Na disputa do título, São Paulo tenta blindar time de guerra política

A situação é curiosa: ao mesmo tempo que joga como nunca nos últimos cinco anos, o São Paulo vive crise política que não viu sofrer durante a última década. Na última semana, foi dado início a uma guerra política entre o presidente Carlos Miguel Aidar e o ex-presidente e ex-aliado Juvenal Juvêncio que agora pode causar reforma na diretoria eleita há apenas cinco meses. No meio desse furacão, há, no CT da Barra Funda, quem tente blindar o elenco mesmo estando abaixo de Aidar.

A preocupação é pela semana difícil. Primeiro, o time joga contra o Curitiba sem Kaká, suspenso pelo terceiro amarelo. Depois, enfrenta o Corinthians, no Itaquerão, sem Alexandre Pato, impedido por cláusula prevista no contrato de empréstimo. O quarteto mágico, formado pela dupla e por Paulo Henrique Ganso e Alan Kardec venceu as sete partidas que jogou, e agora se prova frente a dois jogos sem um dos integrantes. A tentativa, no CT, entre quem vive puramente o dia a dia do time, é fazer com que os jogadores não se envolvam no que está acontecendo no ambiente da diretoria, no Morumbi.

A comissão técnica já alertou, sem grande ênfase, que a questão não deve chegar aos vestiários. A equipe venceu o Cruzeiro no fim de semana jogando bem, despontou como candidata ao título e ainda divide atenções com a Copa Sul-Americana. Enorme parte deste elenco foi contratada por Juvenal Juvêncio, que deixou a presidência em abril – Aidar trouxe Kaká, Alan Kardec e Michel Bastos. No último jogo do São Paulo sob a presidência de Juvenal, os jogadores prestaram homenagem e vestiram máscaras com o rosto do então presidente. Agora, a ideia é que haja pouco contato com os dirigentes.

O temor, também, é por prováveis dissidências na diretoria. Até semana passada diversos diretores poderiam, se quisessem, frequentar CT e vestiários do time. Agora, a atenção e o alerta são muito maiores. Isso porque a língua que se fala na diretoria não é mais a mesma – já há divisão entre aliados de Juvenal e Aliados de Aidar. Nesta segunda-feira, o vice-presidente direto, Roberto Natel, entregou o cargo e deixou o clube após Aidar destituir Juvenal da diretoria de futebol de base do São Paulo.

O empenho é de quem está no departamento de futebol no dia a dia e de funcionários do clube que trabalham no departamento, e não partiu de uma ordem do presidente. A ideia surgiu naturalmente, ao passar dos acontecimentos, com o consenso de que o time não poderia se envolver para não sentir os reflexos da crise.

Nesta segunda-feira, depois de ser sacado da diretoria, Juvenal Juvêncio concedeu entrevista ao UOL Esporte e afirmou que Aidar pretende demitir Muricy Ramalho no fim deste ano, assim como pretende tirar do futebol o gerente Gustavo Vieira de Oliveira e o coordenador técnico Milton Cruz. Juvenal disse que se arrepende e que se equivocou por ter apontado Aidar à sucessão e chamou o atual presidente de “traidor” e “maluco”. Aidar foi procurado pela reportagem e não atendeu às tentativas de contato.

 

Fonte: Uol

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