– Tenho uma relação de amor com este clube. São 13 anos de casa, estou aqui desde os oito anos de idade. De torcedor, passei a jogador. Então, se eu sair , não é um “tchau”, é “até logo”.
Essas foram as últimas palavras de Kaká como jogador do São Paulo, concedidas na véspera em que sua venda para o Milan (ITA) foi anunciada, dia 15 de agosto de 2003.
O “até logo” durou 11 anos. Neste domingo, a partir das 16h, no Serra Dourada, contra o Goiás, a promessa se cumpre. O menino “bonitinho” mudou, mas a postura mostrada na volta ao clube do coração atestam que o discurso de despedida não foi média.
Kaká chegou fazendo contas. O planejamento do meia é claro: se despedir no fim do ano pelo menos com a conquista do título do Brasileiro.
Assim que acertou o contrato com o São Paulo, conversou com profissionais do clube sobre a situação no campeonato, analisou a tabela e fez projeções para arrancar rumo ao caneco. Muricy Ramalho vibrou.
O meia esforçou-se para antecipar ao máximo sua estreia, mesmo contrariando o desejo do presidente Carlos Miguel Aidar. Pelo dirigente, a volta seria domingo que vem, no Morumbi. Mas o craque tomou a iniciativa, pediu e vai jogar.
A obsessão pelo título é fruto do profissionalismo que o acompanha, mas também da frustração de não tê-lo feito em sua passagem anterior.
Amigos relatam que, se as derrotas não foram os fatores principais da saída precoce para o Milan, marcaram nele uma história que precisa ser reescrita. Kaká chegou a ser apontado por parte da torcida como culpado em um fracasso coletivo.
No auge das cobranças pelas seguidas eliminações em disputa de título, algumas para o Corinthians, torcedores organizados jogaram pipoca no CT, o xingaram e pediram sua cabeça. Situação desagradável.
Neste domingo, o cenário começa diferente. Kaká ganhou tudo depois que saiu do São Paulo, inclusive respeito das organizadas. Em sua apresentação, por duas vezes ele destacou a presença dos membros. A retribuição virá. Músicas foram criadas.
– Estamos fechados com o Kaká. Temos um reconhecimento por ele e queremos dizer que estamos juntos – afirmou Henrique Gomes, 29 anos, vice-presidente da Torcida Independente, a maior do São Paulo.
Mas tudo será em vão se o título não vier, o torcedor avisa.
– Será diferente, mas se ganhar.
A partir de deste domingo, saberemos se a relação será mesmo de amor ou se terá a turbulência do passado. Kaká quer porque quer vencer. O Goiás então que se cuide! Ele voltou!
Fonte: Lance