrir mão de algumas coisas, mas todos estão focados em entregar os estaduais e o Brasileiro como planejados.

 

Fonte: Lance

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