Denilson renasce no São Paulo, vira titular e agradece esposa: “Sosseguei”

Denilson passou um semestre quase esquecido no São Paulo. Jogar até mesmo aqueles minutos finais de uma partida decidida virou artigo de luxo. Mas para que Ganso, Kaká, Pato e Alan Kardec brilhem na frente, o técnico Muricy Ramalho precisou de alguém que fizesse o serviço mais pesado na defesa. E foi assim, na contramão do poderoso ataque, que o volante reconquistou o lugar no momento em que o Tricolor sobe na tabela e volta a sonhar com o título do Brasileirão.

– Estou vivendo um momento mágico – afirmou.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Denilson abriu o jogo e apontou a mudança de comportamento como decisiva para resgatar a carreira. Trocou a agitação noturna da capital paulista pela vida de homem sério, casado e com responsabilidades. No fim do ano passado, trocou alianças com Luiza e espera para fevereiro de 2015 a chegada do herdeiro João.

– Acho que meu profissionalismo é outro. Casei, sosseguei e vou ser pai no ano que vem. Minha mentalidade é outra – admitiu.

Utilizado apenas duas vezes até maio, Denilson comprova com números o bom momento. O São Paulo ainda não perdeu desde que ele voltou a ser titular, no início de agosto: são três vitórias e apenas um empate, rendimento que fez o Tricolor entrar novamente no G-4 do Campeonato Brasileiro. Resta agora tirar os sete pontos de desvantagem para o líder Cruzeiro.

– Vamos brigar até o final, não podemos desistir. Temos um dos melhores elencos do país. Respeitamos as equipes que virão pela frente, mas sabemos que temos condições de ganhar.

Confira a entrevista exclusiva de Denilson:

GloboEsporte.com: O São Paulo estava oscilando muito na temporada, mas agora conseguiu três vitórias seguidas. O time engrenou de vez?
Denilson: Acredito que sim. Essas vitórias consecutivas nos dão um estímulo. Sabemos as dificuldades que vamos enfrentar, no Brasileiro não tem jogo fácil. São os jogadores que fazem ficar fácil ou difícil. Se entrarmos com o pensamento que entramos contra o Inter, tenho certeza de que vamos buscar esse título nacional.

Que pensamento é esse?
É o pensamento de querer mais a cada jogo. O Kaká voltou agora para o Brasil, mas é como se estivesse no grupo há muito tempo. A simpatia dele, a humildade de ajudar a marcar. Hoje, o meia não só faz gols ou dá passes. Esse jogo contra o Inter foi extraordinário porque todos voltaram (para marcar), ajudaram, deram passes. Esse é nosso pensamento.

Isso não acontecia antes? O que faltava?
Eu não sei dizer, mas cada jogador quer ajudar da melhor maneira. Muitas vezes, nem todos têm condição de marcar ou pelo menos voltar atrás da linha da bola para ajudar taticamente. São coisas que fizemos contra Palmeiras e Inter. Por isso, conseguimos os resultados. Temos de dar sequência com humildade. Sabemos que contra o Santos também vai ser difícil. Com todo mundo se ajudando, vamos conseguir.

São sete pontos de diferença para o Cruzeiro. Ainda dá tempo de sonhar com o título?
Vamos brigar até o final, não podemos desistir. Temos um dos melhores elencos do país. Respeitamos as equipes que virão pela frente, mas sabemos que temos condições de ganhar.

Essa reação coincide com a sua entrada no time. Você quase não foi usado no primeiro semestre e estava na reserva agora. Voltar a ser titular nessa hora surpreendeu?
Não, porque sempre trabalhei para isso. Joguei muito pouco no primeiro semestre. Foi muito difícil. Muitas vezes o desânimo vinha por não ser utilizado. Você trabalha e nada dá certo. Quando ficava assim, tentava colocar força de vontade, chegava aqui cedo, trabalhava mais no campo, cuidava do meu corpo. Quando apareceu a oportunidade, consegui dar uma sequência.

Você parou para pensar no que estava fazendo de errado?
Acho que todo jogador e todo ser humano precisam analisar o que faz certo e errado. Eu sou muito autocrítico. Vi que as coisas não estavam dando certo, parei e refleti. Era muito sofrido, vinha para treinar, não ia para o jogo, às vezes me machucava. Você vai ficando triste. Mas faz parte da vida, não pode desistir, tem de lutar até o final. Sempre acreditei na minha capacidade.

E o que mudou?
Acho que meu profissionalismo é outro. Casei, sosseguei e vou ser pai no ano que vem. Minha mentalidade é outra. Hoje, procuro focar muito na alimentação, no descanso, vir aqui (CT da Barra Funda) mais cedo. Se estou com alguma deficiência vou trabalhar mais aquilo. Nesse quesito eu estou bem diferente do Denilson do ano passado.

Muitas pessoas do clube diziam que você estava exagerando nas noitadas e, por isso, caiu tanto de rendimento…
Não, cara. Vou te falar, é coisa do passado, procuro até esquecer essas coisas, porque me afetaram um pouco. Hoje minha vida é outra.

Mas isso realmente aconteceu?
Aconteceu, mas é passado.

Você vai ser pai de um menino em fevereiro. Isso também colaborou para mudar sua mentalidade?
Isso me ajudou muito, você começa a pensar muitas coisas. Minha filha (de cinco anos) não conviveu comigo. Eu estava no Arsenal quando a mãe dela engravidou. Agora estou casado, é diferente. Você sente que tem uma família. Hoje, eu trabalho por mim e pela minha família.

Casar também ajudou?
Muito, muito, muito… para sossegar um pouco, fazer suas coisas no momento certo. Para tudo tem seu momento. Somos seres humanos, mas não (sair) na loucura. Nunca gostei de balada. Sempre gostei de ir para restaurantes com meus amigos. Foi bom. Aproveitei. Agora, estou aproveitando bem mais casado do que solteiro. Quando você está solteiro acaba aproveitando de forma errada. Quando está casado é outra situação, tem um compromisso, quer curtir entre famílias. Estou vivendo um momento mágico. Depois que eu casei minha vida mudou muito. Para melhor, sem dúvida alguma.

Você voltou a ser titular e está sendo bastante elogiado. Mas, há menos de um mês, disse que tinha uma proposta do Benfica. O presidente Carlos Miguel Aidar negou. O que aconteceu?
Então, eu falei, e o presidente desmentiu. Eu não quero tocar nesse assunto, é coisa do passado. Eu voltei a jogar e estou focado no São Paulo. Chego aqui 7h30, tomo meu café, descanso, faço meu trabalho antes do treino. Estou me dedicando ao São Paulo. Eu queria reconquistar meu espaço e quero continuar. Ganhei uma Sul-Americana em 2012, mas quero mais títulos esse ano.

Nota da redação:O São Paulo foi, sim, procurado por representantes do Benfica, mas não aceitou fazer o negócio. O clube português queria levar o jogador gratuitamente, o que acabou sendo recusado.

fonte: Globo esporte

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