13 dias de Aidar no São Paulo: nova diretoria, desafeto e “cartão de visitas”

Em 13 dias na presidência do São Paulo, Carlos Miguel Aidar já mostrou a que veio. Contratou um jogador de destaque, nomeou sua nova diretoria com diversas mudanças, foi reprimido por brincadeiras de gosto duvidoso e, agora, arrumou o primeiro desafeto: Paulo Nobre, presidente do Palmeiras.

O estilo de comandar tem causado certo espanto até mesmo dentro do Morumbi. Ninguém chega a criticar o presidente, que volta a ocupar o cargo 30 anos depois de sua primeira eleição, mas há um receio pela mudança brusca de comportamento após os oito anos de Juvenal Juvêncio no poder.

Questionado por um repórter se a contratação de Alan Kardec havia sido um cartão de visitas de sua gestão, Aidar gostou.

– Não havia pensado nisso, mas é legal. Poder anunciar uma contratação dessas é o cartão de visitas da gestão, mas garanto aos senhores que outras serão anunciadas – disse, em entrevista coletiva.

Os membros da antiga diretoria do clube pensavam que Aidar usaria todo tempo que tinha direito (um mês) para nomear os novos responsáveis pelos cargos. Ou então, chegaram a dizer que dificilmente haveria mudanças drásticas agora, em meio ao Campeonato Brasileiro. Isso ficaria para o fim do ano. Ledo engano. Num ato rápido, o presidente designou todos os seus braços-direitos.

A diferença é que, ao contrário da administração centralizadora de Juvenal, agora há a perspectiva de que esses diretores ganhem importância e, consequentemente, sejam mais cobrados. A partir desta semana, Aidar convocará reuniões setorizadas com esses homens.

A coletiva convocada para responder a Paulo Nobre escancarou outras duas facetas do dirigente: duro nas críticas, que tiveram termos como “patética”, “juvenil” e “choro é livre”, mas extremamente ácido em seu humor. Não à toa, disse que as bananas que levou para demonstrar apoio a Daniel Alves (ao menos foi a explicação oficial) estavam verdes, cor do Palmeiras. Pouco depois, disse que contratar Wesley e Fernando Prass, ambos do rival, não era uma má ideia, embora não houvesse nenhum interesse.

As brincadeiras de Aidar já custaram puxões de orelha até dentro de casa. Sua mulher o reprimiu depois da polêmica frase sobre Kaká, que estaria na mira por ter a cara do São Paulo: ou seja, ter todos os dentes na boca, ser bonito e alfabetizado. As reações ensinaram a primeira lição ao presidente: o mundo está politicamente correto demais. Essa foi sua impressão em relação aos anos 80, quando foi presidente do Tricolor. Ele não fará mais brincadeiras desse tipo. Ou, ao menos, não pretende fazer.

Investir 4,5 milhões de euros à vista em Alan Kardec também acendeu o alerta no departamento financeiro, acostumado à rigidez com que Juvenal Juvêncio lidava com o dinheiro. Aidar anunciou que quer cortar despesas e gerar novas receitas. Um dos setores que serão mais cobrados é o marketing, agora sob a direção de Ruy Maurício Tranquili Barbosa.

– Nosso marketing terá de ser muito ativo, a vinda do Alan Kardec vai ter de nos proporcionar muita coisa.

Esse impacto já era planejado por Carlos Miguel Aidar, que pretende ver no São Paulo um comportamento muito mais semelhante ao de uma empresa que busca resultados incessantemente. E os rivais, que reclamavam de Juvenal Juvêncio, agora sentem falta. Dizem que ele, pelo menos, era engraçado.

 

Fonte: Globo Esporte

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